Nos anos de brasa de 1975/1976, reuníamo-nos no jardim público em Tavira. E havia então um dilema com que nos defrontávamos. Comprávamos livros a um ritmo superior à nossa capacidade de os ler. Aí, eu e o Ulisses Brito pusemos tal dúvida a um mais velho, experiente e sabedor camarada. Achas que devemos comprar livros se não temos tempo de os ler? Aí o veredicto do homem estragou-me a vida. Disse ele: se puderes, compra. Nunca sabes se quererás lê-lo mais tarde e não o encontras. Esta frase assassina foi dita pelo José Tomás Vasques, hoje figura proeminente do PS e então criador do Lutar no Mar Lutar em Terra.
E frase assassina porque me estragou a vida, pois segui-a quase sempre. Lembro-me que, por questões ideológicas, não quis comprar o Arquipélago de Gulag de Alexandre Soljenitsine e, depois, vi-me aflito para arranjar um em segunda mão. Só recentemente o comprei novo. Este episódio mais me fez crer na justeza do conselho.
Mas a coisa é cara e julgo que não há nada a fazer. Em 2018, comprei 145 livros, li 30 e gastei 1907,74 €! Uma barbaridade. Este ano, estou mais comedido. Só comprei 24… Vamos ver no final…
escrito por Carlos M. E. Lopes
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