Para não esquecer...

DIZCIONÁRIO [33]

tempo e conta

N'Os Sons Férteis de hoje, numa semana dedicada a Laurindo Rabelo
[ver, no aijesus, o texto Leit(e)uras do passado dia 11],
Paulo Rato leu um soneto do poeta brasileiro. Reproduzo-o:
SONETO VIII - O TEMPO

Deus pede estrita conta de meu tempo,
É forçoso do tempo já dar conta;
Mas, como dar sem tempo tanta conta,
Eu que gastei sem conta tanto tempo?

Para ter minha conta feita a tempo
Dado me foi bem tempo e não foi conta.
Não quis sobrando tempo fazer conta,
Quero hoje fazer conta e falta tempo.

Oh! vós que tendes tempo sem ter conta
Não gasteis esse tempo em passatempo:
Cuidai enquanto é tempo em fazer conta.

Mas, oh! se os que contam com seu tempo
Fizessem desse tempo alguma conta,
Não choravam como eu o não ter tempo.
escrito por ai.valhamedeus

3 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Conheço o poema. Desconhecia o autor...e tenho dúvidas sobre a autoria. Será que posso ter mais dados sobre a "paternidade" desta bela composição?Obrigada. Margarida

Ai meu Deus disse...

As poesias completas de Laurindo Rabelo estão em vários sítios da Web. Por ex.,
aqui
encontra-se o poema em questão.

Ai meu Deus disse...

...embora, no mesmo sítio, uma nota levante (também) dúvidas sobre a autoria do poema: "Segundo Teixeira de Mello, a autoria não é de Laurindo Rabelo, afirmando ser uma tradução de um soneto francês".