Hoje José Miguel Júdice, no Público, faz lembrar, a propósito das declarações de Francisco Louçã sobre os empresários, a falta da credibilidade dos políticos. Considera que os políticos
(neste caso mesmo os mais inovadores)não resistem, tal como a publicidade, ao exagero
(embora pense que o que o Louçã disse seja verdade, ainda que o tenho dito de uma forma bastante agressiva, raiando a injúria. Mas isso é outra coisa).E isto porque ninguém os ouve e quase toda a gente despreza a classe política.
O ai.valhamedeus dá notícia do acordo entre PS e PSD sobre a reforma da justiça dizendo que temos o centrão e tal vem provar que não existe muita diferença entre os dois partidos.
Daqui se tiram algumas conclusões, todas, na minha opinião, verdadeiras:
- – A política e, por isso, os políticos não têm grande prestígio na sociedade portuguesa;
- – A diferença entre as famílias políticas com possibilidades de governar são cada vez menores;
- – Este nivelamento dá cada vez mais a ideia de que as “diferenças” se resumem a ambições pessoais.
Um exemplo. No tempo de Durão Barroso houve uma excursão/manifestação a Espanha por parte do PS Algarve por causa do preço da gasolina, pretendendo chamar a atenção para o facto de a gasolina em Espanha ser mais barata do que em Portugal. A imprensa regional deu o devido relevo ao evento, mostrando Miguel Freitas, Fialho e outros próceres do PS justamente indignados pelo facto, mostrando a incapacidade do PSD em governar, aumentando os combustíveis de forma excessiva. É óbvio que em Espanha, passados quase dois anos de governo PS, os combustíveis continuam mais baratos do que em Portugal
(basta ir ver a bichas monumentais em Ayamonte...).
Este é um pequeno episódio que indicia:
- a inexistência de diferenças entre PS e PSD;
- a falta de credibilidade dos políticos.
E depois admiram-se de que os mandem bardamerda
(ai meu rico Pinheiro de Azevedo!).
Outra coisa é se haverá possibilidades de ser diferente, tanto da natureza dos políticos, como das políticas. Já tive mais esperança.
PS – Faleceu a minha amiga Eneida Campanhã. Foi a única pessoa que se zangou comigo sem eu nunca me zangar com ela. Gostava à brava da miúda, pela inteligência, pelas convicções, pela força, pela raiva. Choro uma amiga e, mais do que isso, uma figura que me marcou indelevelmente. Mesmo não concordando muitas vezes com ela
(nem com o esfriamento das nossas relações),
hei-de continuar a dar comigo a pensar “como reagiria a Eneida?”
escrito por Carlos M. E. Lopes
2 comentário(s). Ler/reagir:
Gostei do "gostava da miúda à brava". Eu ainda gosto!
De um blogue vizinho: quintacativa.blogs.sapo.pt
Rafael Bordalo Pinheiro é que está a fazer falta na Lusitânia para lhes fazer um, ainda maior, manguito que fez aos outros.
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