Para não esquecer...

A HISTORIETA DA IMACULADA CONCEIÇÃO


8 de dezembro é o dia da Imaculada Conceição. O dia da teoria de que a Virgem Maria (a tal que foi mãe mas continuou virgem) foi concebida sem marca do pecado original -- quele pecado que todos nós herdámos de dois seres com quem não temos nada que ver: Adão e Eva.

Porquê 8 de dezembro? Porque, no século XII, uns obstetras (perdão!, uns canónicos) fizeram uns cálculos e concluíram que no dia 8 de dezembro no ventre de Santa Ana se produziu a conceção de Maria. 

Como é sabido, todos estes segredos são soprados aos ouvidos pontifícios e cardinalícios por uma pomba que dá pelo nome de Espírito Santo. Mas neste caso a pomba falhou em dois pontos:

  1. manteve o segredo em segredo durante muito tempo. Passaram bué de séculos até a pomba decidir revelá-lo.
  2. A segunda falha (ou terá sido brincadeira para se divertir?) foi esta: andou a soprar versões diferentes do segredo. A uns disse que sim; a outros, que não.

Por exemplo, a Tomás de Aquino, que além do mais é santo, soprou que não, que o único concebido sem pecado foi Jesus Cristo. Passou pelos conventos dos dominicanos soprando-lhes o mesmo aos ouvidos.

Nos conventos franciscanos, carmelitas e agostinhos, soprou que sim -- que mancha de pecado, nem vê-la.

A guerra ganhou tais proporções dentro da ICAR (afinal, ambas as versões tiveram origem na pomba, que sabe tudo) que foi preciso o Comité Central do Vaticano impor a teoria do sim como dogma.

Imposta por Pio IX, um papa que passou o longo reinado a espalhar condenações, beatificado por outro papa também pouco recomendável e também ele no rol do santos: João Paulo II.

Às vezes, o Céu distrai-se; outras, parece que os sócios gerentes gostam de brincar.

escrito por ai.valhamedeus

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TEMA E VARIAÇÕES

O tema do episódio nº 43 do podcast Clássica Mente é Tema e variações. Pode ser ouvido aqui: https://omeubau.net/tema-e-variacoes/.


Tema com variações é uma das formas musicais mais antigas e mais favoritas dos compositores até aos dias de hoje. E das mais divertidas.

Neste episódio, estão em palco Mozart, Schubert, Lutosławski, Paganini, Rachmaninov, Rzewski, Haydn… e canções populares como Ah vous dirai-je, Maman (Quand trois poules...) ou O povo Unido Jamais será vencido. E poemas de Alexandre O’Neill e Manuel Alegre.

Boa audição! Boa música!

 escrito por ai.valhamedeus

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PORQUE HOJE É DOMINGO... * 10


escrito por ai.valhamedeus

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PORQUE HOJE É DOMINGO... * 9

O Professor Frederico Lourenço, excelente e rigoroso estudioso das línguas clássicas e dos textos bíblicos, publicou hoje no Facebook um texto, cuja leitura aconselho, sobre a SEPTUAGINTA.
O texto de Frederico Lourenço esclarece o conceito; apesar disso, para uma visão genérica do que seja a Septuaginta (nb: o referido texto vai muito para além do esclarecimento deste conceito), dois parágrafos:
  • A Septuaginta é uma tradução grega da Bíblia Hebraica (o que os cristãos chamam de Antigo Testamento) feita entre os séculos III e I a.C. em Alexandria, no Egito. O nome “Septuaginta” vem do latim e significa “setenta”, em referência à lenda de que a tradução foi feita por 70 ou 72 estudiosos judeus.
  • A Septuaginta é especialmente significativa porque foi a versão das Escrituras usada por muitos judeus da diáspora que já não falavam hebraico, e mais tarde, foi amplamente adotada pelos primeiros cristãos. Além disso, algumas diferenças entre a Septuaginta e o texto hebraico massorético, que é a base das Bíblias hebraicas atuais, têm relevância para os estudos bíblicos e teológicos.
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ZOOM [109] - livre-arbítrio

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A ALEXA DA AMAZON

A Alexa (a da Amazon) é uma moça inteligente, até nas respostas a perguntas mais "matreiras". 

Mas às vezes falha. Por exemplo, nem sempre distingue as afirmações das perguntas. Há pouco, fiz uma pergunta e ela entendeu-a como afirmação.

— Alexa, tu és boa?
— Você diz isso p'ra todas, n’é?!

escrito por ai.valhamedeus

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PORQUE HOJE É DOMINGO... * 8

Reuniram-se, hoje e no santuário de Fátima, milhares de motociclistas para mais uma Bênção dos Capacetes.

À parte a atração do ritual, à parte os atos de solidariedade e de comunhão interpessoal,... estiveram lá motoqueiros (ouviram-se alguns, mas supõe-se serem muitos os) convictos de que um capacete abençoado protege mais do que um capacete por abençoar.

Crença na proteção da Virgem Mãe de Fátima. Crença não só não confirmada como desmentida pelos factos. Não faltam aí provas de que a Virgem da Azinheira se descuida com frequência dos seus deveres de proteção dos seus devotos crentes.

[imagem retirada desta notícia]

Querem que recorde acidentes (alguns com assinalável número de mortes) de peregrinos na ida ou no regresso do Santuário (o tal  Santuário do triste espetáculo das Velas a Arder)? Querem que recorde algum (há muitos) -- ou a vossa memória dispensa-me esse trabalho?

escrito por ai.valhamedeus

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POPPER MORREU HÁ 30 ANOS

... a 17/09/1994.


Mais informações sobre um dos grandes nomes da cultura do nosso tempo, aqui: https://omeubau.net/popper-karl/

escrito por ai.valhamedeus

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OS TRUMPS DESTE MUNDO


O que me impressiona no fenómeno Trump, não é Trump: estou convencido de que ele sabe muito bem o que diz e faz (por que o diz e faz).

O que me impressiona é milhões de pessoas repetirem o que ele diz, sem contrastarem as suas afirmações com a realidade ou afirmações de outras pessoas -- sobretudo quando fazer isso é muito fácil.

E quem diz Trump diz... (acrescentem aí um nome qualquer desses muitos e muito conhecidos e equivalentes, neste aspeto, a Trump -- incluindo nomes deste cantinho lusitano, de políticos, dirigentes religiosos, comentadores e fazedores de opinião...)

escrito por ai.valhamedeus

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REENCONTROS

Andámos no Liceu de Faro juntos. Éramos da mesma turma. Tentámos lançar um
jornal no Liceu. Havia um jornal, A CENTELHA, que o professor Calçada (o
melhor professor que tive) queria substituir por OSSÓNOBA. Na sugestão de
nomes surgiram nomes muito originais como cágado (abstenho-me de dizer o
nome do sugerente...). Do grupo faziam parte esse meu colega, o Passarinho, o Zé
Cabecinha, eu, entre outros. Eu inscrevi-me na crítica de cinema na mira de umas
entradas de borla... o que não veio a acontecer... para bem da crítica de cinema.
Estou a falar de 1971?

Viemo-nos a reencontrar nos anos 90. Ambos juristas, ele um magistrado de
prestígio, eu um advogado de província e provinciano. Há anos que não
estávamos juntos. Ele numa instância jurídica europeia, eu às voltas do direito
mais comezinho.

Jantámos na terça-feira. Claro, centrámos as recordações nos anos de brasa do
PREC (o período mais louco e fascinante da nossa história, pelo menos a recente),
das RGAs, do Barroso, João Isidro Arnaldo Matos, etc. Ele do PCP eu do MRPP.

Lembrámo-nos de todos os pormenores, episódios, histórias. Lembrámos a
maçonaria, os anarquistas. Os livros que lemos. A vantagem de sermos velhos é
recordarmos, com nitidez, factos ocorridos há cinquenta anos.

O jantar foi na minha casa. Às tantas, notei que as mãos lhe tremiam -- "parkinson",
disse ele. Achei-o velho e cansado. Foi umas cinco vezes à casa de banho. Pensei
"ainda não estou assim", sem consciência da falta desta. Desde março ando com
uma ferida no pé (pé diabético, dizem os médicos), um tumor nos intestinos, etc e
tal.

Ele deve ter um ano menos. Achei-o alquebrado. Por falta de espelho, achei-me
melhor que ele.

Despedimo-nos combinando não nos perdermos de vista.

A vantagem da velhice é podermos recordar a juventude como um filme que
acabamos de ver. A desvantagem é que não me lembro o que jantámos.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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