ZOOM [102] - selfie
[foto rapinada nas -- a circular pelas -- redes sociais]
escrito por ai.valhamedeus LEIA O RESTANTE >>
QUESTÕES DE MORAL
CIVILIZAÇÃO[Arany Janos (Hungria_ 1917/1882)]
Nas guerras, antigamente,
não seguiam um princípio:
o mais forte ao mais fraco
roubava o que podia.
Agora, não é assim.
Mundo regem conferências.
Se mais forte faz sujeira,
Reúnem-se -- dão anuência
A CANÇÃO DA FOME[Georg Weerth (Alemanha_ 1822/1856)]
Prezado senhor e rei,
Sabes a notícia grada?
Segunda comemos pouco,
Terça não comemos nada.
Quarta sofremos miséria,
E quinta passámos fome;
Na sexta quase nos fomos --
Não se aguenta quem não come!
Por isso vê se no sábado
Mandas cozer o pãozinho,
Senão no domingo, ó rei,
Vamos comer-te inteirinho!
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VERDADES QUASE MENTIRA (3)
(agora)que mãe é mãe e não uma amiga. E mais a opinião da minha mãe: o mal está em que agora os filhos tratam os pais por tu!
escrito por Gabriela Correia, Faro LEIA O RESTANTE >>
PARECE QUE FOI ONTEM...
escrito por Gabriela Correia, Faro LEIA O RESTANTE >>
SÓCRATES E O PORTUGAL MODERNO
Todos nós vimos
(como poderíamos não os ver)
(será esse o papel que se lhes atribui no pano de fundo das nossas mentes?)

(ou seria de impotência?):foi feito aos pontapés… E olhem que a parede é de ardósia! Fina, embora, mas de ardósia. Hélas, receio bem que esteja a ser esburgada do meu lugar de eleição, recentemente descoberto, para as minhas leituras e escrita.
…Aprendi a detestar o politicamente correcto… Comecei a perceber que o desboto se alastrava à educação, que o romantismo rousseaneano (sic) condenava as crianças à ignorância. Quando cheguei, (vindo da América -- esclarecimento meu), imperava o chamado método global de leitura – o meu filho ainda o sofreu (já agora, a minha filha também). Dez anos depois, estava em retrocesso e percebiam-se de novo as virtudes do método fónico. (Decrete-se, e os professores que fizeram formação sobre as virtudes do método global que se desenformem).
Continuo a pensar que é bom saber -- para além do saber utilitário -- (onde é que eu já escrevi, ou disse isto…) e que devemos transmitir aos mais novos o gosto desprendido pelo conhecimento. …Ai, ai, não sei quem é mais romântico, se o Rousseau, se ele!
escrito por Gabriela Correia, Faro LEIA O RESTANTE >>
ADMIRÁVEL MUNDO NOVO - 2
1.
(e não só),
2.
(admirável mundo novo do plástico),
NA PRAIAescrito por Gabriela Correia, Faro LEIA O RESTANTE >>
Raça de marinheiros que outra coisa vos chamar
senhoras que com tanta dignidade
à hora que o calor mais apertar
coroadas de graça e majestade
entrais pela água dentro e fazeis chichi no mar?
NEM SANTO NEM PORCO
Para memória futura
(e até presente),
[é obra! Manuel António Pina já tem idade para ter juízo, mas falta-lhe o juízo. Antigamente, na Sibéria, pessoal assim, recuperava, mas acabaram com isso e tarda que na Península, apesar dos esforços dos Santos Silva (SS), com a monitorização dos Vital Moreira (VM), se crie uma coisa parecida. Já faltou mais...].
[porque por palavras e por actos, estamos conversados],
[ficarão alguns empedernidos socratinos de fora]
Santo sim, mas não tanto[JN, 28 de Abril]
Na infância queria ser santo. Rezei, fiz penitências, dei o lanche que trazia de casa aos pobres. Era uma espécie de investimento, que esperava cobrar com juros no Céu. Tinha sido mal informado. Um dia li uma biografia de Santo Inácio de Loyola e descobri que o caminho para a santidade era um pouco mais tortuoso do que pensava, e começava - antes de passar às orações propriamente ditas - por matar franceses em Navarra e perseguir mouros que duvidassem da virgindade de Nossa Senhora. Matar espanhóis e enforcar camponeses sublevados, como S. Nuno Álvares Pereira, e ser filho de prior e neto de arcebispo, senhor de Barcelos, Braga e Guimarães, Montalegre e Chaves, Ourém e Porto de Mós, Alter do Chão e Sousel, Borba e Vila Viçosa, Estremoz e Arraiolos, Montemor e Portel, Almada, Évora-Monte, Monsaraz, Loulé e mais reguengos e lugares, também ajudava. Como não tinha terras nem tencionava matar mouros ou espanhóis, desisti da santidade. Continuei a partilhar o lanche com os colegas pobres (e, como S. Francisco de Assis, com os animais vadios da vizinhança) apenas, que Deus me perdoe, por humanidade.
Já agora, e o porco?[JN, 29 de Abril de 2009]
Numa sequência acho que de "Pierrot, le fou", Jean-Paul Belmondo queixa-se a Anna Karina de que os seus olhos, os seus ouvidos e todos os seus sentidos estão em autogestão (a expressão é minha, não de Pierrot-Ferdinand), cada um sentindo para seu lado. Ocorre-me sempre essa cena quando vejo os arautos do relativismo multicultural "condenar" por um lado e "compreender" por outro (assim a modos que Diderot: "Ah, madame!, que la morale des aveugles est différente de la notre!") "especificidades culturais" como a mutilação genital feminina nos países islâmicos ou os não-direitos do homem na China. A mim (mas eu sou um primário), quando algo me revolta o estômago revolta-me também a razão. É assim que certas "especificidades religiosas" me fazem sentir (ao meu corpo todo) dentro de uma peça de Ionesco. E, personagem eu próprio, ouvindo na TV um ministro israelita reclamar que não se diga "gripe suína" porque o porco é uma criatura impura para judeus e muçulmanos, dá-me para o multiculturalismo e para tentar ver a coisa também do ponto de vista do porco: "E o porco, que pensará o porco do assunto?".
escrito por Jerónimo Costa LEIA O RESTANTE >>
VÍDEOS DA SEXTA 17. help desk na idade média
AI MEU DEUS! EM QUE MUNDO VIVEMOS!...
Olá! Hoje a TMN faz anos. Manda esta mensagem a 15 amigos 96 e recebes 15€ de bonus. Depois marca *#123# e verifica o saldo. Manda que eu já recebi.
[quantos sms não terão sido --estarão a ser -- pagos à TMN à custa deste vírus?!].
- Como é que é possível alguém mandar sms para receber 15€ e nos mesmos dizer que já os recebeu?!...
- Como é possível a TMN saber que os sms enviados o foram no âmbito da pretensa campanha de aniversário?!...
[bem... até eu ia caindo... Será porque vivemos num mundo que cultiva tudo menos a racionalidade?! Isto sou eu a perguntar... racionalmente].escrito por ai.valhamedeus [com um beijo para a Xana e outro para a Mariana e um abraço para o VA] LEIA O RESTANTE >>
A HISTÓRIA DAS COISAS
Uma outra história das coisas, na visão de Annie Leonard:
O original, em inglês, está AQUI.
Esta é a versão "dobrada" em castelhano:
escrito por ai.valhamedeus
O SABOR DA MELANCIA
Não sendo o ai.valhamedeus, só agora reparei na opinião do Vítor M. sobre o filme O Sabor da Melancia. A minha sugestão era irónica; era o contraponto do texto do ai.valhamedeus sobre o dito fruto; era o contraditório, digamos assim.

TELEMÓVEL, MEU AMOR!
Logo meus olhos deram de caras com o omnipresente e, ao que parece, omnisciente jornal de maior tiragem neste país, que não há maneira de se reinventar. O país! Ou ambos.
Adiante! Rezava a parangona: “Miúdo de 14 anos agride professores”. Não li a notícia. Não sei se servia os professores ou se contra eles estava. Sequer se estaria redigida por forma a agitar as águas mais que paradas deste recanto que se situa entre os dez mais pacíficos do mundo, conforme notícia divulgada.
Crendo sinceramente que o país já se cansou do tema Educação e seus confluentes, não me debruçarei sobre o assunto.
Agora, a Primavera do nosso descontentamento é preenchida, não pelas aves que voltam para se aquecerem ao sol cada vez mais desmaiado, mas pelo tema crucial para as nossas vidas: o futebol! O cidadão pacato e não particularmente interessado no assunto, se quiser obter informações sobre endereços ou números de telefone recorrendo aos serviços da PT, mal se estabeleça a ligação, leva logo com uma dose informativa gravada sobre o tema do futebol, quer queira quer não. Já para não falar, na inefável imagem do mais que promovido apresentador de cachecol ao pescoço, quando se abre o televisor. Palavra que apetece puxar pelas duas pontas e apertar, apertar... Mas isto sou eu a falar, que sou má-língua.
Mais uma vez, adiante!
Já a notícia extraordinária e trágica de um papagaio que se extraviara, teve um final mais que feliz. Imaginem que este bicho que aprendeu a falar, como parece ser característico destes animais, que não enjeitam a aprendizagem, retornou ao seu poleiro familiar, pois declinou correctamente o nome e a morada! Resta saber se no caso do dito papagaio não se passou o mesmo que se passou com a velhinha ajudada com solicitude pelo transeunte a atravessar na passadeira e que não queria atravessar para o outro lado? E que depois teve de se virar, sem ajudas, para retornar ao ponto de partida! Acontece a todos! Vamos que o papagaio estava cansado dos donos, que lhe ensinavam sempre as mesmas coisas, os mesmos palavrões! Vamos que ele quis deliberadamente rumar a outros ares! Enfim, ir a banhos?! Notícia supimpa, de televisão estrangeira.
Mas importante, importante, é a notícia confirmada por um vicar concorrente ao Mastermind, concurso transmitido pela BBC PRIME, um pouco já fora de horas. Embora nunca lhe tendo acontecido (ainda) a ele, respondeu positivamente à pergunta extra–concurso feita por um apresentador um tudo-nada circunspecto que lha colocara com um meio sorriso (é, na Inglaterra é tudo pela metade!). E era a pergunta: É verdade que há pessoas que manifestam o desejo de serem enterradas junto com o telemóvel? Que, sim senhor! Que era verdade!
E nós tão indignados com a utilização na aula e com o amor pelo seu querido telemóvel manifestado pela aluna do 9º Ano, já tão distante nas nossas memórias!
Do mal, o menos. No antigo Egipto, e perdoem-me os historiadores se estou errada, eram as esposas que tinham essa “sorte”. E na antiga (ou não tão antiga?) Índia elas eram imoladas pelo fogo quando os maridos morriam. A acreditarmos no filme “A Volta ao Mundo em 80 Dias”. Não sei se o Júlio Verne refere o facto, já não me recordo!
Livra! Antes o telemóvel! Ou a amante, já agora.
Mais, há um pormenor que não é despiciendo. Muito pelo contrário: É que as pessoas vão ao ponto de o quererem ligado, acrescentou o contender.
E têm razão. Para que serve um telemóvel desligado? Os alunos que o digam.
escrito por Gabriela Correia, Faro LEIA O RESTANTE >>
A ACTA NO ALLGARVE
Adoro teatro quando o texto é poderoso, como o de “Stabat Mater”do Italiano António Tarantino, e é bem interpretado, como foi o caso, pela Maria João Luís. Recomendo vivamente ao meu putativo leitor, esta peça e sua soberba interpretação.
Mas voltando ao Domingo, às 4 da tarde, e com um sol esplendoroso, não é um horário propriamente da conveniência de qualquer um. Não importa, éramos poucos mas bons. E não utilizo o chavão à toa. Éramos exactamente 12 e entendidos no assunto, sem falsa modéstia. O texto é de Guy Foissy, francês nascido no Senegal, e é um texto bem actual. Olá se é! Aliás são 2 textos, soberbamente encenados e interpretados por 2 grandes actores: Paulo Matos e Luís Vicente que, para quem não é ou não reside no Allgarve, é o Director da ACTA -- Companhia de Teatro do Algarve.
“O Suicida” tem como tema o aproveitamento, por parte de certa imprensa e jornalistas, de actos do quotidiano envolvendo sangue, suor e lágrimas, tão ao gosto dos modernos “voyeuristas”das sociedades da (des) informação.
“O Segurança” espelha de um modo soberbo, (desculpem, não me ocorre outro adjectivo; talvez supino) a prepotência de quem se acha repentinamente com uma arma na mão e a quem é conferido o poder de julgar arbitrariamente os nossos inocentes actos, feitos sem qualquer outra intenção que não a que está à mostra, ou seja, à vista de quem quer ver e entender. O final é inesperado, mas o mais provável, se continuarmos a construir uma sociedade de medos e desconfianças, em nome de medidas securitárias.
Mais uma vez a entrega dos actores, sobretudo no segundo texto, é total e dá ganas de intervir; como aliás o verbalizou um espectador ao meu lado.
Se Brecht entendia que o teatro devia provocar no espectador uma sensação de Verfremdungseffekt, efeito de distanciação, para melhor entendermos a mensagem e sabermos que é uma peça de teatro que retrata a vida e dialecticamente nos envolvermos, (ao contrário do teatro =ilusão) aqui o espectador pode sentar-se em qualquer parte da sala e até no palco, onde me fui sentar na 2ª parte, parecendo então que nos encontrávamos na mesma rua onde se desenrolava a acção, como acontecia no Teatro Isabelino; e não nos iludimos: é a vida ali no palco.
Mais uma vez obrigada à ACTA, ao seu Director e ao encenador por nos trazerem teatro de qualidade, testemunhando assim que o Algarve não é só sol e praia.
No final, aplaudiu-se muito e em pé.
Que vos disse eu? Que éramos poucos, mas bons!
escrito por Gabriela Correia, Faro
INCOMPATIBILIDADES DE RAIZ HISTÓRICA
Há muito que tinha posto de lado este texto para o transcrever. Tinha, todavia, desistido pensando que já teria perdido actualidade e pecaria pela repetição dos conceitos.
Mas hoje, agora que terminou a Presidência Portuguesa da UE, e uma vez que, passado o testemunho a outros, Sócrates terá de se virar para o “País Real” (tal como o Ai. Valhamedeus até tremo quando penso que vão equacionar o meu “problema”), creio que continua mais actual que nunca. Por conseguinte, consequentemente, et pour cause, etc.…
Onde encontrar a felicidade numa sociedade extremamente competitiva, cada vez mais selectiva e insensível em relação aos mais fracos: velhos e doentes?escrito por Gabriela Correia, Faro LEIA O RESTANTE >>
Nas empresas privadas já praticamente não têm lugar, e o mesmo se perspectiva para o serviço público. O darwinismo social impera e a lei do mais forte define não só as regras da sociedade como vai impondo uma moral que privilegia a inteligência superficial, destituída de qualquer sensibilidade, o pragmatismo, a supremacia dos números e dos factos visíveis em detrimento dos conteúdos e dos verdadeiros significados. No poder, os políticos acabam por governar de acordo com os grandes interesses económicos e financeiros, reduzindo a quantitativos e ao comensurável aquilo que não se pode medir dessa maneira, como as políticas de saúde, da educação e do apoio social. Nesta tarefa de americanização de uma sociedade com uma história estruturalmente diferente daqueles que nos são apontados como exemplos a seguir, reduz-se Portugal a uma máquina sem sentimentos nem raízes históricas, pronta para receber dinâmicas económico-sociais que nada têm a ver com a especificidade portuguesa. Negando-se a cada momento tudo aquilo que nos faz ser diferentes (mas não a cuspir para o chão e a deixar o cãozinho fazer as necessidades mesmo à frente da porta da casa de cada um, digo eu) dos outros e marca a nossa presença no mundo, mesmo que algumas dessas características apresentem defeitos.
De facto, a mentalidade nacional não está preparada para receber um neoliberalismo de raiz nórdica, pela simples razão de que a evolução dos acontecimentos e das transformações sociais, entre uma Europa protestante, burguesa e direccionada para o dinheiro, e uma Europa católica, clerical, moralmente penalizadora do lucro e de riqueza assente essencialmente na terra, apresentam diferenças profundas e, em muitos casos, incompatíveis.
Aos políticos e economicistas falta conhecimento da História e essa lacuna irá gerar anomalias de efeitos perversos para a sociedade portuguesa, cujos sinais já são detectáveis na forma como as famílias lidam com o dinheiro, com o investimento e com a competição desenfreada, tornando o homem português num ser perdido, sem referências e mimético, por se estar a afastar cada vez mais da sua essencialidade cultural e lhe ser impedido de evoluir com naturalidade no âmbito do seu contexto histórico-cultural.
Paulo Frederico Gonçalves. In “Página da Educação” – Abril de 2007
A GLOBALIZAÇÃO DO TERROR
Escalada da violência, guerras difusas e furor religioso: cada qual à sua maneira, o antropólogo René Girard e o filósofo Peter Sloterdijk elaboraram, para o Le Monde des Livres, uma geopolítica do ressentimento.
RECEBIDO POR EMAIL -70. pedindo uma pizza em 2009
Telefonista : Pizza Hot, boa noite!
Cliente : Boa noite, quero encomendar pizzas...
Telefonista : Pode-me dar o seu NIDN?
Cliente : Sim, o meu número de identificação nacional é 6102-1993-8456-54632107.
Telefonista : Obrigada, Sr. Lacerda. Seu endereço é Av. Comandante Valódia, 198 ap. 52 B, e o número de seu telefone é 222 494 666, certo? O telefone do seu escritório da Lincoln Seguros é o 226 620 026 e o seu telemóvel é 962 662 566.
Cliente : Como é que você conseguiu essas informações todas?
Telefonista : Nós estamos ligados em rede ao Grande Sistema Central.
Cliente : Ah, sim, é verdade! Eu queria encomendar duas pizzas, uma quatro queijos e outra calabresa...
Telefonista : Talvez não seja uma boa ideia...
Cliente : O quê?
Telefonista : Consta na sua ficha médica que o Sr. sofre de hipertensão e tem a taxa de colesterol muito alta. Além disso, o seu seguro de vida proíbe categoricamente escolhas perigosas para a sua saúde.
Cliente : É. Tem razão! O que você sugere?
Telefonista : Por que é que o Sr. não experimenta a nossa pizza Superlight, com tofu e rabanetes? O Sr. vai adorar!
Cliente : Como é que você sabe que vou adorar?
Telefonista : O Sr. consultou o site 'Recettes Gourmandes au Soja' da Biblioteca Municipal, dia 15 de Janeiro, às 14:27h, onde permaneceu ligado à rede durante 39 minutos. Daí a minha sugestão...
Cliente : OK, está bem! Mande-me duas pizzas tamanho família!
Telefonista : É a escolha certa para si, sua esposa e seus 4 filhos, pode ter certeza.
Cliente : Quanto é?
Telefonista : São Kz. 3.699,90
Cliente : Você quer o número do meu cartão de crédito?
Telefonista : Lamento, mas o Sr. vai ter que pagar em dinheiro. O limite do seu cartão de crédito foi ultrapassado.
Cliente : Tudo bem, eu posso ir ao Multicaixa levantar dinheiro antes que chegue a pizza.
Telefonista : Duvido que consiga, o Sr. está com o saldo negativo no banco.
Cliente : Meta-se na sua vida! Mande-me as pizzas que eu arranjo o dinheiro. Quando é que entregam?
Telefonista : Estamos um pouco atrasados, serão entregues em 45 minutos. Se o Sr. estiver com muita pressa pode vir buscá-las, se bem que transportar duas pizzas na moto não é aconselhável, além de ser perigoso...
Cliente : Mas que história é essa, como é que você sabe que eu vou de moto?
Telefonista : Peço desculpas, mas reparei aqui que o Sr. não pagou as últimas prestações do carro e ele foi penhorado. Mas a sua moto está paga, e então pensei que fosse utilizá-la.
Cliente : @#%/§@&?#§/%#
Telefonista : Gostaria de pedir ao Sr. para não me insultar... Não se esqueça de que o Sr. já foi condenado em Julho de 2006 por desacato em público a um Agente da autoridade.
Cliente : (Silêncio)
Telefonista : Mais alguma coisa?
Cliente : Não, é só isso... Não, espere... Não se esqueça dos 2 litros de Coca-Cola que constam na promoção.
Telefonista : Senhor, o regulamento da nossa promoção, conforme citado no artigo 095423/12, proíbe a venda de bebidas com açúcar a pessoas diabéticas...
Cliente : Aaaaaaaahhhhhhhh!!!!!!!!!!! Vou-me atirar pela janela!!!!!
Telefonista : E torcer um pé? O Sr. mora no rés-do-chão!
escrito por ai.valhamedeus [com um beijo para a Sandra Soares]
A PALAVRA QUE CHOCA
Vivemos num mundo em que as palavras se destinam
[e cada vez mais]a esconder o pensamento. Nesse afã, as palavras são ajudadas pela "pose" de quem as pronuncia
[temos, entre nós, um primeiro ministro exemplar, sob esse aspecto].Algo do género defende o editorial do Le Monde de hoje, ao reflectir sobre a posição dos actuais governantes franceses no que respeita ao Irão.
Pensar nisso sempre, mas jamais falar disso. O velho adágio está a ser seguido com rigor pelo governo francês, em particular quando se trata das relações com o Irão. Depois de Bernard Kouchner ter provocado uma polémica ao declarar que era preciso prepararmo-nos para o pior, "isto é, para a guerra", a palavra tornou-se tabu. Nicolas Sarkozy acaba de repreender, duas vezes, o seu ministro dos negócios estrangeiros. Numa entrevista concedida ao New York Times, retoma a fórmula que tinha já utilizado, na semana passada, na televisão: "Por mim, diz, eu não emprego a palavra 'guerra'." O próprio Kouchner utiliza paráfrases para não pronunciar mais "a palavra que choca".Tudo se passa como se a ausência de pronunciamento criasse (a ilusão d)o desaparecimento da realidade (não) pronunciada. Mas as coisas permanecem
Para além das palavras, há as coisas. E a coisa, na ocorrência, é a eventualidade de um bombardeamento americano, israelita ou israelo-americano, às instalações nucleares iranianas, caso não haja acordo entre a comunidade internacional e as autoridades de Teerão.
[no mundo físico ou no pensamento],para além do (não) pronunciamento. E, mais do que na realidade, o "perigo" está naquela ilusão. Digo eu...
escrito por ai.valhamedeus LEIA O RESTANTE >>
LEIT(e)URAS [16] RévoCul da música pop
É a revolução cultural da indústria do disco. “RévoCul”, diziam os maoistas nos anos 1960. Descargas/downloads, MP3, Youtube, MySpace… A música muda de costumes, as editoras estão em dificuldade, os músicos emancipam-se e os internautas pirateiam. Para testemunhar esta reviravolta, o Courrier International convidou Manu Chao, que lançará um novo disco em Setembro. O último, diz ele.
É um dossiê de 8 páginas do número 873 da versão francesa daquele jornal. Está aqui, em francês – e, para o ler, basta clicar nas imagens.
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A ERA DA DISTRACÇÃO
Vale a pena traduzir (e ler) na íntegra o artigo de Miguel Ángel Santos Guerra, docente na Universidade de Málaga, como muitos saberão. O artigo intitula-se “La Era de la Distracción”:
Vivemos na era da distracção, na era das interrupções. A cada momento recebemos propostas para pensarmos em algo de diferente do que estávamos a pensar, para fazermos algo de diferente do que estávamos a fazer. É difícil concentrarmos a atenção de forma prolongada em algo ou alguém, porque os distractores que reclamam a mudança de foco são permanentes, multifacetados e poderosos. Resumindo, é muito fácil perder o fio à meada.escrito por Gabriela Correia, Faro LEIA O RESTANTE >>
O comando do televisor, o telefone e o computador são três bons exemplos disso. O comando à distância é um instrumento que utilizamos para saltos frequentes de um canal para outro, de um programa para outro. As interrupções dos filmes através de blocos de publicidade são mais longas do que o próprio filme. E, desde logo, cada bloco publicitário faz-nos saltar, numa fracção de segundos, de um anúncio de um carro para um gel de banho, de uma máquina de lavar para uma varinha mágica, de um hambúrguer para uma batedeira.
Qualquer telejornal nos transporta, em segundos, da guerra no Iraque à atribuição de um prémio literário, de uma inauguração a uma partida de ténis, de um incêndio a uma detenção da polícia.
Outro objecto que nos ajuda a saltar com facilidade de um assunto para outro, de uma pessoa para outra, de um lugar para outro é o telefone. O toque do telefone pode interromper uma aula, um acto de amor, uma conversa, uma refeição, um concerto ou uma cerimónia religiosa (um padre com sentido de humor costumava dizer aos seus paroquianos antes de começar a missa: é sabido que Deus comunica connosco através de meios de que nem suspeitamos. Todavia, ainda não se demonstrou que o faça através do telemóvel. Por favor, desliguem-no). O toque do telefone diz-nos imperiosamente; “Tanto se me dá o que estavas a fazer. Agora atendes-me a mim.”
As mensagens pequenas (e respectivas abreviaturas) imprimem às conversas um ritmo apressado. São mais baratas e menos comprometedoras. Gastam pouco do nosso tempo. Quando se começa uma conversa sabe-se quando a encetamos, mas não quando vai terminar. Por outro lado, sabe-se que se escrevermos uma mensagem breve nos levará uns segundos. Não é fácil aprofundar um tema, qualquer que ele seja, através de um SMS. O meio condiciona substancialmente a mensagem.
Há três dimensões pessoais onde a interrupção acontece, de forma assaz intensa. A primeira é o trabalho. Não só o trabalho para toda a vida deixou de existir, como também ocorrem interrupções quase constantes nas tarefas que executamos. As mudanças são frequentes. Este facto tem consequências inerentes importantes na escolha, formação e organização do emprego.
Outra é a amizade. O problema não está em fazer amigos. O problema está em mantê-los, cuidarmos deles, cultivarmos as relações. Em resumo, mantermo-nos a elas leais. Há uma grande quantidade de amizades fugazes (binómio quase tão contraditório como o da neve a escaldar). “Era meu amigo” é um contra-senso. “Leva-me no teu coração”, disse Horácio a Hamlet. Assim, simplesmente: sem condições, sem exigências, sem preço, sem prazos, sem hipotecas, sem chantagens. A essência do sentimento de amizade é a lealdade. Lealdade significa etimologicamente”estar com”.
O terceiro é o amor. Basta vermos um programa do coração ou ler a imprensa cor-de-rosa para vermos com que facilidade se muda de parceiro. Aparecem terceiras pessoas, produz-se o cansaço, apresentam-se dificuldades. A frase de Fernández Flórez está hoje particularmente actual: “ Amar-te-ei eternamente até 5ª F”.
O entusiasmo de hoje pode resultar na indiferença, no ódio ou na agressividade de amanhã. Cada vez são mais frequentes as histórias de amor e de amizade que correspondem ao esquema de “se te vi, não me lembro”. “Não importa”, parece dizer quem as protagoniza. A vida bate-nos à porta, oferecendo-nos outra história provavelmente tão fugaz quanto a anterior. E toca a viver, que a vida são dois dias.