Michel Onfray
Michel Onfray é o "escritor de filosofia" mais lido(o que mais vende, pelo menos)em França actualmente. Um êxito que deixamos de estranhar logo que folheamos alguma das suas obras (uma vintena). Começando pelos títulos
(por ex., "O Ventre dos filósofos. Crítica da razão dietética" -- um divertido título que parafraseia as Críticas da Razão de Kant ou a Crítica da Razão Dialética de Sartre),continuando pelos temas dos livros
(por ex., a celebração dos sentidos proibidos como o olfacto e o gosto ou a possibilidade do libertarismo no amor).Passar os olhos pelos índices é aguçar o apetite à leitura. Seja o exemplo de "Antimanual de filosofia" (2001)
(um manual dirigido aos estudantes de filosofia do secundário, que foi um êxito editorial sem precedentes).Inicia-o uma introdução com título desconcertante: "Tendes que começar o ano queimando o vosso professor de filosofia?". E prossegue neste tom. Para tratar da natureza humana, levanta questões como "já comestes carne humana?" ou "Porquê não vos masturbais no recreio da Escola?". A técnica, problematiza-a interrogando-se: "Poderias prescindir do teu telemóvel?" e "Aquele que recebe o salário mínimo é o escravo moderno?". Estuda o problema da liberdade associando-o à pedofilia e à Internet ("Deixarias que os teus filhos acedessem a programas pornográficos da Internet?").
E a lista continua.
Seja o exemplo da consciência:
. o que é que se evapora quando perdeis a consciência (a sós ou em pares?)Poderia ser o da razão
. porque é que a maçã de Adão vos fica atravessada na garganta?
. o que é que procuráveis na cama dos vossos pais aos 6 ou 7 anos?
. que parte da vossa razão desaparece numa noite muito enfrascada em álcool?ou o da verdade
. é absolutamente necessário mentir para ser Presidente?Michel Onfray estrutura este antimanual escrevendo pequenos textos sobre os vários temas e acrescentando-lhes textos (também pequenos) de outros pensadores (sobretudo dos clássicos). Entre estes, o nosso Fernando Pessoa, "Poeta, dramaturgo, pensador convertido em glória nacional em Portugal".
. porquê podeis comprar livremente haxixe em Amesterdão e na vossa escola, não?
escrito por ai.valhamedeus
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