Para não esquecer...

DIVINO SUMO

Jornada dionisíacaQue alguns amigos se juntem para lembrar tempos muito antigos não é evento com relevo suficiente para merecer a dignidade dos arquivos do aijesus.

Mesmo que o evento tenha lugar numa pitoresca aldeia algarvia, capital portuguesa do polvo: Santa Luzia, numa das fronteiras com Tavira. Mesmo que a lista dos néctares apreciados comece com um rosé Lancer’s mais um verde Muros Antigos, continue com o branco Loios e os tintos Quinta do Carmo (1999), Quinta do Ribeirinho (1997), Encosta de Mouros (1997), Barca Velha (1991), Vega Sicilia (1990), Murganheira (1994), Quinta da Gaivosa (1997), Quinta do Vale Meão (2000), Dão CRF (1998), Calabriga (2000) e finalize com um espumante Vértice.

A dignidade, ganha-a o evento por via das letras

[selecção do “amigo Quim”]
que os néctares regaram. Do respectivo Relatório da dionisíaca jornada santaluziense reproduzo uma citação, introdutória, d’A Cidade e as Serras de Eça de Queirós:

Nada porém o entusiasmou como o VINHO, o VINHO caindo de alto, da grossa caneca verde, um VINHO gostoso, penetrante, vivo, quente, que tinha em si mais alma que muito poema ou livro santo!
e um soneto de Ferrer Lopes: Bendita sejas saborosa pinga
No meio das alegrias e tristezas
em que nos debatemos pela vida.
Quando nas horas cheias de incertezas
procuramos em ti uma guarida…

Quando fartos de ver tantas baixezas
sentimos já nossa alma dolorida.
Num mar encapelado p’las torpezas,
no qual a própria fé está combalida!

És tu, divino sumo milagroso
que nos dás essa efémera alegria
de sentir no viver supremo gozo!

Não foras tu, de mim o que seria?!
Ó perfumado néctar tão mimoso
levai-me às regiões da fantasia.

escrito por ai.valhamedeus e Carlos M. E. Lopes

0 comentário(s). Ler/reagir: