Para não esquecer...

A FALÁCIA DOS TRÊS FETOS

Esta diatribe é parte de uma coisa mais longa que andava aos tombos na minha cabeça. A boazona do ai Jesus!

[do texto Despenalização: sim ou não?]
puxou o gatilho. A culpa não é minha.

Se disserem que viram uma sobredose de cinismo, não são cegos. Foi sem querer querendo.
Tem graça e é engraçada a publicidade dos três fetos. Na minha modesta apreciação, o terceiro feto tem até muitas graças. Mas o problema é que o dito anúncio revela muito boa carne, mas pouco e mau espírito. Vejamos: querem dizer os do «NÃO» que eles defendem que todos os fetos cheguem a ser como o terceiro feto. Nesse caso, cada aborto roubaria descaradamente à «Playboy» uma potencial boazona «coelhinha do mês». E lá se ia o ganho desta respeitada revista de trabalho socio-penal (a mais utilizada nas prisões).

O que não dizem os defensores das «coelhinhas», é que lhes importa muito pouco a vida das pessoas. Só se interessam por determinados fetos. Os que lhes podem dar ganho (económico ou ideológico). Um aborto é um eleitor menos, um soldado menos, um seminarista menos, um trabalhador menos, um doente menos, um estudante menos, um cliente menos, um consumidor menos.

Se estes profetos defendessem todos os fetos (digo, a vida), estariam logicamente eles e elas na primeira fila de todas as lutas contra a violência que destrói a vida. Estariam agora mesmo a inventar anúncios criativos e engraçados para dizer ao mundo que as vidas ceifadas, por exemplo, no Iraque, Afganistão e Palestina superam por milhares todos os abortos legais. Mas preferem o chá com torradas das reuniões onde se inventam os tais anúncios das «coelhinhas», porque isso não incomoda os senhores do poder.

Curiosamente, os que enchem a boca e a televisão com a defesa dos fetos que ainda não podem ser capa da «Playboy» são extremamente selectivos. Só defendem os fetos em risco de desaparecerem sob a alçada da lei. O problema, pois, não está em defender os fetos, mas sim opor-se à lei. Por isso votam NÃO e com isso têm o seu problema resolvido e a consciência tranquila. No Iraque, por exemplo, em quatro anos de guerra, terão morrido 15.000 mulheres grávidas e não consta que alguém lhes tenha perguntado quantas semanas tinha o feto. A dirigência nacional do NÃO declarará guerra total ao governo do Iraque quando este pretender aprovar uma lei que proíba às balas e aos carros-bomba matar mulheres grávidas depois das primeiras 10 semanas de gravidez. Quando em Wiriyamu os soldados portugueses faziam cesarianas com as suas facas de mato e gritavam ufanos: «um terrorista menos!», isso era um aborto ou um acto patriótico? Alguns dos dirigentes e figuras gradas do NÃO eram muito provavelmente alferes em Moçambique, talvez ali a um par de quilómetros de Wiriyamu. Pois é, não havia referendos nessa época. Consciência, tranquila!
SIM, a hipocrisia social e religiosa mata mais que todos os abortos legais!

escrito por J. Alberto, Porto Rico

7 comentário(s). Ler/reagir:

Padre Lúcio disse...

Caríssimos
Tantos alhos no meio dos bugalhos.
A paz esteja com todos.

Anónimo disse...

Quais alhos, padre?
Quais bugalhos, Lúcio?
Qual paz? a dos cemitérios de Bagdade?

superstar disse...

good year

Anónimo disse...

O ardil que o senhor Al Berto usa no seu post, infelizmente, não é original.
De um pedaço de humor_1 (Defensores do Nâo) e humor_2 (Defensores do SIM) vem o senhor Al Berto, não fazer uma falácia, mas um ardil=trapaça.
"Vejamos: querem dizer os do «NÃO» que eles defendem que todos os fetos cheguem a ser como o terceiro feto"
esta conclusão é do senhor Al_Berto e sobre ela tece uma série de comentários qual deles o mais despropositado:
Começa na "Playboy" passa à tropa e ao seminário, acrescenta-lhe o Afeganistãao, Iraque, para terminar em Moçambique com alferes a gritar "um terrorista menos".
Mas que grande e incoerente salganhada.
Permita-me um conselho:
-Não se esqueça da medicamentação e tome os remédios a horas certas.

Anónimo disse...

O comentário do Zé do ALmargem surpreendeu-me, sinceramente, por isto: não é habitual, nos textos que escreve e de que eu sou leitor assíduo e interessado, perder o compostura como perdeu agora. Não apresentou uma única objecção, a não ser a de que o texto é confuso, embora aí o "problema" seja seu, que o não entende. No mais, trata simplesmente de ofender o seu autor, atacando o homem e não as ideias.

Isso é feio. Ou será que a vida que o Zé do almargem defende é também só a tal vida da barriga?

Anónimo disse...

Não gosto de replicar a comentários, mas a consideração que devo a "toino do campo" levam-me a um pequeno esclarecimento:
-De modo algum perdi a compustura;
-Pretendi apenas realçar a incoerência de um texto "Mas que grande e incoerente salganhada."
-Se a ofensa vem no que se refere à medicamentação, retiro essa frase e peço desculpa.

Justificação para a minha resposta ao senhor Alberto:
-Fui um dos que mandou para o "aivalhamedeus" o pps. Fi-lo no único e simples propósito humorístico. É mais que evidente que "aivalhamedeus" ao virar o bico ao prego, mais não pretendeu que fazer humor, daí o despropósito e a descontextualização (é a minha opinião) do post do senhor Alberto.

Um bom fim de semana para todos.

Anónimo disse...

Só um par de observações, Sr. Almargem:
Pensei que o humor não era só para rir. Essa é a função fácil e imediata, como deve saber.
Pensei que também eu tinha direito a intervir (com uns a favor e outros em contra), mesmo sem os medicamentos em dia.
Pensei que, escrevendo para pessoas inteligentes como a maioria dos leitores do Ai Jesus, podia meter o mundo todo (desde Portugal ao Iraque com passagem por Moçambique) sem que isso lhes provocasse um engarrafamento mental.
Pensei que você se referia a outro post, porque no meu, os alferes não gritam nada.
Pensei que a salganhada continua em muitas cabeças.
Pensei que devia agradecer-lhe o conselho final e tomar a penicilina a horas a ver se esta bendita amigdalite me deixa em paz.

J Alberto

Ah! se o post da «coelhinha» é da sua autoria, os meus mais sinceros parabéns. Está genial. E sabe, por humor gráfico, sou um louco descompensado!