Palestina livre!

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ZOOM [102] - selfie


[foto rapinada nas -- a circular pelas -- redes sociais]

escrito por ai.valhamedeus

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QUESTÕES DE MORAL

Questões de Moral é um programa sobre isso mesmo: questões de moral, nos mais variados quadrantes, sob as mais variadas formas, nas mais variadas geografias. Já aqui falei dele e vou repetir a autoria e o horário -- um programa de Joel Costa que passa na Antena 2, à Segunda-feira por volta das 13 horas e 15 minutos e repete às 23.30 do mesmo dia. Acho mal repetir no mesmo dia, mas é assim. Podemos sempre protestar junto do Provedor do Ouvinte.

Há um bom par de meses que o autor trata do tema das relações perigosas entre Hollywood e a Máfia, e dos seus métodos de persuasão e eliminação de provas. Hoje foi a vez de Marylin Monroe, da Máfia e dos “manos Kennedy”. O que me fez recordar 2 poemas, retirados da antologia “Rosa do Mundo _ 2001 Poemas Para o Futuro

CIVILIZAÇÃO

Nas guerras, antigamente,
não seguiam um princípio:
o mais forte ao mais fraco
roubava o que podia.

Agora, não é assim.
Mundo regem conferências.
Se mais forte faz sujeira,
Reúnem-se -- dão anuência
[Arany Janos (Hungria_ 1917/1882)]

A CANÇÃO DA FOME

Prezado senhor e rei,
Sabes a notícia grada?
Segunda comemos pouco,
Terça não comemos nada.

Quarta sofremos miséria,
E quinta passámos fome;
Na sexta quase nos fomos --
Não se aguenta quem não come!

Por isso vê se no sábado
Mandas cozer o pãozinho,
Senão no domingo, ó rei,
Vamos comer-te inteirinho!
[Georg Weerth (Alemanha_ 1822/1856)]

Pois, questões de moral!

escrito por Gabriela Correia, Faro

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VERDADES QUASE MENTIRA (3)

Pese embora já sobrevenha uma semana ao Dia da Mãe, não resisto a escrever sobre o assunto.

Isto de a gente rumar a outras paragens e levar os hábitos connosco tem muito que se lhe diga. Capaz de tratados de muitas páginas. Mas sigamos adiante!

Por conseguinte, estava eu bebericando da chávena um café distraído, quando o tema do Dia da Mãe, na mesa ao lado, se sobrepôs a qualquer outra imagem ou ruído circundante. Digamos que se poderia titular a cena: Conversa, com Mulher e respectiva Chávena ao Fundo.

Os meus filhos não me ofereceram nada, nem se lembram de que hoje é o dia da mãe! Silêncio da interlocutora. Desviei a minha atenção para a mesa ao lado, tentando não levantar suspeitas. Sabes muito bem porquê, respondeu um jovem bem parecido, sem tirar os olhos do portátil. A outra ficou expectante: já te esqueceste da fita que fizeste por eu e o pai termos trocado o CD que querias? E imitou a voz feminina, esganiçada de frustração perante a oferta baralhada. Há que séculos que isso já foi! É que eu andava há que tempos a referir o nome do CD, voltou-se ela para a outra em jeito de desculpa. O filho nem retorquiu, ufano que estava da justiça da atitude castigadora. E este, este tem dinheiro que lhe dão os da minha família e os meus amigos e nada. Nem uma prenda no Dia da Mãe. Este, era um adolescente de uns 16 anos, com cara de bebé assustado a sair da puberdade, mal, e ainda imberbe. Já sabes que se não me dás mesada também te não dou prenda. Disse. E não me ajuda nada em casa, não põe as coisas no lugar. Ai, não? Logo já vais ver como é, ouviu-se a voz de galaroz empinado, logo retornando ao jogo no telemóvel.

Eram ambos bons alunos e até bons filhos, disse ainda a mulher derretida, à pergunta da amiga sobre os estudos dos dois rapazes. Um estava a fazer mestrado e o outro andava no 12º Ano. Aparentemente, a censura leve e um tudo-nada carinhosa destinava-se apenas a chamar a atenção dos rebentos. A desviá-los das distracções tecnológicas.

Levantei-me e comecei a pensar se não será já tempo de indagarmos dos pequenos se tratam bem os pais, se ajudam em casa, em suma, se privilegiam os afectos, em vez das boas notas.

Discuti este pensamento com a minha filha no caminho para casa. Ela respondeu que lhe tinham enviado um mail com um texto repleto de diatribes contra o desrespeito dos mais jovens para com os mais velhos. E sabes de quando é o texto? Lembrei-me.

Pois, de um filosofo grego de séculos antes de Cristo!

E lá fomos as duas, numa cumplicidade de amigas e eu enviei às urtigas os psicólogos que acham
(agora)
que mãe é mãe e não uma amiga. E mais a opinião da minha mãe: o mal está em que agora os filhos tratam os pais por tu!

Mas, pelo sim pelo não, aconselhei a minha filha a ler “a máquina de fazer espanhóis”, de valter hugo mãe.

[9 de Maio de 2010]

escrito por Gabriela Correia, Faro

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PARECE QUE FOI ONTEM...

Não, é de hoje. A minha filha não podia, e digo podia, pois no final do 3º ano de trabalho com classificação de Bom foi para o desemprego, sem apelo nem agravo, embora e pour cause com muitos elogios à mistura, não podia, repito, usar jeans no trabalho, numa empresa de bebidas subsidiária de uma outra com origem nos Estados Unidos da América.


[clique na imagem, para ler]

escrito por Gabriela Correia, Faro

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SÓCRATES E O PORTUGAL MODERNO

Todos nós vimos

(como poderíamos não os ver)
os múltiplos cartazes de propaganda eleitoral pagos com os nossos impostos, atafulhando o nosso horizonte visual, próximo e mais longínquo, conforme o tamanho do cartaz. Com palavras de ordem absolutamente vazias de sentido e pejadas de sonoridade. Breves, muito breves mensagens, como deve ser a mensagem do marketing e da publicidade, cada vez a parecer-se mais com a propaganda política, ou vice-versa. O que conta é a imagem. A imagem do líder, com mulheres a rodearem-no, em pano de fundo. Tão esbatida a imagem delas
(será esse o papel que se lhes atribui no pano de fundo das nossas mentes?)
que só um espírito sagaz e muito observador e de visão aguda reparava nas mulheres, e apenas quando se aproximava do cartaz.

Pois bem, a frase, ou antes, o slogan “Avançar Portugal” tem-me dado voltas ao miolo, e cheguei à conclusão de que o Engenheiro José Sócrates queria, e quer, que nos modernizemos e sigamos a Europa, como os lídimos líderes parecem seguir o mesmo alfaiate. A aliteração é propositada.

Porém, não é com decretos ou com voluntarismo que as ideias se põem em prática. Isso pode resultar numa empresa, mas não resulta em pessoas quando se trata de mudar mentalidades ou comportamentos. Tudo isso se constrói a par e passo; e não é com a destruição de toda uma classe, e com a desvalorização da Escola!

Mas já temos uma leve mudança, a qual todos os dias me faz querer continuar. Continuar a avançar, claro. Portugal está a ficar moderno; aqui vão exemplos dessa modernidade: a linguagem brejeira de um jovem, que de telemóvel em punho gritou ao cruzar-se comigo: estou aqui, c…! A decência não me permite ir mais além. Estaria a falar com quem? Ou ainda o pedido de um jovem do 11º Ano à professora, em plena aula e em tom muito sonoro: Professora, posso ir lá fora “c, á, guê, á, erre? Foi assim mesmo que a colega de 55 anos me relatou o sucedido, em tom muito baixo, de vergonha e impotência. Ou a conversa ininterrupta e diária, mesmo quando chove, dum grupo de jovens junto às janelas de moradores de prédios contíguos ao ponto de encontro dos mesmos, até altas horas, perturbando o sono de quem quer descansar, apesar da abundância de leis existentes no nosso país sobre o tema! Não é só o tom que incomoda, o conteúdo é inenarrável, tanto no vocabulário como nos temas abordados. E garanto-vos que, enquanto estendo roupa, sou obrigada, literalmente, a ouvir as conversas. Posso asseverar que as meninas a quem se referem são tratadas do modo mais rasteiro, que me confrange a alma e me arrasa os ouvidos.

E que dizer de uma adulta com dois filhos, um no carrinho de bebé, aos gritos, a outra de uns 4 anos, a fumar e a deitar, imperturbável, o fumo para a mesa da velhota que lhe pediu delicadamente para mudar o cigarro de mão: estou ao ar livre! Já me ia embora, mas agora já não vou, disparou desafiadora. E sentou-se. A velhota encolheu-se e olhou-me em busca de um olhar solidário. Foi tudo quanto conseguiu de mim. Eu cá não quero brigas nem confrontos verbais com gente desta. Mas senti-me mal. Eu que levei uma sova monumental do meu pai aos 19 anos por defender a causa da minha irmã. Que nem me dizia respeito. A causa, claro.


Hoje, numa esplanada, que desejo me sirva de oásis para as minhas leituras, com música de fundo celestial para os meus gostos musicais, com jovens empregados educadíssimos e solícitos, sem serem subservientes, reparo num buraco enorme na parede do dito café. Ante a minha estupefacção, o empregado elucidou-me com um sorriso indulgente
(ou seria de impotência?):
foi feito aos pontapés… E olhem que a parede é de ardósia! Fina, embora, mas de ardósia. Hélas, receio bem que esteja a ser esburgada do meu lugar de eleição, recentemente descoberto, para as minhas leituras e escrita.


Para se avançar é também necessário que o exemplo venha de cima. E todos os dias esse exemplo é esclarecedor, repleto de mixurunfadas inexplicáveis. Para mais esclarecimentos sobre vários assuntos do Portugal moderno, e não só, leiam o extenso artigo de Vitorino Magalhães Godinho intitulado “A Grande Ilusão”.

Do testemunho de Nuno Crato, no último JL, retiro o que se segue:
Aprendi a detestar o politicamente correcto… Comecei a perceber que o desboto se alastrava à educação, que o romantismo rousseaneano (sic) condenava as crianças à ignorância. Quando cheguei, (vindo da América -- esclarecimento meu), imperava o chamado método global de leitura – o meu filho ainda o sofreu (já agora, a minha filha também). Dez anos depois, estava em retrocesso e percebiam-se de novo as virtudes do método fónico. (Decrete-se, e os professores que fizeram formação sobre as virtudes do método global que se desenformem).
E muito mais à frente:
Continuo a pensar que é bom saber -- para além do saber utilitário -- (onde é que eu já escrevi, ou disse isto…) e que devemos transmitir aos mais novos o gosto desprendido pelo conhecimento. …
Ai, ai, não sei quem é mais romântico, se o Rousseau, se ele!

escrito por Gabriela Correia, Faro

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ADMIRÁVEL MUNDO NOVO - 2

1.

A notícia macabra do roubo do bebé do ventre da mãe aos 8 meses, há dias nos EUA, recordou-me a notícia igualmente macabra e inimaginável da jovem russa, estudante de medicina, que assassinou à martelada duas idosas indefesas; tal como a grávida e o seu bebé ainda no ventre eram indefesos. É como esmagar uma mariposa ou uma flor com a bota cardada, ou pontapear um cão, ainda que sarnoso, ou atirar um gato à parede para ver o que acontece. E, já agora, espetar bandarilhas num touro! Embora este esteja mais bem equipado para se defender.

Salvo as devidas proporções, é tudo fruto de mentes retorcidas, à falta de melhor epíteto.

Pois a estudante ancorou o seu acto no interesse científico pela morte e estudo da decomposição dos cadáveres.

É claro que, se pensarmos nos instrumentos de tortura da Inquisição
(e não só),
nos genocídios, em Jack – The Ripper, verificaremos que este sempre foi “A Brave New World”, como Aldous Huxley já o sabia, em 1932.

2.
Ainda na senda deste admirável mundo novo, uma ideia ocorreu aos editores de jornais, que os portugueses lêem pouco. Houve até quem já se tenha vangloriado de não ler jornais! E olhe lá!...

Pois bem, neste tempo de canícula andam uns jovens pela praia com um depósito às costas, semelhante no formato e tamanho ao que os agricultores transportavam para sulfatar as vinhas e acabar de vez com o míldio. Só que este não transporta líquido que mate, nem é de material tão pesado como aquele. É de plástico
(admirável mundo novo do plástico),
com cores aliciantes e publicidade a um jornal. E a mangueirinha borrifa-nos com …água. Pois.

Ideia aprovada. Embora me pareça que um mergulho no mar seria mais eficaz. Mas no mar só há algas, plásticos esquecidos, etc. e pouca publicidade.

No mar há também resíduos que não se vêem, mas de que todos suspeitamos. Aqui fica um poema de Ruy Belo a testemunhá-lo:

NA PRAIA

Raça de marinheiros que outra coisa vos chamar
senhoras que com tanta dignidade
à hora que o calor mais apertar
coroadas de graça e majestade
entrais pela água dentro e fazeis chichi no mar?
escrito por Gabriela Correia, Faro

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NEM SANTO NEM PORCO

Para memória futura

(e até presente),
seguem dois textos do Manuel António Pina.

Um, desiludido por não conseguir ser santo; outro querendo saber o que pensa o porco de chamarem suína à gripe
[é obra! Manuel António Pina já tem idade para ter juízo, mas falta-lhe o juízo. Antigamente, na Sibéria, pessoal assim, recuperava, mas acabaram com isso e tarda que na Península, apesar dos esforços dos Santos Silva (SS), com a monitorização dos Vital Moreira (VM), se crie uma coisa parecida. Já faltou mais...].

De facto, MAP, não tendo ainda conseguido ser arguido, apesar do enorme esforço, até por omissões
[porque por palavras e por actos, estamos conversados],
também não tem sido feliz nas suas tentativas para ser santo. Tenho para mim que se ele continuar a perseverar e a dedicar-se religiosamente às incidências que fazem do presidente do conselho uma fonte inesgotável do interesse público, certamente haverá de conhecer o seu momento de glória e de forma simplex, a um só tempo, acabará por ser santo e arguido, e nisso, não estará sozinho: um povo que atura o que tem aturado, não tarda nada será elevado, por inteiro
[ficarão alguns empedernidos socratinos de fora]
às honras dos altares pelo aprumado báculo do pastor alemão. Haja Deus.
Santo sim, mas não tanto

Na infância queria ser santo. Rezei, fiz penitências, dei o lanche que trazia de casa aos pobres. Era uma espécie de investimento, que esperava cobrar com juros no Céu. Tinha sido mal informado. Um dia li uma biografia de Santo Inácio de Loyola e descobri que o caminho para a santidade era um pouco mais tortuoso do que pensava, e começava - antes de passar às orações propriamente ditas - por matar franceses em Navarra e perseguir mouros que duvidassem da virgindade de Nossa Senhora. Matar espanhóis e enforcar camponeses sublevados, como S. Nuno Álvares Pereira, e ser filho de prior e neto de arcebispo, senhor de Barcelos, Braga e Guimarães, Montalegre e Chaves, Ourém e Porto de Mós, Alter do Chão e Sousel, Borba e Vila Viçosa, Estremoz e Arraiolos, Montemor e Portel, Almada, Évora-Monte, Monsaraz, Loulé e mais reguengos e lugares, também ajudava. Como não tinha terras nem tencionava matar mouros ou espanhóis, desisti da santidade. Continuei a partilhar o lanche com os colegas pobres (e, como S. Francisco de Assis, com os animais vadios da vizinhança) apenas, que Deus me perdoe, por humanidade.
[JN, 28 de Abril]

Já agora, e o porco?

Numa sequência acho que de "Pierrot, le fou", Jean-Paul Belmondo queixa-se a Anna Karina de que os seus olhos, os seus ouvidos e todos os seus sentidos estão em autogestão (a expressão é minha, não de Pierrot-Ferdinand), cada um sentindo para seu lado. Ocorre-me sempre essa cena quando vejo os arautos do relativismo multicultural "condenar" por um lado e "compreender" por outro (assim a modos que Diderot: "Ah, madame!, que la morale des aveugles est différente de la notre!") "especificidades culturais" como a mutilação genital feminina nos países islâmicos ou os não-direitos do homem na China. A mim (mas eu sou um primário), quando algo me revolta o estômago revolta-me também a razão. É assim que certas "especificidades religiosas" me fazem sentir (ao meu corpo todo) dentro de uma peça de Ionesco. E, personagem eu próprio, ouvindo na TV um ministro israelita reclamar que não se diga "gripe suína" porque o porco é uma criatura impura para judeus e muçulmanos, dá-me para o multiculturalismo e para tentar ver a coisa também do ponto de vista do porco: "E o porco, que pensará o porco do assunto?".
[JN, 29 de Abril de 2009]

escrito por Jerónimo Costa

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VÍDEOS DA SEXTA 17. help desk na idade média

...com um pouco de humor



escrito por Adriana Santos

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AI MEU DEUS! EM QUE MUNDO VIVEMOS!...

Nestes últimos dias, recebi vários sms com o mesmo conteúdo. Diziam todos:
Olá! Hoje a TMN faz anos. Manda esta mensagem a 15 amigos 96 e recebes 15€ de bonus. Depois marca *#123# e verifica o saldo. Manda que eu já recebi.
Os sms vieram de vários pontos do país, o que indica que a coisa pegou
[quantos sms não terão sido --estarão a ser -- pagos à TMN à custa deste vírus?!].
Ora, há nestes sms 2 pontos que, no mínimo, deveriam fazer rir qualquer ser mortal e nunca-jamé reenviá-los:
  1. Como é que é possível alguém mandar sms para receber 15€ e nos mesmos dizer que já os recebeu?!...
  2. Como é possível a TMN saber que os sms enviados o foram no âmbito da pretensa campanha de aniversário?!...
Algum dos meus leitores há-de estar a abanar a cabeça: este gajo, dizem-me às vezes sobre mim, é tão racional!... Nestas, qualquer um cai
[bem... até eu ia caindo... Será porque vivemos num mundo que cultiva tudo menos a racionalidade?! Isto sou eu a perguntar... racionalmente].
escrito por ai.valhamedeus [com um beijo para a Xana e outro para a Mariana e um abraço para o VA]

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A HISTÓRIA DAS COISAS

Uma outra história das coisas, na visão de Annie Leonard:

O original, em inglês, está AQUI.

Esta é a versão "dobrada" em castelhano:


escrito por ai.valhamedeus

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O SABOR DA MELANCIA

Não sendo o ai.valhamedeus, só agora reparei na opinião do Vítor M. sobre o filme O Sabor da Melancia. A minha sugestão era irónica; era o contraponto do texto do ai.valhamedeus sobre o dito fruto; era o contraditório, digamos assim.

filme O sabor da melanciaNão sendo, todavia, crítica de cinema, mas sim aficionada indefectível da Sétima Arte, que deixou de o ser aquando da descoberta americana das suas possibilidades de Indústria, atrevo-me a fazer aqui uma recensão do dito. Na minha opinião, (ia escrever pessoal, numa imitação do abugrado e abugrante palanfrório televisivo) se é minha, já é pessoal! Bem, na minha opinião o filme, o qual não levaria para a tal ilha, tanto mais que também trata de um tema que me confrange a alma: o da venda do corpo. Sem moralismos de qualquer recorte; levaria, ao invés, todos os do Woody Allen se a ilha não se afundasse com o peso, mesmo os mais recentes desancados pela crítica, o filme, dizia eu, não é de fácil leitura. Tem inúmeras leituras e, no meu caso, primeiro estranha-se e depois entranha-se. Para mim, não é um libelo contra a indústria de filmes pornográficos. É antes uma crítica à sociedade moderna: a da solidão no meio de tanta gente, a da realidade virtual, a dos afectos servidos em pacote, como as férias, em suma, a do consumismo desenfreado. E também, e principalmente, a manipulada pela tecnologia da informação. Todos temos a ilusão de que somos nós quem escolhe, e em liberdade; de que somos nós quem decide e traça rumos. Helas! Não é bem assim. Somos todos “comidos” (e penitencio-me já do uso da metáfora brejeira, pedindo desculpa ao putativo leitor) por esta parafernália melíflua, indutora de comportamentos e consumos. E pensamos que esta é que é a realidade! É somente virtual. A não ser assim, como se justifica que o realizador continuasse a filmar o acto com uma heroína (heroína, sim. A necessidade obriga a vender a alma ao diabo. Neste caso o corpo; e como figura no actual logótipo deste blogue: ninguna…) já cadáver? Não foi exclusivamente, no meu ponto de vista, por razões de dinheiro. De mercado, nas sociedades modernas. Claro que essa é a razão do realizador dos filmes porno, dentro do filme. Mas a do realizador do filme “O Sabor da Melancia” é outra. A que atrás ficou amplamente explanada.

Pois é! A melancia tem sabor amargo. Tal como a Big Apple é representada com um bicho a sair da dentada. Deixou de ser uma maçã sadia.

O Paraíso também tem a sua serpente! Tudo tem o outro lado oculto. Lunar, se quiserem.

E por falar em Paraíso, recomendo o mais recente trabalho de Olga Roriz intitulado precisamente “Paraíso”. Este também não é um paraíso, como se verá.

Previno já, uma vez que as minhas recomendações não são lá essas coisas, de que quem estiver à espera do habitual, não vá. A menos que queira imitar os espectadores do Porto, no filme de que se falou.

escrito por Gabriela Correia, Faro

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TELEMÓVEL, MEU AMOR!

Porque hoje é Sábado, como diria o Vinicius, adiando o trabalho, e por mor de cumprir a rotina, dirigi-me ao café da esquina em busca do meu cafezito pós almoço.

Logo meus olhos deram de caras com o omnipresente e, ao que parece, omnisciente jornal de maior tiragem neste país, que não há maneira de se reinventar. O país! Ou ambos.

Adiante! Rezava a parangona: “Miúdo de 14 anos agride professores”. Não li a notícia. Não sei se servia os professores ou se contra eles estava. Sequer se estaria redigida por forma a agitar as águas mais que paradas deste recanto que se situa entre os dez mais pacíficos do mundo, conforme notícia divulgada.

Crendo sinceramente que o país já se cansou do tema Educação e seus confluentes, não me debruçarei sobre o assunto.

Agora, a Primavera do nosso descontentamento é preenchida, não pelas aves que voltam para se aquecerem ao sol cada vez mais desmaiado, mas pelo tema crucial para as nossas vidas: o futebol! O cidadão pacato e não particularmente interessado no assunto, se quiser obter informações sobre endereços ou números de telefone recorrendo aos serviços da PT, mal se estabeleça a ligação, leva logo com uma dose informativa gravada sobre o tema do futebol, quer queira quer não. Já para não falar, na inefável imagem do mais que promovido apresentador de cachecol ao pescoço, quando se abre o televisor. Palavra que apetece puxar pelas duas pontas e apertar, apertar... Mas isto sou eu a falar, que sou má-língua.

Mais uma vez, adiante!

Já a notícia extraordinária e trágica de um papagaio que se extraviara, teve um final mais que feliz. Imaginem que este bicho que aprendeu a falar, como parece ser característico destes animais, que não enjeitam a aprendizagem, retornou ao seu poleiro familiar, pois declinou correctamente o nome e a morada! Resta saber se no caso do dito papagaio não se passou o mesmo que se passou com a velhinha ajudada com solicitude pelo transeunte a atravessar na passadeira e que não queria atravessar para o outro lado? E que depois teve de se virar, sem ajudas, para retornar ao ponto de partida! Acontece a todos! Vamos que o papagaio estava cansado dos donos, que lhe ensinavam sempre as mesmas coisas, os mesmos palavrões! Vamos que ele quis deliberadamente rumar a outros ares! Enfim, ir a banhos?! Notícia supimpa, de televisão estrangeira.

Mas importante, importante, é a notícia confirmada por um vicar concorrente ao Mastermind, concurso transmitido pela BBC PRIME, um pouco já fora de horas. Embora nunca lhe tendo acontecido (ainda) a ele, respondeu positivamente à pergunta extra–concurso feita por um apresentador um tudo-nada circunspecto que lha colocara com um meio sorriso (é, na Inglaterra é tudo pela metade!). E era a pergunta: É verdade que há pessoas que manifestam o desejo de serem enterradas junto com o telemóvel? Que, sim senhor! Que era verdade!

E nós tão indignados com a utilização na aula e com o amor pelo seu querido telemóvel manifestado pela aluna do 9º Ano, já tão distante nas nossas memórias!

Do mal, o menos. No antigo Egipto, e perdoem-me os historiadores se estou errada, eram as esposas que tinham essa “sorte”. E na antiga (ou não tão antiga?) Índia elas eram imoladas pelo fogo quando os maridos morriam. A acreditarmos no filme “A Volta ao Mundo em 80 Dias”. Não sei se o Júlio Verne refere o facto, já não me recordo!

Livra! Antes o telemóvel! Ou a amante, já agora.

Mais, há um pormenor que não é despiciendo. Muito pelo contrário: É que as pessoas vão ao ponto de o quererem ligado, acrescentou o contender.

E têm razão. Para que serve um telemóvel desligado? Os alunos que o digam.

escrito por Gabriela Correia, Faro

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A ACTA NO ALLGARVE

Sacrificando a praia, onde, valha a verdade, já fora de manhã, altura em que está mais livre de “turistas”, e fazendo uma pausa no trabalho -- elaboração de testes -- fui, no Domingo passado, ver teatro.

Adoro teatro quando o texto é poderoso, como o de “Stabat Mater”do Italiano António Tarantino, e é bem interpretado, como foi o caso, pela Maria João Luís. Recomendo vivamente ao meu putativo leitor, esta peça e sua soberba interpretação.

Mas voltando ao Domingo, às 4 da tarde, e com um sol esplendoroso, não é um horário propriamente da conveniência de qualquer um. Não importa, éramos poucos mas bons. E não utilizo o chavão à toa. Éramos exactamente 12 e entendidos no assunto, sem falsa modéstia. O texto é de Guy Foissy, francês nascido no Senegal, e é um texto bem actual. Olá se é! Aliás são 2 textos, soberbamente encenados e interpretados por 2 grandes actores: Paulo Matos e Luís Vicente que, para quem não é ou não reside no Allgarve, é o Director da ACTA -- Companhia de Teatro do Algarve.

“O Suicida” tem como tema o aproveitamento, por parte de certa imprensa e jornalistas, de actos do quotidiano envolvendo sangue, suor e lágrimas, tão ao gosto dos modernos “voyeuristas”das sociedades da (des) informação.

“O Segurança” espelha de um modo soberbo, (desculpem, não me ocorre outro adjectivo; talvez supino) a prepotência de quem se acha repentinamente com uma arma na mão e a quem é conferido o poder de julgar arbitrariamente os nossos inocentes actos, feitos sem qualquer outra intenção que não a que está à mostra, ou seja, à vista de quem quer ver e entender. O final é inesperado, mas o mais provável, se continuarmos a construir uma sociedade de medos e desconfianças, em nome de medidas securitárias.

Mais uma vez a entrega dos actores, sobretudo no segundo texto, é total e dá ganas de intervir; como aliás o verbalizou um espectador ao meu lado.

Se Brecht entendia que o teatro devia provocar no espectador uma sensação de Verfremdungseffekt, efeito de distanciação, para melhor entendermos a mensagem e sabermos que é uma peça de teatro que retrata a vida e dialecticamente nos envolvermos, (ao contrário do teatro =ilusão) aqui o espectador pode sentar-se em qualquer parte da sala e até no palco, onde me fui sentar na 2ª parte, parecendo então que nos encontrávamos na mesma rua onde se desenrolava a acção, como acontecia no Teatro Isabelino; e não nos iludimos: é a vida ali no palco.

Mais uma vez obrigada à ACTA, ao seu Director e ao encenador por nos trazerem teatro de qualidade, testemunhando assim que o Algarve não é só sol e praia.

No final, aplaudiu-se muito e em pé.

Que vos disse eu? Que éramos poucos, mas bons!

escrito por Gabriela Correia, Faro

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irreal quotidiano 4. SÉCULO XXI

A miséria no mundoescrito por Gabriela Correia, Faro

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INCOMPATIBILIDADES DE RAIZ HISTÓRICA

Há muito que tinha posto de lado este texto para o transcrever. Tinha, todavia, desistido pensando que já teria perdido actualidade e pecaria pela repetição dos conceitos.

Mas hoje, agora que terminou a Presidência Portuguesa da UE, e uma vez que, passado o testemunho a outros, Sócrates terá de se virar para o “País Real” (tal como o Ai. Valhamedeus até tremo quando penso que vão equacionar o meu “problema”), creio que continua mais actual que nunca. Por conseguinte, consequentemente, et pour cause, etc.…

Onde encontrar a felicidade numa sociedade extremamente competitiva, cada vez mais selectiva e insensível em relação aos mais fracos: velhos e doentes?

Nas empresas privadas já praticamente não têm lugar, e o mesmo se perspectiva para o serviço público. O darwinismo social impera e a lei do mais forte define não só as regras da sociedade como vai impondo uma moral que privilegia a inteligência superficial, destituída de qualquer sensibilidade, o pragmatismo, a supremacia dos números e dos factos visíveis em detrimento dos conteúdos e dos verdadeiros significados. No poder, os políticos acabam por governar de acordo com os grandes interesses económicos e financeiros, reduzindo a quantitativos e ao comensurável aquilo que não se pode medir dessa maneira, como as políticas de saúde, da educação e do apoio social. Nesta tarefa de americanização de uma sociedade com uma história estruturalmente diferente daqueles que nos são apontados como exemplos a seguir, reduz-se Portugal a uma máquina sem sentimentos nem raízes históricas, pronta para receber dinâmicas económico-sociais que nada têm a ver com a especificidade portuguesa. Negando-se a cada momento tudo aquilo que nos faz ser diferentes (mas não a cuspir para o chão e a deixar o cãozinho fazer as necessidades mesmo à frente da porta da casa de cada um, digo eu) dos outros e marca a nossa presença no mundo, mesmo que algumas dessas características apresentem defeitos.

De facto, a mentalidade nacional não está preparada para receber um neoliberalismo de raiz nórdica, pela simples razão de que a evolução dos acontecimentos e das transformações sociais, entre uma Europa protestante, burguesa e direccionada para o dinheiro, e uma Europa católica, clerical, moralmente penalizadora do lucro e de riqueza assente essencialmente na terra, apresentam diferenças profundas e, em muitos casos, incompatíveis.

Aos políticos e economicistas falta conhecimento da História e essa lacuna irá gerar anomalias de efeitos perversos para a sociedade portuguesa, cujos sinais já são detectáveis na forma como as famílias lidam com o dinheiro, com o investimento e com a competição desenfreada, tornando o homem português num ser perdido, sem referências e mimético, por se estar a afastar cada vez mais da sua essencialidade cultural e lhe ser impedido de evoluir com naturalidade no âmbito do seu contexto histórico-cultural.

Paulo Frederico Gonçalves. In “Página da Educação” – Abril de 2007
escrito por Gabriela Correia, Faro

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A GLOBALIZAÇÃO DO TERROR

A globalização do terrorEscalada da violência, guerras difusas e furor religioso: cada qual à sua maneira, o antropólogo René Girard e o filósofo Peter Sloterdijk elaboraram, para o Le Monde des Livres, uma geopolítica do ressentimento.


[clique nas imagens para ler o texto]
A globalização do terrorA globalização do terror
escrito por ai.valhamedeus

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RECEBIDO POR EMAIL -70. pedindo uma pizza em 2009

Telefonista : Pizza Hot, boa noite!

Cliente : Boa noite, quero encomendar pizzas...

Telefonista : Pode-me dar o seu NIDN?

Cliente : Sim, o meu número de identificação nacional é 6102-1993-8456-54632107.

Telefonista : Obrigada, Sr. Lacerda. Seu endereço é Av. Comandante Valódia, 198 ap. 52 B, e o número de seu telefone é 222 494 666, certo? O telefone do seu escritório da Lincoln Seguros é o 226 620 026 e o seu telemóvel é 962 662 566.

Cliente : Como é que você conseguiu essas informações todas?

Telefonista : Nós estamos ligados em rede ao Grande Sistema Central.

Cliente : Ah, sim, é verdade! Eu queria encomendar duas pizzas, uma quatro queijos e outra calabresa...

Telefonista : Talvez não seja uma boa ideia...

Cliente : O quê?

Telefonista : Consta na sua ficha médica que o Sr. sofre de hipertensão e tem a taxa de colesterol muito alta. Além disso, o seu seguro de vida proíbe categoricamente escolhas perigosas para a sua saúde.

Cliente : É. Tem razão! O que você sugere?

Telefonista : Por que é que o Sr. não experimenta a nossa pizza Superlight, com tofu e rabanetes? O Sr. vai adorar!

Cliente : Como é que você sabe que vou adorar?

Telefonista : O Sr. consultou o site 'Recettes Gourmandes au Soja' da Biblioteca Municipal, dia 15 de Janeiro, às 14:27h, onde permaneceu ligado à rede durante 39 minutos. Daí a minha sugestão...

Cliente : OK, está bem! Mande-me duas pizzas tamanho família!

Telefonista : É a escolha certa para si, sua esposa e seus 4 filhos, pode ter certeza.

Cliente : Quanto é?

Telefonista : São Kz. 3.699,90

Cliente : Você quer o número do meu cartão de crédito?

Telefonista : Lamento, mas o Sr. vai ter que pagar em dinheiro. O limite do seu cartão de crédito foi ultrapassado.

Cliente : Tudo bem, eu posso ir ao Multicaixa levantar dinheiro antes que chegue a pizza.

Telefonista : Duvido que consiga, o Sr. está com o saldo negativo no banco.

Cliente : Meta-se na sua vida! Mande-me as pizzas que eu arranjo o dinheiro. Quando é que entregam?

Telefonista : Estamos um pouco atrasados, serão entregues em 45 minutos. Se o Sr. estiver com muita pressa pode vir buscá-las, se bem que transportar duas pizzas na moto não é aconselhável, além de ser perigoso...

Cliente : Mas que história é essa, como é que você sabe que eu vou de moto?

Telefonista : Peço desculpas, mas reparei aqui que o Sr. não pagou as últimas prestações do carro e ele foi penhorado. Mas a sua moto está paga, e então pensei que fosse utilizá-la.

Cliente : @#%/§@&?#§/%#

Telefonista : Gostaria de pedir ao Sr. para não me insultar... Não se esqueça de que o Sr. já foi condenado em Julho de 2006 por desacato em público a um Agente da autoridade.

Cliente : (Silêncio)

Telefonista : Mais alguma coisa?

Cliente : Não, é só isso... Não, espere... Não se esqueça dos 2 litros de Coca-Cola que constam na promoção.

Telefonista : Senhor, o regulamento da nossa promoção, conforme citado no artigo 095423/12, proíbe a venda de bebidas com açúcar a pessoas diabéticas...

Cliente : Aaaaaaaahhhhhhhh!!!!!!!!!!! Vou-me atirar pela janela!!!!!

Telefonista : E torcer um pé? O Sr. mora no rés-do-chão!

escrito por ai.valhamedeus [com um beijo para a Sandra Soares]

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A PALAVRA QUE CHOCA

Vivemos num mundo em que as palavras se destinam

[e cada vez mais]
a esconder o pensamento. Nesse afã, as palavras são ajudadas pela "pose" de quem as pronuncia
[temos, entre nós, um primeiro ministro exemplar, sob esse aspecto].
Algo do género defende o editorial do Le Monde de hoje, ao reflectir sobre a posição dos actuais governantes franceses no que respeita ao Irão.
Pensar nisso sempre, mas jamais falar disso. O velho adágio está a ser seguido com rigor pelo governo francês, em particular quando se trata das relações com o Irão. Depois de Bernard Kouchner ter provocado uma polémica ao declarar que era preciso prepararmo-nos para o pior, "isto é, para a guerra", a palavra tornou-se tabu. Nicolas Sarkozy acaba de repreender, duas vezes, o seu ministro dos negócios estrangeiros. Numa entrevista concedida ao New York Times, retoma a fórmula que tinha já utilizado, na semana passada, na televisão: "Por mim, diz, eu não emprego a palavra 'guerra'." O próprio Kouchner utiliza paráfrases para não pronunciar mais "a palavra que choca".

Para além das palavras, há as coisas. E a coisa, na ocorrência, é a eventualidade de um bombardeamento americano, israelita ou israelo-americano, às instalações nucleares iranianas, caso não haja acordo entre a comunidade internacional e as autoridades de Teerão.
Tudo se passa como se a ausência de pronunciamento criasse (a ilusão d)o desaparecimento da realidade (não) pronunciada. Mas as coisas permanecem
[no mundo físico ou no pensamento],
para além do (não) pronunciamento. E, mais do que na realidade, o "perigo" está naquela ilusão. Digo eu...

escrito por ai.valhamedeus

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LEIT(e)URAS [16] RévoCul da música pop

RévoCulÉ a revolução cultural da indústria do disco. “RévoCul”, diziam os maoistas nos anos 1960. Descargas/downloads, MP3, Youtube, MySpace… A música muda de costumes, as editoras estão em dificuldade, os músicos emancipam-se e os internautas pirateiam. Para testemunhar esta reviravolta, o Courrier International convidou Manu Chao, que lançará um novo disco em Setembro. O último, diz ele.

É um dossiê de 8 páginas do número 873 da versão francesa daquele jornal. Está aqui, em francês – e, para o ler, basta clicar nas imagens.





RévoCul
RévoCul
RévoCul
RévoCul
RévoCul
RévoCul
RévoCul
RévoCul
escrito por ai.valhamedeus

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A ERA DA DISTRACÇÃO

Vale a pena traduzir (e ler) na íntegra o artigo de Miguel Ángel Santos Guerra, docente na Universidade de Málaga, como muitos saberão. O artigo intitula-se “La Era de la Distracción”:

Vivemos na era da distracção, na era das interrupções. A cada momento recebemos propostas para pensarmos em algo de diferente do que estávamos a pensar, para fazermos algo de diferente do que estávamos a fazer. É difícil concentrarmos a atenção de forma prolongada em algo ou alguém, porque os distractores que reclamam a mudança de foco são permanentes, multifacetados e poderosos. Resumindo, é muito fácil perder o fio à meada.

O comando do televisor, o telefone e o computador são três bons exemplos disso. O comando à distância é um instrumento que utilizamos para saltos frequentes de um canal para outro, de um programa para outro. As interrupções dos filmes através de blocos de publicidade são mais longas do que o próprio filme. E, desde logo, cada bloco publicitário faz-nos saltar, numa fracção de segundos, de um anúncio de um carro para um gel de banho, de uma máquina de lavar para uma varinha mágica, de um hambúrguer para uma batedeira.

Qualquer telejornal nos transporta, em segundos, da guerra no Iraque à atribuição de um prémio literário, de uma inauguração a uma partida de ténis, de um incêndio a uma detenção da polícia.

Outro objecto que nos ajuda a saltar com facilidade de um assunto para outro, de uma pessoa para outra, de um lugar para outro é o telefone. O toque do telefone pode interromper uma aula, um acto de amor, uma conversa, uma refeição, um concerto ou uma cerimónia religiosa (um padre com sentido de humor costumava dizer aos seus paroquianos antes de começar a missa: é sabido que Deus comunica connosco através de meios de que nem suspeitamos. Todavia, ainda não se demonstrou que o faça através do telemóvel. Por favor, desliguem-no). O toque do telefone diz-nos imperiosamente; “Tanto se me dá o que estavas a fazer. Agora atendes-me a mim.”

As mensagens pequenas (e respectivas abreviaturas) imprimem às conversas um ritmo apressado. São mais baratas e menos comprometedoras. Gastam pouco do nosso tempo. Quando se começa uma conversa sabe-se quando a encetamos, mas não quando vai terminar. Por outro lado, sabe-se que se escrevermos uma mensagem breve nos levará uns segundos. Não é fácil aprofundar um tema, qualquer que ele seja, através de um SMS. O meio condiciona substancialmente a mensagem.

Há três dimensões pessoais onde a interrupção acontece, de forma assaz intensa. A primeira é o trabalho. Não só o trabalho para toda a vida deixou de existir, como também ocorrem interrupções quase constantes nas tarefas que executamos. As mudanças são frequentes. Este facto tem consequências inerentes importantes na escolha, formação e organização do emprego.

Outra é a amizade. O problema não está em fazer amigos. O problema está em mantê-los, cuidarmos deles, cultivarmos as relações. Em resumo, mantermo-nos a elas leais. Há uma grande quantidade de amizades fugazes (binómio quase tão contraditório como o da neve a escaldar). “Era meu amigo” é um contra-senso. “Leva-me no teu coração”, disse Horácio a Hamlet. Assim, simplesmente: sem condições, sem exigências, sem preço, sem prazos, sem hipotecas, sem chantagens. A essência do sentimento de amizade é a lealdade. Lealdade significa etimologicamente”estar com”.

O terceiro é o amor. Basta vermos um programa do coração ou ler a imprensa cor-de-rosa para vermos com que facilidade se muda de parceiro. Aparecem terceiras pessoas, produz-se o cansaço, apresentam-se dificuldades. A frase de Fernández Flórez está hoje particularmente actual: “ Amar-te-ei eternamente até 5ª F”.

O entusiasmo de hoje pode resultar na indiferença, no ódio ou na agressividade de amanhã. Cada vez são mais frequentes as histórias de amor e de amizade que correspondem ao esquema de “se te vi, não me lembro”. “Não importa”, parece dizer quem as protagoniza. A vida bate-nos à porta, oferecendo-nos outra história provavelmente tão fugaz quanto a anterior. E toca a viver, que a vida são dois dias.
escrito por Gabriela Correia, Faro

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