Para não esquecer...

MEMÓRIAS SOLTAS * XII. Ida à Praia de Monte Gordo

Partida de Santo Estêvão com destino à Praia de Monte Gordo. Três putos: o António Afonso, o Idalécio Patusca e eu. Já não me lembro do ano. Caminhamos até Tavira, às tantas estávamos na ponte do Almargem, à boleia. O António ia estendendo o dedo. A GNR tinha, há pouco, substituído a PVT na vigilância nas estradas.

De súbito, à curva, surge um automóvel. O António pede boleia. O carro para. De dentro sai um garboso soldado da GNR. “Que fazem aqui, rapazes?” disse o guarda com ar de autoridade. O António lá lhe deu as explicações. “Somos de Santo Estêvão e queremos ir à praia de Monte Gordo”. “Ai sim?!” diz o guarda com ar de gozo. Fez mais algumas perguntas, à polícia. O António, o mais atrevido, já chateado com as perguntas, vira-se para a autoridade e diz, resoluto “ou nos dão boleia ou…” não disse, ou nos deixem em paz, ou não nos chateiam ou vão-se embora. O guarda vira-se para o António, incomodado com a insolência do garoto e pronto a fazer sentir o peso da autoridade indaga “ou então o quê, rapaz?” Aí o António respondeu a preceito: “Ou então temos de ir a pé”.

Os guardas meteram-se no carro, sem resposta, e nós, bem... nós continuámos à boleia, pois estávamos a 20 quilómetros do destino.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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