Para não esquecer...

CARTAS PARA A MINHA AVÓ

 Djamila Ribeiro
Cartas para a minha avó
Alfragide : Caminho, 2024, 213 pp.

Fui ao engano. Não me tinha apercebido de que a autora não era a
Djaimilia Pereira de Almeida. Foi um bom engano.

Djamila, negra e mulher, a pretexto de escrever à avó, já falecida,
conta a sua vida. Negra, filha de negros, a viver num país com
grande percentagem de pessoas negras, eu fiquei surpreendido
com a discriminação a que estas pessoas estão sujeitas.
Duplamente, por ser negra e ser mulher. Aflitivo, incómodo, duro.

Uma infância, relativamente pobre, boa aluna, acaba por se
licenciar e doutorar e hoje ser uma voz audível no Brasil e não só.
Acho que pessoas, como eu, que falam ser antirracistas, deveriam
calar-se, pois só quem sente na pele a discriminação tem
autoridade para falar o que é sofrê-la. Já conhecia da Grada
Kilomba a discriminação, mas a Djamila veio reforçar essa ideia.

Um livro/memórias a não perder.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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