[9: Ventimiglia » San Remo » Veneza. 10: Visita a Veneza]
- “Em Roma sê romano”, dizem os portugueses, para recomendar o que se sabe que recomenda o adágio. Poderia ser “em Londres sê londrino”?! ou “em Moscovo sê moscovita”?! Mas não seria o mesmo: de facto, quando se viaja a Itália
[o “slogan” que vale para a capital parece aplicar-se a todo o país],
o melhor é mesmo observar a realidade e... adaptar-se-lhe.Valem estas observações sobretudo para a condução. O Norte de Itália não parece ser tão turbulento como a metade a Sul[Roma, então, é... um desastre],
mas mesmo aqui o condutor estrangeiro deve pôr entre parêntesis as regras aprendidas durante as aulas de condução e... aguçar a atenção e os reflexos para se safar no emaranhado das manobras(aparentemente)
infernais onde se misturam veículos(aparentemente)
sem qualquer regra de prioridade[mesmo fora de Itália, quando um veículo ignora os traços contínuos para fazer ultrapassagens impensáveis, a probabilidade de ser italiano é grande].
...e controlar o sistema nervoso espicaçado pelo buzinar constante[porque o condutor da frente parou para respeitar um “stop” – por que é que se há-de respeitar um sinal de trânsito? –, porque já devia ter arrancado há 2 segundos..., porque sim. É o ritual da buzina, de qualquer modo sem a agressividade da buzina portuguesa].
Há, entretanto, um elemento que suaviza e decora qualquer cenário que possa parecer menos ordenado[para além da elegância do vestir das mulheres e dos homens]:
a Scooter, de preferência montada por uma esbelta figura feminina, perigosamente sem capacete, com os cabelos a esvoaçar[criada em 1946 pelo genovês Enrico Piaggio, a Vespa é hoje um dos ícones da vida urbana italiana].
Digo eu. - Onde o “trânsito” cria cenários de romantismo é nos 150 canais da cidade italiana que sugere a imagem de Vénus a surgir das águas: Veneza. Dançam-lhe ritmadamente nas águas as gôndolas, a música enternece-lhe as praças
[com destaque para a de São Marcos],
as máscaras reforçam o ambiente de mistério... É um artificial universo de volúpia e tragédia[de A morte em Veneza de Thomas Mann e do cineasta Luchino Visconti],
de atracção e insegurança[dada a precariedade dos alicerces em que está fundado].
Talvez o amor esteja indissociavelmente ligado à morte.
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