Para não esquecer...

ANTOLOGIA POÉTICA * 29

O DIA EM QUE O MAR SE DESPEDAÇOU

Parei repentinamente
No sítio onde o mar se despedaçou
Vi-o triste e encostado
Introduzindo um pedaço de areia
Na última das suas cavidades articulares
Uma pesada polé aciona os destroços
Um engenheiro agita as mãos dirigindo a empresa
-Acho que vai voar
Voa
Perde-se –
O mar despedaçou-se ontem à tarde à 1 e 15
Diz-me o José o Jornalista
Depois acrescenta
Queres comprovar?
Está bem
Pega nas tuas mãos
Enche-as de água
Vê-lo-ás sangrar.


[Armando Romero, Colômbia. O Mar na Poesia da América Latina, seleção de textos Isabel Aguiar Barcelos, Assírio & Alvim, Lisboa, 1999, p. 401]

escrito por Carlos M. E. Lopes


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