Para não esquecer...

ILUSTRAÇÕES... DE UM OUTRO SENTIR * 37

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NOTURNO 
Espírito que passas, quando o vento
Adormece no mar e surge a Lua,
Filho esquivo da noite que flutua,
Tu só entendes bem o meu tormento...
 
Como um canto longínquo - triste e lento-
Que voga e subtilmente se insinua,
Sobre o meu coração que tumultua,
Tu vestes pouco a pouco o esquecimento...
 
A ti confio o sonho em que me leva
Um instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando, entre visões, o eterno Bem.
 
E tu entendes o meu mal sem nome,
A febre de Ideal, que me consome,
Tu só, Génio da Noite, e mais ninguém!
 
[Antero de Quental, in Sonetos]

foto, de ai.valhamedeus; escolha do poema, de Ana Paula Menezes.

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