Para não esquecer...

A TV QUE TEMOS

Na tasca onde muitos dias almoço e uma vez por outra janto, o bêbado de serviço ao telecomando da tv mudou de canal. Para a Sic. A acompanhar a costeleta de porco, calhou-me uma telenovela onde um tal barbichas jurava que não podia sentir ciúmes de uma tal Delfina porque quem ele amava era uma tal Flor que namorava um tal musculado que era estúpido

[reconheceu a Flor]
mas tinha uma grande virtude que era gostar da Flor
[reconheceu mais uma vez a Flor].
Com mais umas reviravoltas onde a Delfina afiançou que estava grávida do tal barbichas mas mesmo assim queria namorar o tal musculado estúpido que gostava da Flor -- com mais estas reviravoltas, dizia eu, os enredos acabaram. E o bêbado de serviço ao telecomando mudou para a RTP.

A RTP estava a mostrar a pose de um tal Malato que guiava um tal concurso de nome Um Contra Todos. Estava nesse momento no ar uma questão que perguntava pelo teatro municipal lisboeta de que era director artístico um tal Diogo Infante. E enquanto o tal Malato fazia render o peixe
[errata: onde se lê peixe deve ler-se tempo]
com perguntas e observações e outras coisas igualmente puxativas da cabeça, o bêbado de serviço ao telecomando ia comentando para as mesas onde se jogava a sueca:
"Isto é um programa que faz puxar pela cabeça!"
Ninguém o ouviu nas mesas onde se jogava a sueca e talvez só por isso olhou repetidamente para mim. E eu acenei que sim com a minha cabeça
[que sim senhor que sim sem dúvida]
enquanto trincava os últimos pedaços da costeleta. É evidente que faz puxar. Faz, sim, senhor! Tanto quanto puxa a telenovela da Flor e da Delfina
[se os nomes forem outros em vez destes, queiram perdoar-me! ainda que, sejam estes ou outros, não tenha grande importância]
e do barbichas e do musculado estúpido.

... E ainda há quem discorde das sábias medidas deste governo que cancelam tudo o que não puxe pela cabeça?! Como se diria nas telenovelas brasileiras -- pôxa vida!

escrito por ai.valhamedeus

1 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Oi! Deixei um comentário no artigo sobre Schubert e a música Die Forelle! Um Abraço!