Para não esquecer...

UMA NO CRAVO E OUTRA... TAMBÉM

No Público de hoje o seu director e fabricador de opiniões José Manuel Fernandes (JMF), "desmascara" a desonestidade intelectual dos argumentos "técnicos" do governo para introduzir as novas portagens nas Scut

[os argumentos de que "as zonas servidas por essas Scut já tinham alcançado um nível de riqueza que não justificava a sua manutenção e existiam alternativas onde o tempo consumido não seria mais que 2,3 vezes superior ao gasto seguindo pela via rápida"].
Malabarismos mentirosos:
Acontece que os estudos que serviram de base às decisões anunciadas foram ontem divulgados. Olhando-os com atenção, percebemos que estamos face a uma manipulação grosseira dos números destinada a justificar do ponto de vista "técnico" o que é político: a quebra de mais uma promessa eleitoral.

Se não vejamos. Para justificar a inclusão das Scut com origem no Porto, os estudos consideraram sempre o rendimento do... Grande Porto. Como depois o somaram aos das outras regiões e dividiram pelo número de habitantes, conseguiram que todas essas Scut entrassem no critério definido. Ou seja, misturaram regiões onde o rendimento é superior à média nacional com regiões onde este é inferior a metade da média nacional - procedimento que é, no mínimo, intelectualmente desonesto.

Porém, seguindo apenas este critério, duas outras Scut teriam de ter portagens: a Via do Infante no Algarve e a que liga Abrantes à Guarda, passando pelo distrito do primeiro-ministro, Castelo Branco. Não podia ser, pois colocar portagens na Via do Infante implicaria que o Estado (que construiu e pagou a maior parte desta via) teria de fazer esse investimento e em 2006 não há quase dinheiro para investimento, e colocar portagens a caminho do distrito de José Sócrates estava fora de causa.

Introduziu-se então um outro critério para avaliar a riqueza das regiões atravessadas: calcula o poder de compra nos concelhos por onde passa a Scut. Esta mudança de critério é difícil de entender, mas utilizando-o tirou-se da lista a Auto-Estrada da Beira Interior. Faltava tirar a Via do Infante, algo difícil numa das regiões mais ricas do país.

Recorreu-se então ao critério do tempo gasto na via alternativa. Segundo o IEP, nesta consumir-se-ia 2,4 vezes o tempo despendido para ir, pela auto-estrada, da fronteira a Lagos. Como se chegou a este valor? Utilizando softwares comerciais corrigidos pelo "conhecimento empírico" do terreno, lê-se no documento. Assim, por uma décima, a Via do Infante livra-se das portagens. Acontece, porém, que ao "conhecimento empírico" se devia antes chamar "martelar" os números. Porquê? Porque, para desgraça do Governo, o IEP encomendou um estudo a um consultor privado, que percorreu o percurso nos dois sentidos (em Agosto!) e, mesmo assim, conseguiu chegar apenas a uma diferença de 0,9 em lugar do excesso de 1,4 vezes que o IEP invoca".
Provando assim que temos aqui gato escondido com o rabo de fora, esperaríamos a defesa da anulação das portagens. Mas não! o senhor director conclui assim:
  1. a decisão das portagens nas Scut é política e não técnica, pelo que Sócrates não tem que arranjar justificação técnica para o facto de ser "obrigado a desdizer-se" (palavras do articulista);
  2. o Executivo deve ir até ao fim, alargar as portagens às outras Scut, designadamente às da Beira Interior e do Algarve. "Seria mais honesto e coerente, pois nem sempre gerir bem a informação consegue evitar o inevitável: que se perceba quando se está perante argumentos falaciosos e mentirosos".
Ora... aí está um brilhante argumento
[quero dizer, um argumento ao estilo JMF]!
escrito por ai.valhamedeus

3 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

--Valha-me Deus.. digo eu.
Qurem lá ver que o Senhor Pinto de Sousa quer chegar à Madeira?
E anda por aqui a tomar balanço para enfrentar o senhor João!!!
Outro dia o senhor Carvalho Pinto de Sousa foi à terra do senhor João Jardim e prometeu que a coisa ia mudar.
Pelos vistos está para breve o combate do senhor José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa com o senhor Alberto João Jardim.
Eu compro bilhete para ver.

Anónimo disse...

E eu digo não só ai.valha-me Deus, como deito as mãos à cabeça, porquanto lá me vão ao bolso descaradamente. Como é que hei-de ir à Guarda regar as raízes antes que sequem, fazer "o gostinho ao paladar" e comer aquelas morcelas como não há outras(qual Pingo Doce, Jumbo, qual quê), filhozes e sei lá que mais. Assim quem é que aguenta a ministra e etc.s governativos? Mas será que tenho pausas lectivas para o efeito? Ou terei que me contentar com os sucedâneos pingo-docences e quejandos? Ai, valha-me Deus.

Anónimo disse...

Peço desculpa, lá me fugiu o erro para o computador: "terei de me contentar", e não como escrevi. Também hesitei nas filhoses e lá saiu com z. Ai, valha-me o Diogo Infante!
Mas com z ou s até a água me cresce na boca só de pensar na excitação da espera da primeira filhós quentinha acabada de sair da frigideira da minha mãe, na véspera de Natal. É que não íamos para a cama nem a malho enquanto não devorássemos uma. Agora compramo-las por atacado nas padarias da especialidade, por falta de tempo. Já não é a mesma coisa, mas dá para reviver um pouco da infância sem ministra da educação nem José Sócrates, embora com o Salazar e o Américo Tomáz a perorarem. Não se pode ter tudo, né?