Na Actual do Expresso de 23 de Dezembro passado, seis autores portugueses escrevem sobre o nascimento e sobre Jesus. Fica aqui arquivado o texto de Luísa Costa Gomes, que tem o título deste post:
O menino que nasce nas palhinhas é um vencedor; um "self made man"; carpinteiro de profissão, como seu pai na Terra, desde muito cedo faz pasmar os mais velhos com a finura da argumentação e o brilhantismo das análises dos Livros Sagrados; é um sobredotado; um pequeno génio; há-de ser advogado, sonha a mãe; há-de montar um bom negócio de mobiliário, pensa o pai, tem jeito para lidar com os clientes; o pai, por sua vez, é um colérico, muito capaz de deixar uma obra a meio se lhe sobe a mostarda ao nariz. Relações Públicas, sonha, portanto, o pai. Mas a adolescência há-de desmoronar estes anseios todos, porque o rapaz foge de casa para estar sozinho e pode não aparecer dois ou três dias. Começa a ter alterações de humor e na altura de mudar de voz fica a olhar para o céu, parece que ouve vozes, o pai espreita-o, dá com ele a falar sozinho, numa preocupação infinita consigo mesmo e com o seu destino, murmurando, abanando a cabeça. Tem de vez em quando acessos de fúria, de insegurança, crises de lágrimas, a mãe e o pai entreolham-se: sempre foi difícil crescer. Torna-se claro que não será carpinteiro. Sai pelos caminhos com uma única ideia, uma missão. Rejeita os pais e o nome da família. Fará o seu próprio caminho. Delibera revoltar-se contra os poderes relativos, terrenos. Arrebanha seguidores. Abandona tudo e segue-me! Não há horas extraordinárias! Ou estais por mim ou contra mim! Monoteísmo há só um! E chegará a reinar absoluto (embora morto) sobre séculos e sobre milhões de milhões de almas. Ainda hoje dá que falar esta muito antiga história de sucesso.escrito por ai.valhamedeus
2 comentário(s). Ler/reagir:
Sobre o Menino, já ouvi de ateus e agnósticos as mais variadas estórias.
A senhora D. Luísa (será descendente do Rolha?) lembrou-se de inventar mais uma.
Está no seu direito.
Uns dizem que Jesus nunca existiu;
outros que era um extra-terrestre;
outros que era um buda vindo do Tibete;
outros que era um analfabeto esperto;
outros que é uma criação da Igreja;
etc. etc...
Agora o que a Senhora D. Luísa nos traz é um simples exercício de escrita que antigamente se chamava "redacção".
Podia-lhe ter dado para pior.
Um Feliz e Santo Natal.
Mas quem é este Almargem? É mesmo almargem. Saberá ele quem é a D. Luisa, como ele lhe chama? É tão só uma escritora brilhante e de humor fino e bem atenta às contradições da sociedade moderna. E cheia de imaginação. Vá leia, leia que bem precisa. Leia o livro da escritora "Olhos Verdes" e quiçá aprende alguma coisa. Se o perceber, é claro.
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