Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente repirar
no seu seio os nomes das coisa que alí estão a
crescer: o linho e a genciana; a ervilhas-de-cheiro
e as campainha azuis; a menta perfumada para
a infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir o muro: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.
[PEDREIRA, Maria do Rosário, Poesia Reunida, Quetzal, Lisboa, 2012, pág. 155]
escrito por Carlos M. E. Lopes
hoje é sábado 231. POUSA A TUA MÃO
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