Para não esquecer...

A PIRATARIA

Que a pirataria seja eticamente reprovável, não me parece pacífico. Os argumentos propagandeados pelas editoras

[e secundados, até sob a forma legal, pelo poder],
muito menos.
  1. Querem fazer-nos crer que, com a pirataria, o destino das editoras é a falência. Estão aí os dados: em 2006 a venda de música digital cresceu 82% no mundo, como afirma a IFPI
    [International Federation of the Phonographic Industry].
    Durante esse ano o mercado global de música digital facturou cerca de 2 biliões de dólares em todo o mundo. As vendas de música digital representam cerca de 10% de todo o mercado fonográfico.
    "A indústria da música sofre terrivelmente" com a pirataria, afirmava em meados do ano passado John Kennedy, o presidente e administrador executivo da IFPI. "Terrivelmente" quer dizer o quê?, pergunto eu. Será que os industriais(?) estão no limiar da... miséria
    [a julgar pela empresa, ainda que não musical, mais pirateada, a Microsoft,... talvez...]?
  2. Querem fazer-nos crer que, com a pirataria, o destino dos artistas é o desaparecimento. Era desejável que as editoras dessem a conhecer a percentagem do preço dos produtos que os artistas recebem. Era desejável que se publicitassem as fortunas... miseráveis dos grandes artistas. Era desejável que se legislasse no sentido de encontrar um maior equilíbrio entre os direitos autorais sobre os produtos culturais e o direito à sua livre circulação.
    Era desejável que os comerciantes/industriais dos produtos culturais entendessem que a sua sbrevivência está também dependente da pirataria: prova-o o grande êxito da Microsoft, que se deve, em boa parte, ao facto de a empresa nunca ter colocado obstáculos à cópia ilegal dos seus produtos. Visto do outro lado: poderá chegar o dia em que não possamos mais piratear -- esse será o dia em que talvez deixemos de comprar. Se tivesse sido impossível copiar ilegalmente produtos como o Photoshop, o único resultado teria sido este: menos pessoas conheceriam bem esses produtos
    [duvido de que mais pessoas os tivessem comprado].
  3. Querem fazer-nos crer que a pirataria é eticamente reprovável. Como se a leis éticas fossem as leis do mercado. Como se as leis do mercado não fossem as da oferta e da procura. Como se o mesmo produto não estivesse frequentemente à venda um dia por um preço e no dia seguinte por menos de metade dele. Como se o que dita estas variações fosse o "preço justo"
    [um critério ético]
    e não a procura do lucro
    [independentemente de qualquer preocupação ética]...
  4. Em jeito de parêntesis, declaro aqui que, entre copiar um cd/dvd ou comprá-lo a um "preço razoável", por razões de qualidade prefiro a segunda hipótese. Por exemplo, sou cliente assíduo da etiqueta Naxos, que pratica uma relação preço-qualidade exemplar: esta é a melhor medida anti-pirataria.
escrito por ai.valhamedeus

1 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

O tempos mudam. Em New York seculo XIX a cidade tinha um grande problema: COCO de cavalo das corroças. Os administradores chegaram a uma previsão alarmante: No final do século o volumém de coco ia afogar a cidade... as coisas mudam: Ford e seu modelo T preto terminaram com as carroças e por tabela com o Coco. Moral: td é um problema de adaptação a mudança.