Passei o rio que tornou atrás,[Nicolau Tolentino]
Se acaso é certo o que Camões nos diz,
Em cuja ponte um bando de aguazis
Registam tudo quanto a gente traz.
Segue-se um largo, em frente dele jaz
Longa fileira de baiucas vis;
Cigarro aceso, fumo no nariz,
É como a companhia ali se faz.
A cidade por dentro é fraca rês,
As moças põem mantilhas e andam sós.
Têm boa cara, mas não Têm bons pés.
Isto, coifas de prata e de retrós,
E a cada canto um sórdido marquês,
Foi tudo quanto vi em Badajoz.
[Andrade, Eugénio de, Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa, Campo das Letras, Porto, 1999, 1ª edição, pág. 189]
escrito por Carlos M. E. Lopes
0 comentário(s). Ler/reagir:
Enviar um comentário