O tema de capa do Courrier Internacional nº 92
Vicente Molina Foix informa que várias localidades do Levante espanhol decidiram suprimir das festas populares o que pudesse ofender os muçulmanos; o que é que ainda se pode dizer sem ofender sensibilidades e gerar ódios?
(5 a 11 do presente Janeiro)é: as novas ameaças à liberdade de expressão – intolerância, censura e auto-censura.
Vicente Molina Foix informa que várias localidades do Levante espanhol decidiram suprimir das festas populares o que pudesse ofender os muçulmanos; o que é que ainda se pode dizer sem ofender sensibilidades e gerar ódios?
- Timothy Garton Ash alerta: “Nesta primeira década do século XXI, os espaços de liberdade de expressão, mesmo nas velhas democracias liberais, foram-se reduzindo, estão a reduzir-se e vão continuar a ser reduzidos se não actuarmos”;
- Umberto Eco lembra que somos hoje confrontados com o medo de falar, e/mas que os nossos tabus nasceram nos EUA, com a obsessão do politicamente correcto;
- Tony Judt, a quem nos EUA anularam, por razões políticas, uma conferência sobre a política no Médio Oriente, recorda que nem um único órgão de informação americano mencionou uma outra conferência sobre o lóbi israelita. “Não é silêncio activo. No gabinete de Cheney, ninguém proibiu que se falasse. É, sobretudo, um silêncio passivo”;
- o anglo-holandês Ian Buruma lamenta o efeito pernicioso, sobre o direito à liberdade de expressão, da “importância crescente dos dirigentes e personalidades não-eleitas” de grupos comunitários “que se arrogam o direito de decidir como os outros devem falar da sua comunidade étnica ou religiosa” – e conclui que “a ofensa é o preço a pagar pela liberdade de expressão e pensamento. De todos nós”;
- o filósofo espanhol Daniel Innerarity escreve sobre as ofensas, sobre globalização da afronta e da inflamação dos sentimentos, propondo um critério para medição da maturidade de uma sociedade: a capacidade de aceitar “que são diferentes as esferas que regulam o que é obrigatório, o que é autorizado, o que é aceitável, o que é tolerado, o que é admirado, o que é suportado”;
- Maartje Somers compara o passado ao presente: “já não são as autoridades que proíbem representações teatrais e outras expressões artísticas, por razões relacionadas com os bons costumes. São os cidadãos que entram em acção contra expressões, imagens e afirmações consideradas inoportunas”. O que mantém a actualidade do tema da censura: “Em muitos espíritos holandeses há tesouras: uma nova consciência inquieta em relação às consequências possíveis do que fazemos”.
3 comentário(s). Ler/reagir:
Poisé.
Os levantinos acagaçaram-se todos ao saber que Al Mutamidi, Rei de Sevilha e Califa de Silves se preparava para tomar o Reino de Córdova.
Ox-Alaah se portem bem se não levam com el xinelo n'el trazeiro.
Pois é, Caro Gomes, a tal reacção, a tal treta da colonização & etc...
BdiaG
p
Caro Gomes.
Este teu post sobre o problema da liberdade, bem fundamentado, diga-se, apenas me vem dar razão sobre a "frase idiota".
Abraço.
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