Para não esquecer...

A GRITARIA DA ASSEMBLEIA

1. 

A Assembleia da República deveria ser um local de debate sereno de ideias políticas. No entanto, está transformada, há muitos anos (mesmo antes da chegada do Grande Gritador), em sítio de gritaria geral.

A chegada do Grande Gritador apenas levou a gritaria a extremos (quase) insuportáveis. Acentuou o lado negro do (pseudo) debate de ideias da Assembleia.

O Grande Gritador grita que os emigrantes são "isto" -- e dos outros lados grita-se que não, que os emigrantes são "aquilo". E acrescenta-se que quem grita que são "isto" está a cometer um crime. A gritaria eleva-se cada vez mais de volume, ignorando-se que ninguém ganha ao Grande Gritador quando se trata de gritar.

Em vez da gritaria, quando é que alguém, serenamente, faz ao Grande Gritador perguntas como estas: "em que dados é que o senhor baseia essas afirmações? Em que fontes fidedignas recolheu esses dados?" Quando é que alguém, serenamente, apresenta dados que mostrem (ao Grande Gritador, aos seus 49 medíocres acompanhantes, e sobretudo ao "povo português") que as "teses" do Grande Gritador são falsas? (O debate de ideias a sério faz-se assim).

 


2. 

Grita-se, por vezes, que o Grande Gritador grita frases que são criminosas. E há quem acrescente gritos pedindo que tais frases sejam proibidas.

Só que as ideias não se proíbem (também ao Grande Gritador se aplica a ideia de que não há machado que corte a raiz ao pensamento).

Na Assembleia da República, se se devem combater, as ideias devem com/debater-se com ideias. O tal debate político.

Mas são criminosas?! Os crimes julgam-se em tribunal. Avance-se com um processo. É assim em democracia -- e é isto que distingue (deveria distinguir) as democracias dos regimes não democráticos. Não sendo assim, transformar-nos-emos todos em juízes, em substitutos dos tribunais (outro fenómeno triste que  está a ensombrar a nossa democracia -- e, infelizmente, não é só dos lados da chamada extrema-direita que vêm as ameaças).

escrito por ai.valhamedeus

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