Para não esquecer...

HUME, CAUSALIDADE, HAYDN E HUMOR MUSICAL


O 40° episódio do podcast Clássica Mente faz associações aparentemente estranhas: o filósofo Hume, a sua teoria da causalidade, o compositor Haydn e... galinhas

É verdade! Tudo em torno do humor musical. Por isso lhes acrescenta boa música. Com a colaboração do Professor universitário Desidério Murcho, está aqui

escrito por ai.valhamedeus

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ENTRE CRAVOS E CARDOS


Thomas Fischer
Entre cravos e cardos : Portugal aos olhos de um estrangeiro que
se tornou português
Coimbra : Edições 70, 2024, 385 pp.

Gosto muito de ler sobre Portugal pelos olhos de um estrangeiro. Thomas Fischer quase não é um estrangeiro, até já é português. Aqueles pequenos pormenores que nos escapam não escapam ao olhar atento e surpreendido de Fischer. As nossas idiossincrasias são vistas por uns olhos atentos e observadores.

Fischer foi atraído pela revolução dos cravos, uma réstia de esperança para a juventude mais militante da Europa, na altura. Por aqui foi ficando, jornalista freelancer, isso permitiu-lhe acesso a fontes e a locais privilegiados.
 
Já vi comentários menos abonatórios em relação a este relato. Mas eu gostei, acho que é fiel, trata das nossas características de forma honesta e não esconde o que gosta do nosso país. Claro que há coisas que o surpreenderam. Por exemplo, num almoço de negócios, só se falar do assunto à sobremesa. É verdade. E muitas coisas mais. Abstenho-me de falar mais para não tirar o apetito de ler o livro. Despache-se.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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CARTAS PARA A MINHA AVÓ

 Djamila Ribeiro
Cartas para a minha avó
Alfragide : Caminho, 2024, 213 pp.

Fui ao engano. Não me tinha apercebido de que a autora não era a
Djaimilia Pereira de Almeida. Foi um bom engano.

Djamila, negra e mulher, a pretexto de escrever à avó, já falecida,
conta a sua vida. Negra, filha de negros, a viver num país com
grande percentagem de pessoas negras, eu fiquei surpreendido
com a discriminação a que estas pessoas estão sujeitas.
Duplamente, por ser negra e ser mulher. Aflitivo, incómodo, duro.

Uma infância, relativamente pobre, boa aluna, acaba por se
licenciar e doutorar e hoje ser uma voz audível no Brasil e não só.
Acho que pessoas, como eu, que falam ser antirracistas, deveriam
calar-se, pois só quem sente na pele a discriminação tem
autoridade para falar o que é sofrê-la. Já conhecia da Grada
Kilomba a discriminação, mas a Djamila veio reforçar essa ideia.

Um livro/memórias a não perder.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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MESSIEURS, ENCORE UN EFFORT...

 Elisabeth Badinter
Messieurs, encore un effort…
Flammarion Plon, 2024, 88 pp.

Ainda e sempre um dos problemas de momento. O envelhecimento da população, a fraca natalidade nos países industrializados, a questão da dificuldade de ser mãe, hoje.

O capítulo que mais me interessava, a autora passa um pouco por cima. Havendo, de início, uma aceitação dos imigrantes, provenientes de países em conflitos ou imigrantes económicos, tem havido uma restrição à imigração ilegal nos países ocidentais. Sendo que a queda de natalidade e a escassez de mão de obra têm sido encaradas, pelos economistas, como a solução a seguir. Contudo é inegável que haverá choques culturais que a autora não aborda. Mas eles existem.
Nos países asiáticos o recurso à robotização e à IA tem sido a solução que preconizam.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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ELEIÇÕES EUROPEIAS: QUE FUTURO?

Nestas eleições não ouvi (apesar de eu não ver televisão) qualquer discussão ou ideia que ponha em causa a União Europeia, o euro ou, pelo menos, alterações estruturais. Fiquei com a ideia de que vivemos no melhor dos mundos. 

Lembro-me que o CDS era contra a União Europeia e que havia economista pela saída de Portugal do Euro (Ferreira do Amaral, v.g.). Agora, nem um bafo de crítica ou oposição. A ideia é efetuar umas alteraçõezitas para isto correr melhor.

Quem diria que o eixo Berlim/Paris abafaria a gritaria desta forma?! A minha esperança continua a estar em França, onde o pessoal detesta reformas e adora revoluções.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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curtas 47. CHEGA

No café do António do Cinema, entra um esbaforido Chega. 

-- Isto está bonito, está. Fui ao Minipreço e... quem estava na casa de banho dos deficientes? Um nepalês, ao telefone, a rir! Onde isto vai parar?! 

-- De facto, não fica bem ele usar a tua casa de banho… 

escrito por Carlos M. E. Lopes

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MANIAC

 Benjamín Labatut
Maniac
Lisboa: Relógio D´Água, 2024, 325 pp.

Um mundo que nunca nos é mostrado. O mundo dos matemáticos, físicos, jogadores, génios que estão sempre na sombra.

Este livro prende-nos do princípio ao fim. A bomba de Hiroxima e Nagasaki. As manias, as loucuras, a genialidade destes homens quase anónimos. Por aqui deambula Einstein mas, sobretudo, John von Neumann e as bases da computação. Livro fascinante.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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A DEMOCRACIA E O CHEGA

Acho que não haverá muitas dúvidas quanto à natureza neofascista do partido Chega. Tem todas as características comuns aos partidos da direita radical, por essa europa fora. Identificar minorias, rejeitar os imigrantes, a teoria da substituição, a defesa da moral e anti-corrupção. Quem tenha lido um pouco da implantação do nazismo, na Alemanha, encontra semelhanças gritantes.
Defendo há muito que os regimes autoritários e de extrema direita, conforme desapareceram, poderiam reaparecer, desde que haja as condições para eles aparecerem. Ei-los.

A questão que se tem discutido ultimamente é se o Chega, face à nossa Constituição, deveria ter sido impedido de se formar. Diga-se que a Constituição fala de ideologista fascista, mas, em lado algum, se define o que isso seja.

A minha opinião sobre as barbaridades que, à vezes, se ouvem da boca do porta voz do Chega - um incontinente verbal mentiroso - é: deixá-lo falar! As ideias combatem-se com ideias e não com repressão, proibições ou criminalizações.

A implantação de um regime autoritário da direita radical (para usar um termo utilizado por Vicente Valentim), se calhar, é inevitável. E não é com repressão que se evita tal coisa. Sempre achei ridícula a palavra de ordem “fascismo nunca mais”. Não que não gostasse que isso se verificasse, mas porque não depende de nós, mas dos ventos da história. E os ventos da história, ainda ninguém os dominou.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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