Para não esquecer...

ABORTO: argumentos fracos

Como em outras questões, as posições sobre a despenalização do aborto têm argumentos fortes e fracos. No caso, tanto os que a defendem como os que a recusam.

Considero fraco o argumento do "Sim" que invoca o número de mulheres que aborta, considerando que é necessário "resolver o problema" e propondo como solução a despenalização do aborto. Na verdade, não é por haver muita gente a roubar que se deve "descriminar o roubo", tal como não é por haver muita mulher a abortar que se deve despenalizar o aborto. A despenalização situa-se ao nível do que deve ser e os factos, ao nível do que é: a realidade não justifica a moralidade -- é antes o inverso.

Considero fraco o argumento do "Não" que defende

[mais ou menos como a actual lei]
que há circunstâncias em que o aborto é legítimo e outras em que o não é. O blogue Crítico, por exemplo, defende que as mulheres que abortam por razões diferentes das previstas na actual lei
(para manter a linha, por exemplo, ou por razões profissionais ou por já terem muitos filhos. Razões que o Crítico caracteriza como "fúteis")
deveriam ser presas. Motivo: é crime a "morte prematura de um milagre precioso e frágil como a vida".

O autor do texto vai mesmo ao ponto de achar que esta sua tese é, digamos, pacífica
("não há volta a dar-lhe"),
por ser... filosófica. Ora esta posição parece-me contraditória: se abortar por "razões fúteis" é crime, por matar a vida, também o é abortar pelas restantes razões (as previstas na actual lei): em ambos os casos se mata o "milagre precioso"; se abortar pelas razões previstas na actual lei não é crime, também o não pode ser nas condições "fúteis". Se se trata da morte de um ser humano, é crime em qualquer das circunstâncias; se não é nas primeiras, também não é nas segundas. Aqui é que... não há volta a dar-lhe.

escrito por ai.valhamedeus

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