Palestina livre!

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POST HOC e PROPTER HOC

Nunca sei se os estudiosos destes estudos (em número cada vez maior) sabe distinguir (e distingue) post hoc de propter hoc (ou, na língua de Pessoa, "depois de..." de "por causa de...").

As confusões acontecem também nas estatísticas sobre a relação entre álcool e acidentes nas estradas.

Hoje, ocorreu um acidente depois de eu ter saído da ginástica. Mas duvido de que o acidente tenha ocorrido por causa de eu ter saído da ginástica.

escrito por ai.valhamedeus

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DISCUSSÃO DISPUTADA

A discussão sobre temas religiosos encalha sempre no mesmo areal: os que se escandalizam com as críticas à estrutura religiosa exigem que os críticos assinalem também os aspectos positivos. Ou seja, a oposição não rebate a crítica, quer impor um método.


Igreja católica e pedofiliaUm exemplo tirado deste Blog: o caso dos padres pedófilos. Denuncia-se não só a cobardia
[a criança é mais fácil de seduzir e manter submissa e calada]
mas também a canalhada do predador amigo da onça que se aproveita de crianças que as famílias entregaram à sua responsabilidade
[caso de acólitos e seminaristas].
É um tema escabroso que devia ser discutido abertamente, mas quando sai à superfície a ponta do iceberg, em vez da esperada crítica e autocrítica das estruturas emporcalhadas por tais actividades, o que vemos é o grito de escândalo e o rasgar de vestiduras. Aqui d’el Rei que os malvados nos querem destruir a Igreja!

Em vez de uma atitude de vergonha solidária, põem cara de escandalizados e começam a disparar informação que nada tem a ver com o caso em discussão. Tratam logo de minimizar a questão ou desviá-la para o contraste numérico: por cada pedófilo há muitos padres que o não são; há muitos padres que gastam a vida nos seminários e colégios e nunca tocaram num aluno; há padres que dedicam a sua vida aos pretinhos nos palúdicos territórios da África pagã; há padres que são bons filhos e bons irmãos.

Ninguém nega esta possibilidade. São verdades de Lapalisse. Argumentação que não argumenta; que nada diz sobre o que se discute; que nada útil traz à discussão e muito menos às possíveis soluções. Estas boas almas (?) parecem esquecer-se de que um pedófilo pode ser um bom filho; pode ter estado muitos anos ensinando num seminário, ou em África, e nada disso altera ou minimiza o dano que que fez a esses alunos ou aos «pretinhos» dos internatos da Missão. Quem assim justifica o pedófilo
[mesmo que seja só com o intuito de defender a Igreja]
torna-se cúmplice do seu delito e do seu pecado.

escrito por José Alberto, Porto Rico

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ARGUMENTAÇÃO 4. falácias formais e informais

Nota prévia: este texto foi motivado pela irritação que me têm provocado algumas declarações do presidente do conselho de ministros português.

Falácias
No último texto, procurei responder à pergunta
o que é um argumento bom?
Em síntese, um argumento é bom/cogente, se, ao analisá-lo, for possível responder afirmativamente a estas 3 perguntas:
  • o argumento é válido?
  • o argumento tem premissa(s) verdadeira(s)?
  • o argumento tem premissa(s) mais plausível(s) que a conclusão?
Se qualquer uma destas perguntas for respondida negativamente, estamos perante um argumento falacioso. Procurarei a seguir esclarecer o que é uma falácia e distinguir 2 tipos de falácias: as formais e as informais.
  1. Analisemos este argumento acerca do sentido da vida:
    Se Deus existe, então a vida tem sentido.
    Deus não existe.
    Logo, a vida não tem sentido.
    Este argumento parece válido. Mas não é válido, e veremos a seguir porquê.

    Segundo a primeira premissa, a vida tem sentido se Deus existir: esta premissa será verdadeira se, cumprida
    [e por se cumprir]
    a condição de Deus existir, a vida tiver sentido. No entanto, a segunda premissa afirma que Deus não existe: e o que é que sobre esta não existência se diz na primeira premissa? nada. Insisto: o que a primeira premissa afirma é que, se Deus existir, a vida tem sentido; e se Deus não existir? sobre isso a primeira premissa não diz nada: a vida tanto pode ter sentido como não ter. Portanto, neste caso, mesmo que as duas premissas sejam verdadeiras, a conclusão tanto pode ser verdadeira como falsa. Ou seja, de acordo com a definição de argumento válido, que já expliquei, este argumento é inválido: se as premissas forem verdadeiras, a conclusão tanto pode ser verdadeira como falsa.

  2. Portanto, o argumento anterior parece válido mas é inválido. Não obedece, portanto, à primeira condição dos argumentos cogentes: estes argumentos são falaciosos.

  3. A forma do argumento anterior
    [um dia destes, explico este conceito de forma, que aqui espero ser "intuído"]
    é esta (P="Deus existe"; Q="A vida tem sentido"):
    Se P, então Q.
    Não P.
    Logo, não Q.
    Portanto, concluimos da exposição anterior que esta forma é inválida. E, portanto, nenhum argumento que tenha esta forma é válido. Dou só 1 exemplo, entre bué de exemplos possíveis que, por terem esta forma, são inválidos:

    Vamos supor que estamos no último jogo do campeonato português de futebol, com o Futebol Clube do Porto (FCP) em primeiro lugar, o Benfica em segundo com menos 3 pontos e o terceiro classificado sem hipótese de vencer o campeonato. Nestas condições, o argumento
    Se o FCP ganhar o jogo, então ganha o campeonato.
    O FCP não ganhou o jogo.
    Logo, o FCP não ganhou o campeonato.
    não é válido: se as duas premissas forem verdadeiras, a conclusão pode ser falsa
    [e um argumento destes é, por definição, inválido]
    -- para que a conclusão seja falsa, basta que o jogo acabe empatado ou que o FCP faça um resultado melhor do que o Benfica fez na primeira mão.

  4. Se um argumento tiver uma forma inválida, não obedece à primeira condição dos argumentos cogentes, acima referida. Ou seja, é uma falácia em virtude da forma: é uma falácia formal. No entanto, um argumento pode ter uma forma válida
    [ser formalmente válido]
    e mesmo assim ser falacioso: basta que, por exemplo, não tenha premissa(s) verdadeira(s)
    (ver segunda condição dos argumentos cogentes).
    Exemplificarei isto com este exemplo:

    José Sócrates tem repetido insistentemente que quem não quer esta avaliação de professores não quer ser avaliado. O argumento, formalizado, ficaria assim:
    Ou os professores são avaliados por este modelo ou não são avaliados.
    Os professores não são avaliados por este modelo.
    Logo, não são avaliados.
    Este argumento tem uma forma válida (P="os professores são avaliados por este modelo"; Q="os professores não são avaliados"):
    Ou P ou Q.
    Não-P.
    Logo, Q.
    Portanto, é um argumento (formalmente) válido: se as premissas forem verdadeiras
    [se for verdade que a) ou os professores são avaliados por este modelo ou não são avaliados; b) os professores não são avaliados por este modelo],
    a conclusão tem que ser verdadeira
    [os professores não são avaliados].
    O mal deste argumento é que a primeira premissa
    [uma premissa disjuntiva]
    não é verdadeira. A disjunção não é verdadeira, porque não esgota todas as possibilidades: há, de facto, outras possibilidades para além das enunciadas: os professores ou são avaliados por este modelo ou são avaliados por outros modelos ou não são avaliados. Como a primeira premissa não é verdadeira, a conclusão tanto pode ser verdadeira como falsa -- e, por isso, este não é um bom argumento. É uma falácia.

  5. Ora, este segundo argumento é falacioso não em virtude da forma
    [como era o primeiro],
    mas em virtude de outras razões não formais
    [no caso, a falsidade duma premissa].
    Por isso, é uma falácia informal.

  6. Às falácias exemplificadas pelo último exemplo chamamos, por razões óbvias, falácias do falso dilema.
escrito por ai.valhamedeus [com um beijo para o Filipe, benfiquista ferrenho e meu consultor desportivo]

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AS FALÁCIAS DO VITAL

Com o texto A manife e Vital Moreira, o Carlos Lopes motivou-me a ida, pela primeira vez, ao blogue do Vital
[aonde nunca tinha ido, porque há muito tempo deixei de achar piada aos gajos que são "a voz do dono". Mas fui, para ver].
Tenho posto de lado a série de textos sobre a argumentação, que comecei de escrever, porque esta fase
[a fase de testes]
é particularmente absorvente para os professores
[facilmente se esgotam as horas semanais que o Ministério reserva para trabalho individual].
Mas um dia destes hei-de acrescentar aos textos que já escrevi sobre falácias, um outro sobre o assunto. Os textos panfletários que Vital Moreira escreve hoje
[Terreno congestionado e Roer a corda]
ajudariam imenso na tarefa. Sirvam de prova só estas duas breves notas:
  • Poço envenenado é uma falácia que consiste em
    [explica Anthony Weston, em A Arte de Argumentar, da Gradiva]
    "usar uma linguagem tendenciosa para denegrir um argumento ainda antes de este chegar a ser apresentado". O Vital chama "fronda" a esta luta contra este modelo de avaliação
    [enfim... isso será o menos, até porque permite-lhe exibir um certo encicloped(ant)ismo];
    e aos que apoiam essa luta chama "manada". Apetece descer ao nível do poço envenenado do Vital e responder-lhe: "Tá bem, boi!"

  • Em Roer a corda, Vital defende que os sindicatos são "tábua de sustentar prego". Metáfora bonita
    [eventualmente, e mais uma vez, encicloped(ant)ista],
    mas nada mais que isso. Que argumento apresenta o Vital para defender essa tese? Este: os sindicatos assinaram um acordo e agora rompem o acordo. Não veria problema nenhum se assim fosse
    [quantos acordos se não rompem por aí, meu deus?!],
    mas o ponto não é esse. Os sindicatos, de facto, entenderam-se com o Ministério em alguns pontos, mas esse entendimento não incluía qualquer acordo acerca de 2 pontos
    [no documento a plataforma sindical deixou expresso esse desacordo]:
    acerca deste modelo de avaliação e acerca da divisão da carreira em 2 níveis. Portanto, o Vital incorre aqui na falácia da supressão de dados: apresenta "unicamente a parte dos dados que sustenta a afirmação, ignorando as partes que a contradizem"
    [Anthony Weston, ob. cit.].
Estes não são os únicos aspectos fracos da péssima argumentação do Vital. E, dada a teórica formação académica do Vital, era de supor que ele conhecesse isto. E talvez conheça -- mas isto de ser a voz do dono...

escrito por ai.valhamedeus

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LEIT(e)URAS [30] humor e filosofia

Os textos sobre Lógica que escrevi ultimamente têm despertado o sentido de humor de alguns leitores do Ai Jesus!. E tal, digo eu, não é por acaso
[e por acaso haverá algo por acaso?].
Se investigássemos a origem do (sor)riso
[porque é que (sor)rimos?],
talvez fôssemos dar à Lógica
[eventualmente, à falta de Lógica ou à Lógica... inesperada: é desta ambiguidade lógica que se alimentam, por exemplo, os trocadilhos].
Se tomamos a Filosofia na conta de coisa inevitavelmente séria, é porque a conhecemos mal. Não acreditando em mim, é só perguntar aos autores
[Thomas Catchcart e Daniel Klein]
de um livrinho, da Dom Quixote, que está aí em destaque nalgumas livrarias e tem o título humorístico de Platão e um Ornitorrinco entram num bar... e o subtítulo Filosofia com humor. Na Introdução, a páginas 10-12, riem eles, e fazem-nos rir, nestes termos:
A construção e reacção às piadas e a construção e reacção aos conceitos filosóficos são feitas do mesmo material. Estimulam a mente de formas semelhantes. Isto acontece porque a filosofia e as piadas têm origem no mesmo impulso: confundir a nossa percepção das coisas, virar os nossos mundos de pernas para o ar e deslindar as verdades escondidas, e muitas vezes desagradáveis, sobre a vida. Aquilo que o filósofo considera uma revelação, o cómico considera uma paródia.

Consideremos, por exemplo, a seguinte piada clássica. À superfície, parece deliciosamente parva, mas numa inspecção mais atenta toca no coração da filosofia empirista britânica — a questão de saber qual o tipo de informação acerca do mundo em que podemos confiar.

Morty chega a casa e encontra a mulher com Lou, o seu melhor amigo, nus na cama. No momento em que Morty se prepara para abrir a boca, Lou salta da cama e diz:

-- Antes de dizeres alguma coisa, velho amigo, em que é que vais acreditar, em mim ou nos teus olhos?

A0 desafiar a primazia da experiência sensorial, Lou coloca a questão de que tipo de informações são certas e porquê. Será uma forma de reunir factos acerca do mundo — por exemplo, através da visão — mais fiável do que outras — por exemplo, através de um salto de fé que aceita a descrição que Lou faz da realidade?

Eis outro exemplo de piada filosófica, neste caso uma paródia ao Argumento por Analogia, que afirma que se dois resultados forem semelhantes devem ter uma causa semelhante:

Um homem de 90 anos vai ao médico: 
-- Sr. Doutor, a minha mulher de 18 anos está à espera de bebé.
O médico replica: 
-- Deixe-me contar-lhe uma história. Um homem foi caçar mas, em vez de uma espingarda, pegou num chapéu-de-chuva por engano. De repente, quando foi atacado por um urso, pegou no chapéu-de-chuva, disparou contra o animal e matou-o. 
-- Impossível -- disse o homem. -- Foi outra pessoa que matou o urso.
-- É precisamente onde quero chegar! - declarou o médico.
escrito por ai.valhamedeus

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ARGUMENTAÇÃO 3. verdade e plausibilidade

GambitoNo texto anterior, tratei de explicitar o conceito de validade, aplicado aos argumentos. Repito: um argumento é válido quando a conclusão se segue das premissas. Dito de outro modo: um argumento é válido quando, se as premissas forem
(hipoteticamente)
verdadeiras, a conclusão for
(hipoteticamente)
verdadeira
[necessariamente ou provavelmente].
Veio isto a propósito da pergunta; o que é um argumento bom? Para já, a resposta é: um argumento bom tem que ser válido.
  1. A validade de um argumento é, portanto, condição necessária a um bom argumento. Mas não é condição suficiente. Para verificar que, para um argumento ser bom, não basta ser válido, tomemos este exemplo:
    "Se me sair o euromilhões, vou comprar o carro dos meus sonhos. Saiu-me o euromilhões. Então vou comprar o carro dos meus sonhos".
    Se o objectivo deste argumento é provar (por)que vou comprar o carro, o argumento... falha. Falha, embora seja válido: se a condição para eu comprar o carro é sair-me o euromilhões e se me tivesse saído o euromilhões, então não restavam dúvidas acerca da compra do carro. Só que a conclusão é falsa: eu, garanto, não vou comprar carro nenhum. E a conclusão não é (necessariamente) verdadeira porque a segunda premissa não é verdadeira: de facto, não me saiu euromilhões nenhum
    [atenção: só digo que é que a conclusão não é necessariamente verdadeira em função da verdade das premissas. De acordo com a definição de argumento válido, apresentada no último texto, a conclusão até poderia ser verdadeira. Mas não em função das premissas: podia sê-lo por outra razão qualquer].
  2. Em conclusão: para um argumento ser bom tem que ser válido e ter premissas verdadeiras: se for válido e tiver premissas verdadeiras, a conclusão será verdadeira. A um argumento com as duas características anteriores chamaremos sólido.

  3. Para um argumento ser bom tem, pois, que ser sólido. Mas para um argumento ser bom não basta ser sólido. E isto percebe-se analisando este argumento:
    "Carlos Lopes é um dos autores do Ai Jesus!. Logo, Carlos Lopes é um dos autores do Ai Jesus!".
    Este é um argumento válido
    [se a premissa for verdadeira, não há dúvida nenhuma de que a conclusão o será também, necessariamente].
    E a sua premissa é verdadeira
    [como atestam os textos aqui publicados por Carlos Lopes].
    E, apesar disso, percebemos facilmente que este não é um bom argumento: se o objectivo deste argumento é justificar a verdade da conclusão com a premissa, é óbvio que não precisamos deste argumento para nada.

    Dito de outro modo: a força maior dum argumento encontra-se na(s) premissa(s): é a partir dela(s) que se segue a conclusão. No exemplo anterior, uma vez que a conclusão repete a premissa, a premissa não tem mais força do que a conclusão.

    Tiremos, então, a "lição": para que um argumento seja bom, é necessário que seja sólido
    (isto é, que seja válido e tenha premissas verdadeiras)
    e tenha premissa(s) mais plausível(s) que a conclusão.

  4. Como se percebe do último parágrafo, verdade e plausibilidade são conceitos diferentes: um argumento pode ter premissas verdadeiras ou falsas, mas, em qualquer dos casos, a(s) premissa(s) podem(s) ser mais ou menos plausíveis do que a conclusão. Uma proposição é verdadeira em si própria; a plausibilidade define-se na relação com um sujeito.
    "Acabo de saber que João, um jovem simpático cá do bairro, desapareceu. Quem me deu a notícia garantiu que o João caiu a um poço. Aceitei essa possibilidade... há, de facto, aqui um poço numa quinta -- e era hábito do João andar por aí a saltaricar...

    Entretanto, a minha vizinha apareceu, desmentindo: o João foi raptado por extra-terrestres. E até gritou o que nos grita com frequência: "Eu não vos digo? eles andam aí!...".
    Deixando-nos de estórias... A proposição "João foi raptado por extra-terrestres" é para mim menos plausível do que esta: "João caiu a um poço". No entanto, para a minha vizinha, que acredita piamente em extra-terrestres, a primeira é mais plausível que a segunda. Independentemente da maior ou menor plausibilidade, a proposição "João foi raptado por extra-terrestres" será, em si, verdadeira ou falsa conforme João tenha sido ou não raptado por extra-terrestres
    [repito: mesmo que isso me pareça pouco plausível e pareça muito plausível à minha vizinha].
  5. Assim sendo,
    Todos os Homens são mortais
    D. Afonso Henriques é Homem
    Logo, D. Afonso Henriques é mortal
    não é um bom argumento. É válido, tem premissas (e conclusão) verdadeiras, mas a conclusão é mais plausível do que a primeira premissa. Para aceitarmos a conclusão, não precisamos das premissas: é mais fácil aceitarmos a conclusão
    (este é o Afonso Henriques que viveu no século XII: já morreu...)
    do que a referida premissa
    (é bem plausível que todos os Homens sejam mortais -- mas aos actualmente vivos ainda resta alguma esperança de que assim não seja).
  6. Sabemos agora quais as condições de um bom argumento. De um argumento que seja válido, tenha premissas verdadeiras e tenha premissas mais plausíveis que a conclusão, diremos que é cogente.

    O "livro do professor" que acompanha o manual de Filosofia do 11º ano adoptado na Escola onde trabalho exemplifica este conceito com 2 exemplos contrastantes bem esgalhados. Um argumento cogente:
    "Se o leite estivesse estragado, teria mau cheiro; mas o leite não tem mau cheiro; logo não está estragado.
    Um outro não cogente:
    "Se o leite está estragado, tem mau cheiro; o leite está estragado; logo, tem mau cheiro".
    Ambos os argumentos são sólidos
    [diga lá porquê];
    a diferença está em que sabemos mais directamente -- é mais plausível -- que "O leite tem mau cheiro"
    (premissa no 1º exemplo; conclusão, no 2º)
    do que "O leite está estragado"
    (conclusão no 1º exemplo; premissa, no 2º).
Esclarecidas
[espero...]
as condições de um bom argumento, estudaremos a seguir alguns casos exemplares de argumentos em que se não cumprem todas as 3 condições: o tema do próximo texto serão as falácias.

escrito por ai.valhamedeus

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ARGUMENTAÇÃO 2. validade dos argumentos

Escola de Atenas

Terminei o texto anterior com a pergunta: o que é um bom argumento? Dado que a argumentação visa obter a adesão do "auditório" a uma tese, através da justificação racional, um bom argumento deve ter, cumulativamente, 3 características:
  1. ser válido, para que da verdade das premissas se possa "extrair" a verdade da conclusão;
  2. ter premissas verdadeiras, condição necessária para que a conclusão também o seja;
  3. ter premissas convincentes: a força do argumento está nas premissas, com as quais pretendemos justificar a conclusão; por isso, as premissas devem ser mais aceitáveis que a conclusão.
Neste texto procurarei esclarecer o conceito de validade de um argumento. Se não for dito o contrário, aqui, validade é sinónimo de validade formal
[mais abaixo, esclarecerei a diferença entre validade formal e validade informal].
  1. Vamos partir de um argumento famoso: o argumento do cornudo:
    "Tu tens tudo o que não perdeste. Tu não perdeste cornos. Logo, tens cornos".
    Trata-se de um argumento válido, porque, se admitirmos que as premissas
    (as 2 primeiras proposições)
    são verdadeiras, temos que admitir que a conclusão
    (a terceira proposição)
    também é verdadeira. O "problema" com este argumento está em que a 1ª premissa
    [e até a segunda, mas mais subtilmente]
    é falsa; mas isso é outra coisa: quando queremos avaliar a validade de um argumento, supomos que as premissas são verdadeiras, mesmo que efectivamente sejam falsas...

  2. Há um poema de Fernando Pessoa que começa assim:
    "A morte chega cedo, / Pois breve é toda vida".
    Tirando-lhes a carga poética, há algo de estranho nestes 2 versos, embora possam já não provocar estranheza: é a declaração de que toda a vida é breve. Toda?!, poderíamos perguntar ao poeta. Como é que ele fundamenta essa conclusão? Como é que a fundamentamos nós, todos os que pensamos como ele, que toda a vida é breve? Baseados na nossa experiência passada, construimos um argumento mais ou menos assim:
    "Até hoje, nenhum dos seres vivos viveu durante muito tempo. Logo, nenhum ser vivo vive durante muito tempo".
    Trata-se, mais uma vez, de um argumento válido: a premissa apoia, sustenta, logicamente a conclusão. Aceitamos a verdade da conclusão porque aceitamos a verdade da premissa.

  3. É fácil de ver que o tipo de validade do segundo argumento é diferente do tipo de validade do primeiro. No caso do argumento do cornudo, se as premissas forem verdadeiras, a conclusão é necessariamente verdadeira. No caso do argumento sobre a brevidade da vida, mesmo sabendo que a premissa é verdadeira, a conclusão é só provavelmente (ou, se se preferir, muito provavelmente) verdadeira. Ao primeiro tipo de validade chamamos validade dedutiva; o segundo argumento tem validade não dedutiva.

  4. Justifica-se esclarecer melhor a relação entre, por um lado, a verdade/falsidade das proposições que constituem os argumentos e, por outro, a validade dos argumentos.

    (a) Se um argumento tiver premissas verdadeiras e conclusão falsa, esse argumento é inválido.

    Não há, portanto, hipótese de um argumento ser válido se tiver premissas verdadeiras e conclusão falsa. Então, se um argumento tiver premissas falsas e conclusão falsa, será inválido? Não, pode ser válido, e aqui está uma prova:
    "Todos os brasileiros são europeus. Os habitantes de Pequim são brasileiros. Logo, os habitantes de Pequim são europeus".
    Todas as proposições são falsas; no entanto, SE as premissas fossem verdadeiras, a conclusão teria que ser verdadeira. É, pois, um argumento válido (com validade dedutiva).

    Ou seja
    [e de acordo com o acima estabelecido em (a)],
    (b) para analisar a validade de um argumento, independentemente da verdade/falsidade efectiva das premissas, supomos que elas são verdadeiras e perguntamos: nestas circunstâncias, a conclusão é necessariamente ou provavelmente verdadeira? Se a resposta for afirmativa, o argumento é válido; caso contrário, o argumento é inválido.

    Eis um exemplo de um argumento com premissas verdadeiras e conclusão verdadeira, mas inválido:
    "Se os cariocas forem portugueses, são europeus. Os cariocas não são portugueses. Logo, os cariocas não são europeus".
    A conclusão é verdadeira não por as premissas serem verdadeiras; é verdadeira por acaso. É só pensar num outro argumento com a mesma forma, cuja conclusão é falsa...:
    "Se os parisienses forem portugueses, são europeus. Os parisienses não são portugueses. Logo, os parisienses não são europeus".
  5. Até aqui, sempre que falei em validade, era de validade formal que estava a falar. No entanto, um argumento pode ser inválido quando consideramos a forma, mas válido por razões que não têm que ver com a forma. Vejamos...

  6. O argumento
    "Ptolomeu diz que o Sol gira em torno da Terra. Logo, o Sol gira em torno da Terra"
    não é válido: a premissa é verdadeira, mas a conclusão é falsa. A forma deste argumento é
    Fulano diz que P. Logo, P.
    Portanto, todos os argumentos que tiverem esta forma têm forma inválida: são formalmente inválidos. Ou seja, o argumento seguinte, que tem essa forma, é formalmente inválido:
    "Os nutricionistas dizem que devemos comer mais peixe do que carne. Logo, devemos comer mais peixe do que carne".
    No entanto, neste caso, nós aceitamos a verdade da premissa e, por isso, a verdade da conclusão: comemos mais peixe porque os nutriconistas o dizem. Trata-se, pois, de um argumento cuja conclusão é apoiada pela premissa: é válido. Mas é válido não em função da forma, mas em função da análise do contexto do argumento: no caso, a competência científica dos nutricionistas. Tem, por isso, validade informal.

    É deste modo
    [analisando se as premissas são ou não as adequadas; se os dados de partida, as premissas, podem realmente justificar a conclusão; se intervêm elementos do contexto que podem perturbar a validade do argumento...]
    que nos comportamos muitas vezes perante quem argumenta: se (ou)virmos alguém exprimir na televisão uma opinião, não é seguro confiar nela; mas confiamos, se (ou)virmos um especialista na matéria...
Esclarecido
(espero)
um dos 3 requisitos de um bom argumento, no início enunciados -- a validade --, atentarei, em próximo texto, nos restantes.

escrito por ai.valhamedeus

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ARGUMENTAÇÃO 1. a argumentação

A argumentação, lógica, filosofia

Este é o primeiro texto de uma série, escrita a pensar nos meus alunos no pressuposto de que lhes poderá ser útil. Por razões que (nem só) eles sabem, começo com o tema da argumentação e, neste primeiro texto, tentando esclarecer o que é (e não é) a argumentação.
  1. No romance Por quem os sinos dobram, de Ernest Hemingway,
    [cuja acção decorre na Espanha em guerra civil],
    um personagem diz que
    "Os ciganos acreditam que o urso é irmão do homem porque, tirada a pele, tudo é igual e também porque o urso bebe cerveja, gosta de música e sabe dançar" [Lisboa: Edição "Livros do Brasil", p. 43].
    Aqui está um pequeno texto argmentativo. Nele se apresentam razões
    [se são razões aceitáveis ou não, isso é outra coisa...]
    com as quais se pretende mostrar a verdade ou a sustentabilidade de uma posição/tese/conclusão. No exemplo anterior, a conclusão de que o urso é irmão do homem -- e as razões estão introduzidas por "porque".

  2. O seguinte extracto do mesmo romance, onde aparece um dos personagens centrais do enredo
    [Jordan, encarregado de fazer voar uma ponte no momento em que as tropas republicanas atacarem Segóvia]
    não é argumentativo: nele não se defende qualquer tese -- é uma pura descrição:
    "Agora era bem uma manhã dos fins de Maio, céu límpido e alto. Um vento tépido aquecia os ombros de Jordan. A neve derretia-se rapidamente enquanto almoçavam. Vieram duas grandes sanduíches de carne e uma boa fatia de queijo de cabra para cada um, e Robert Jordan tinha cortado com a navalha grossas fatias de cebola que tinha posto de cada lado da carne e do queijo entre os pedaços de pão". (p. 277)
  3. À proposição que queremos defender chamamos conclusão. Às proposições que apresentam as razões para essa conclusão chamamos premissas. Num diálogo com Anselmo
    [um velho espanhol que conhece a zona onde Jordan vai actuar e por isso o guia]
    sobre se é permitido matar pessoas
    [comparando o acto de matar pessoas com a caça de animais],
    Jordan defende que devemos matar os inimigos de guerra (conclusão) porque, se eles sobrevivessem, "voltariam a escravizar-nos" (premissa). Anselmo contra-argumenta, admitindo que em situação de guerra ele também mata, embora sem prazer, mas "considerando isso um pecado", isto é, segundo ele não se deveria matar (conclusão): "porque da semente nasceria ainda mais ódio. [...] E o que os nossos inimigos precisam é de aprender" e para isso precisam de estar vivos (premissas). (p. 45)

  4. Com base nos parágrafos anteriores, vamos explicitar as características de base da argumentação:
    • a argumentação é um processo onde intervêm várias pessoas (é um fenómeno social): nos exemplos anteriores, Jordan e Anselmo. É a esta característica que nos referimos, quando por vezes dizemos que toda a argumentação se desenvolve em função de um auditório.

      E quando, digamos, argumentamos sozinhos, connosco? nesses casos, é como se estivéssemos divididos em dois interlocutores. É o que acontece com Jordan, num momento em que ele, intimamente, se sente "cair na melancolia" e confronta esse estado sombrio com um modo alegre de estar na vida: digamos, é um Jordan como se fossem dois! :-) No final conclui (cá vai o argumento -- qual(s) a(s) premissa(s) e qual a conclusão?):
      "Todos os bons e firmes são alegres (...). É muito melhor ser alegre que é sinal de uma coisa: de uma imortalidade terrestre";
    • com a argumentação pretendemos exercer influência sobre outra(s) pessoa(s), de modo a conseguir a sua adesão a uma tese (isso mesmo! à conclusão). Não se argumenta a favor de [ou contra] algo que é evidente ou quando não há qualquer desacordo entre as várias pessoas. Para dar um exemplo extremo
      [e possivelmente ridículo]:
      não há necessidade de mostrar que este texto está aqui escrito; mas será necessário provar que é um texto bom
      [a menos que o leitor me poupe esse trabalho, por concordar comigo ;-)].
      A argumentação supõe, por isso, a possibilidade de um acordo
      [de um acordo final: se não admitíssemos a hipótese desse acordo, estaríamos a argumentar para quê? seria pura perda de tempo... E de algum acordo inicial: ninguém consegue discutir com alguém com quem não esteja minimamente de acordo nalguns pontos -- ou não é? Quando Jordan chega a Espanha, encontra Pablo que não concorda com a destruição da ponte, porque isso fará as pessoas do sítio virarem-se contra eles; mas ambos estão de acordo quanto à causa republicana e na luta contra as tropas franquistas].
      Mas supõe igualmente a divergência de pontos de vista dos vários intervenientes. Para a perceber bem, basta aplicar esta ideia a situações exemplares de argumentação: os debates eleitorais
      [bem... alguns debates acabam por ser pouco exemplares: às vezes mais parecem conversa de bêbados...],
      os debates parlamentares, os julgamentos em tribunal onde defesa e acusação se confrontam, etc.;

    • a argumentação, na medida em que exige elementos de prova da tese defendida, é um processo que comporta elementos racionais. Uma tese argumentada está no oposto de uma tese imposta pela força: um dos pressupostos fundamentais da argumentação é, por isso, a democracia
      (num sentido geral do termo: a situação em que a "argumentação" da força é substituída pela força da argumentação. A cena do pai que impõe uma decisão ao filho acrescentando apenas "e acabou!", não é propriamente o melhor exemplo de situação argumentativa...).
      Por comportar elementos racionais é que a argumentação está intimamente ligada ao raciocínio e à lógica -- como procurarei mostrar nos próximos textos.

  5. Como diria La Palice
    [o tal que, se não estivesse morto, estaria vivo],
    uma boa argumentação requer bons argumentos. O que é um bom argumento? Tentarei responder a esta pergunta no texto seguinte.
escrito por ai.valhamedeus

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O MINISTRO DA AGRICULTURA

Jaime Silva, o simpático mas ineficiente ministro da agricultura de Sócrates, fez-me lembrar, nas suas declarações, aquela publicidade a um jornal brasileiro. Nessa publicidade se dizia que houve um dirigente que devolveu o orgulho ao seu povo, acabou com a inflação, erradicou o desemprego e desenvolveu o país como nunca antes. Quem foi? Hitler. E acabava assim: nunca, dizendo a verdade, se mentiu tanto.

Ora o ministro da agricultura, ao dizer que a CAP é de direita e a CNA é de esquerda, disse a verdade. Toda a gente sabe que a CAP sempre esteve ligada aos sectores de direita mais radicais e a CNA é uma organização perto do PCP. O que não se pode admitir é que se argumente assim. A reacção do ministro seguiu-se a uma crítica feita por tais associações à política do ministro. E sobre tais críticas dever-se-ia pronunciar o ministro e não sobre as raízes ideológicas dos críticos. Uma das vantagens da liberdade é poder haver ideologias e opiniões diferentes. O ministro, ao responder como respondeu, respondeu mal e porcamente. Disse a verdade, mas ninguém lha pediu, não era exigível naquelas circunstâncias e foi tosco. Foi de resto uma afirmação parva e sem sentido.

Mas é este o PS tão do agrado do Ai.valhamedeus. Que fazer?

escrito por Carlos M. E. Lopes

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O DELITO DE OPINIÃO

Pacheco Pereira produziu para o Público de hoje

[mais]
um texto justificativo da guerra do Iraque. Jogando com conceitos filosóficos
[como o de verdade ou a distinção entre o bem moral e o bem político]
e teorias filosóficas
[como o utilitarismo]
polémicos mas apresentados de forma "pacífica", a peça de Pacheco vale a pena ser lida
[distanciadamente]
como amostra perfeita de um uso frequente da argumentação/retórica -- como instrumento de justificação teórica de práticas duvidosas. É por esta via que actos (dos) políticos prepotentes com frequência ganham carácter "democrático".

Fica aqui o texto
[para leitura, clicar na imagem].
Pacheco Pereira e a guerra do Iraque
escrito por ai.valhamedeus

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BREVES - 13. argumentos... fatais

O discurso político é a melhor fonte de exemplos para distinguir argumentação de retórica. Deixo 4 exemplos:

  1. Fernando Negrão instalou em Lisboa 10 tendas
    [para registar críticas e sugestões dos lisboetas],
    como um "acto simbólico" da "volta" que o candidato social-democrata quer dar ao funcionamento da Câmara. O candidato do PSD justifica a iniciativa com um argumento... fatal: trata-se de "aproximar a autarquia dos cidadãos". Truque velhinho em roupagem nova: os candidatos viajam pelas feiras, mas os eleitos nunca mais lá voltam; os candidatos dão beijos nas velhinhas-coitadinhas, mas os eleitos cortam-lhes as reformas e aumentam a comparticipação nos medicamentos... E o mesmo há-de acontecer com estas tendas
    [que tenda é provisória, não é?].
    Dizia Fernando Negrão: os lisboetas devem ter "uma atitude pró-activa"
    [até parece que o homem anda a fazer publicidade a uma daquelas margarinas ou iogurtes proactive...].
  2. No "frente a frente" da Sic Notícias, Filipe Menezes [FM] defendeu hoje a não realização, em Portugal, do referendo ao novo tratado da União Europeia
    [passado para a presidência portuguesa, talvez por ser apresentado como um tratado "simplex". Digo eu].
    Com um argumento, no mínimo, curioso
    [e certamente... fatal]:
    é previsível que a percentagem de votantes num hipotético referendo fosse muito baixa. Portanto, seria um referendo não vinculativo -- e andaríamos a perder tempo. Ora o autarca do PSD diz estar convencido de que os portugueses querem
    [lá vem o velho sofisma dos políticos]
    é que a União Europeia "ande para a frente", sem empecilhos. Ou seja, os portugueses não querem o referendo.
    Das duas, uma
    [ou das duas, duas]:
    ou FM é burro ou acha que o telespectador é burro.
  3. O ministro da Saúde esconde o relatório da comissão de entendidos que propõe, para a Saúde, as medidas que, contrariando a Constituição, afastam cada vez mais o Serviço Nacional de Saúde da gratuitidade. O argumento é... fatal: as medidas não serão postas em prática nos próximos 2 anos
    [quer dizer, antes das próximas eleições].
    Ou seja, temos a confirmação de que
    • o governo pê-èsse começa a preparar as próximas eleições;
    • no caso de o pê-èsse ganhar as próximas eleições, vai continuar o regabofe da malhação no pessoal...
  4. Segundo contas do Infarmed, o tabaco custou-nos cerca de 434 milhões de euros em cuidados de saúde no ano de 2005. Segundo estudo realizado por investigadores da Universidade Católica Portuguesa e da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, os internamentos motivados pelo tabagismo custaram 126 milhões de euros, os medicamentos, consultas e meios complementares de diagnóstico, mais de 308 milhões.
    Face a tais números, parece sem justificação que o governo economicista do pê-èsse não ataque tamanho malefício. Mas nestas contas faltam alguns números: quanto é que o tabaco rende em impostos; e quantos anos de reforma o Estado poupa, por mortes prematuras de indivíduos que viveriam mais uns anitos
    [a OMS prevê que, a continuarem as coisas como estão, em 2020 morrerão anualmente 10 milhões de pessoas]...
escrito por ai.valhamedeus

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DIZCIONÁRIO [46 falácia]

Acabo de assistir ao habitual frente-a-frente do jornal das 21h da Sic Notícias

[onde há confrontos interessantes mas também autênticas nódoas].
Hoje, entre Vítor Ramalho (VR)
[a defender, como lhe convém, a candidatura de António Costa à Câmara Municipal de Lisboa]
e Nuno Melo
[do CDS/PP. ou ex-CDS/PP?].
Às tantas, Nuno Melo defendeu que não era "pedagógico" o pê-èsse tirar do governo um elemento preponderante para o candidatar a uma Câmara
[nesta altura em que Portugal se prepara para presidir às reuniões da união dos países da Europa, etc. e tal].
Resposta de VR: "isso é um argumento de direita!".

E... pronto! Está anatematizado! Não interessa se tem razão ou não -- é de direita, acabou-se
[supondo VR, digo eu, que o pê-èsse é de esquerda. Muito erradamente, digo eu]!
Saberá VR o que é uma falácia? Saberá VR que a sua "resposta" é falaciosa?

escrito por ai.valhamedeus

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