Para não esquecer...

POIS!... [estórias exemplares]

2. No barbeiro

Na cadeira ao lado a conversa resvalou para Albufeira, e o Vitaldo disse: “Eu namorei uma gaja em Albufeira”. E continuou, após breve pausa de expectativa: “Ia de motorizada ao fim de semana”. Outra pausa, e pegou numa escova. “Mas a melhor, sabes tu qual foi?”. O que cortava o cabelo não sabia, a pergunta era retórica. “Então não queres tu saber”, continuou o barbeiro, “que antes de ir prá tropa fui-me a despedir dela e disse-lhe: olha, filha, eu vou-te deixar porque tenho outra… E não é que ela…” – e suspendeu a narração e a operação, recuou um passo, mirou o outro pelo espelho e soltou uma carcachada, duas, outra mais, e lá se decidiu: “… pois e não é que ela se queria …” – torceu-se, carcachou de novo – “… se queria atirar do primeiro andar abaixo!”.

“Queria-se atirar do primeiro andar abaixo!?”, ecoou o da cadeira, e ele e o segundo barbeiro e os três fregueses que esperavam vez ecoaram, desafinados mas em coro, as carcachadas. “Queria-se atirar do primeiro andar…”, ria o da cadeira. “Então queria-se atirar do primeiro andar…”, bisou um dos que aguardavam. O Vitaldo, ovante, também bisou: “Pois é verdade, queria-se atirar do primeiro andar abaixo…”. Todos riam, riam, e riram com gosto por um bom bocado.

escrito por e.o.santíssimosacramento

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Anónimo disse...

COITADOS!!EU TAMBEM SOU UM PRETO, E JA TIVE NESSAS CONDICOES...DE VEZ EM QUANDO, PENSO ASSIM..PORQUE ISTO ACONTECE SERA POR SERMOS ESTUPIDOS?...GOSTAVA QUE ME RESPONDESEM
DANI_53_54@HOTMAIL.COM