Para não esquecer...

JOÃO CARVALHO E A POLÍTICA

Tive acesso a este desabafo de um anónimo, conhecido, de Santo Estêvão (Tavira):

“grossas lágrimas me corriam pela cara. Acabara de saber uma novidade que me emocionava. Os lábios tremiam-me, o nariz dilatava-se e fremia, as mãos hesitavam. João Carvalho havia acabado de aderir ao PS. Foi visto na procissão do enterro do senhor morto com ar compungido e, julga-se, a pedir desculpa pelos anos de enganos em que deambulou pelo CDS. De pronto, abordado pela Reuters, foi perentório:

- Sempre fui democrata-cristão, sempre apoiei o programa social da Igreja. O CDS tinha mudado para PP, tinha-se mantido com algumas preocupações sociais e tinha atribuído ao Estado uma função importante, ainda que não exclusiva no equilíbrio entre as diversas camadas sociais. Paulo Portas (aqui dá um suspiro profundo e desabafa “ai que saudades!”) assim agiu.  
Assunção Cristas, uma autêntica galinha poedeira, guinou para uma zona com a qual não me identifico. Por isso, não fui eu que mudei, foi o CDS. Ademais, se olharmos para trás (e com que saudades eu olho para trás…), verificamos que, muitos dos meus companheiros estão nesta zona. Freitas do Amaral, Basílio Horta, Veiga Simão, Rui Pena e tantos outros… O PS garante, por isso, uma via mais perto da democracia cristã que o CDS atual. 
É óbvio que mantenho as críticas a este governo e a este governo autárquico. Mas há zonas de convergência possíveis. Por exemplo, fui dos primeiros a criticar o lançamento de lixo na barra de Tavira, em outubro de 2018, mas fui dos primeiros a reconhecer a excelência das praias de Tavira, conjuntamente com o José Graça e o JPR, publicando fotografias paradisíacas, quando as coisas melhoraram. Além disso, tenho as melhores relações com o Sr. Presidente e esposa. Eu, nesta primavera, ofereci já nêsperas à família presidencial e a esposa ajudou-me a preencher o impresso do abono de família da minha filha. Vivemos todos na Pegada e damo-nos.
As divergências com o José Graça? São próprias da luta política. Nunca houve animosidade pessoal. Acho-o uma pessoa íntegra, firme e convincente.
Declarações recolhidas no fim da procissão do Enterro. Nisto, alguém se aproxima por trás de João Carvalho e dá-lhe com o missal, envolto no rosário, na cabeça. Gesto amigo e cúmplice. Era o José Graça.

escrito por Carlos M. E. Lopes

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