[Alguns princípios e normas do novo Estatuto da Carreira Docente (ECD)] são dificilmente aceitáveis se encararmos o estatuto não como um fim em si, mas como um meio para melhorar os modos de ensinar e aprender.
De facto, não é esperável uma maior implicação profissional e consequentemente um melhor ensino se o que é proposto é uma criação a partir do zero de uma nova elite profissional colocando na prateleira os que têm investido na profissão, se se verifica um geral agravamento das condições de trabalho (menor e mais tardia redução da componente lectiva), se se define de forma cega e burocrática a contingentação no acesso à condição de professor titular, deixando a larguíssima maioria dos professores condenados ao menor estatuto de professor-professor, se se institui um dispositivo burocrático de avaliação anual (rapidamente convertido num fim em si….), se, se…
Mas, a par destas (e de outras) normas – que espero bem possam ser corrigidas…- não é possível deixar de assinalar uma tendência política absolutamente contraproducente que é a de proletarizar os professores (demasiadas vezes vistos como uns coitados que não sabem pensar e decidir...) e de menorizar as escolas. São numerosas as evidências que comprovam estas práticas. Citemos, quase ao acaso: os exames com o seu claro défice de realidade e os critérios de correcção das provas; as orientação do ME quanto à feitura de horários (disponíveis em www.min-edu.pt) em que expressamente se reconhece que é uma competência do Conselho Pedagógico, mas não obstante se determina que; a subordinação burocrática à autoridade regional (que recebe o mandato político central) impedindo os órgãos próprios das escolas de assumirem as responsabilidades pelas decisões e prestando contas do exercício. E a concepção de que o professor é uma espécie de funcionário privado do Estado a quem não é permitido exercer outras actividades profissionais não conflituantes e exercidas para além do seu horário de trabalho, e pelo aparelho diligentemente controlado, vigiado e, se necessário, punido.
(José Matias Alves, Director do Correio da Educação, das Edições Asa)
escrito por ai.valhamedeus
PROLETARIZAR OS PROFESSORES
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2 comentário(s). Ler/reagir:
Meu caro camarada do proletário corpo docente: espero que as férias tenham corrido bem, para aturar as cavalgaduras de pedagógicos disfarces!
Tudo bem contigo? Obrigado pela saudação, que retribuo com o habitual fervor dialógico, amizade e simpatia. Agora és só funcionário e não prof. Por isso, funciona!!
Abraço!
Exactamente! Somos, isto é querem fazer de nós, o bode expiatório de todos os males( e não são poucos), de que a sociedade enferma. Por um lado, OUTORGAM-NOS A SUPREMA FUNÇÃO de colmatar todas as falhas dos alunos desde as detectadas nos seus percursos académicos, pelos quais os professores são naturalmente(?)e unicamente os responsáveis,passando pelas de natureza cívica, autonomia, educação para a saúde, a cidadania, e mais um ror de outras de que não me lembro, nem tenho espaço para elencar. Por outro lado pintam-nos o retrato a sépia, com cores tão negras que não se entende como a sociedade se atreve a delegar em tais energúmenos incompetentes e ignorantes tão titânicas tarefas.
Gabriela Correia
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