Recordo alguns factos dos últimos tempos nacionais, significativos no que respeita à imagem do actual governo:
- O governo pê-èsse decide acabar com a Festa da Música. No seu lugar, prometeu, seria montada uma coisa de monta. E mais barata, é claro. Acusando-o de plágio, René Martin
[que tinha mostrado disponibilidade para encontrar alternativas mais económicas]
prometeu processo judicial contra o CCB[contra o governo pê-èsse].
Este é um governo constantemente metido em embrulhadas, a) por não ouvir quem deve[recorde-se a anterior demissão do responsável pelo Teatro Dona Maria];
b) por não pensar senão nos cifrões a apresentar a Bruxelas. - O director do Teatro Nacional de São Carlos foi despedido
[bem sei: em rigor, deveria dizer que não será reconduzido].
Foi-o por carta e, segundo diz o próprio[e, tendo de decidir entre o que este governo afirma e o que alguém lhe contrapõe, eu escolho o último. Porque o primeiro já mostrou suficientemente que é despudorado a mentir],
sem que a ministra da Cultura o tenha recebido, tendo prometido que o faria. Por carta; portanto, cobardemente[digo eu].
O governo diz que quer para o São Carlos um "salto qualitativo", "atrair novos públicos" e chamar turistas para o teatro. "Ignora" que[desde que Pinamonti chegou, em 2001]
a temporada do Teatro[com orçamentos quase iguais]
passou de 4 óperas, com 16 récitas, e um recital -- para 8 óperas, com 43 récitas, 30 concertos e vários recitais. A taxa de ocupação, de 70% para 90%. Terá sido por isso que estes governantes pê-èsses não conseguiram dispensar Pinamonti[que desmente o poder relativamente à sua indisponibilidade]
dizendo-lho olhos nos olhos? - Poderá parecer que este 3º ponto não tem qualquer relação com os anteriores
[no meu entender, lança pontes explicativas sobre eles, e outros vários]:
Sócrates decidiu concentrar as polícias no seu gabinete. Com ironia[e com a verdade que muitas vezes a ironia tem],
Vasco Pulido Valente leu assim a decisão:Salazar despachava diariamente com o director da PIDE. Caetano não despachava com o director da PIDE/DGS. Durante trinta anos de democracia nenhum primeiro-ministro despachou em pessoa com qualquer chefe de qualquer polícia. Tudo isto irá mudar. Uma lei já anunciada vai pôr a PSP, a GNR, a PJ e o SEF sob a autoridade de um secretário-geral para a Segurança Interna, com o estatuto de secretário de Estado, que despachará directamente com o eng. Sócrates.
Continuo convencido de que a grande diferença entre Sócrates e Salazar, aparte os desfavoráveis tempos actuais, está sobretudo na incapacidade do primeiro. Vontade[e autoritarismo, falta de cultura democrática...]
não parece faltar-lhe.
2 comentário(s). Ler/reagir:
Passo de corrida só para informar que na biografia oficial do nosso primeiro deixou de figurar a categoria de "engenheiro civil" para a de "licenciado em engenharia civil"
Confrontar aqui
http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Primeiro_Ministro/Biografia/
Saberão explicar-me a razão desta mudança?
À mulher de Júpiter, não basta ser honesta: tem que parecê-lo. Aos membros deste governo, e em particular ao chefe, não é preciso sê-lo: basta parecê-lo.
Grandes coisas veredes...
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