Companhia das letras, Lisboa, 2023, 1ª edição, 97 pp.
Ao ver e ouvir a Djaimilia ser entrevistada pela Anabela Mora Ribeiro, nunca pensei que ia ler estas reflexões sobre a sua condição de negra (ou mestiça). A sua calma, as suas palavras fizeram-me crer que a questão da discriminação lhe passava ao lado. Mas não. Ela é vítima de discriminação e sente-o. E de ambos ao lados.
“Escrevo perseguida. Como se, na esquina, fosse de novo aparecer o velho senhor guineense que me chamou puta no metro, por eu ter namorado branco. «Sua puta, aprendeste com a tua mãe!»” (p. 9).
Há algum tempo que não estou autorizado a falar por aqueles que são vítimas de discriminação, como, amiúde, se ouve “eu não sou racista”. Sabemos lá se somos discriminadores ou não! Só quem sente na pele a discriminação tem autoridade para falar.
[Não emprego a palavra racismo, mas sim discriminação. Se não existem raças…]
escrito por Carlos M. E. Lopes
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