Para não esquecer...

MADELEINE, AINDA

Miguel Beleza, um dia destes, na SIC notícias, disse que Samuelson, o grande economista, lhe ensinou que os economistas não deveriam fazer previsões ou, se as fizessem, deveriam fazer muitas: talvez acertassem alguma, as pessoas lembrar-se-iam dessa e esqueceriam os outros disparates.

Um criminalista

(o que é isso?),
o Dr. Barra, e o Dr. Moita Flores
(outro criminalista. Punheta!),
têm dito tanta coisa que talvez venham a acertar nalguma. Por isso, cauteloso como João Pinto
(do F.C.P.),
prognósticos
(sobre quem terá dito mais asneiras),
só no fim.

Mas há algo que me deixou estarrecido e me leva a pensar: "se ele disse isto em matéria sobre a qual tenho umas luzes, o quê terá dito sobre aquilo que eu não percebo?". E foi o seguinte: segundo este “especialista”, a morte de Madeleine, a ter sido provocada pelos pais, nunca poderia ter sido negligente. Pasme-se para a justificação!: porque, sendo médicos, sabem onde batem e, logo, fazem sempre com dolo.

Imagine as seguintes situações. Uma velhota está a sair de um elevador no rés-do-chão
(esta do rés-do-chão e da velhota está bem encontrada),
um indivíduo carrega no botão, no 5º. O elevador, sem ninguém o prever, começa a subir, a velhota leva uma pancada na cabeça, depois bate na abertura do elevador, sofre um traumatismo craniano, morre. Quid Juris? De noite, um indivíduo conduz um pouco acelerado, distrai-se e não pára numa passadeira, uma pessoa ia a passar e é atropelada e morre. Quid Juris? Segundo o Dr. Barra, em ambos os casos, se for médico o autor do acto de que resultou a morte, não há dúvida: o médico é sempre culpado, mesmo que não tenha culpa nenhuma, como no caso do elevador. É médico e sabe sempre onde bate.

Se, supondo, Madeleine estava empoleirada em uma cadeira e a mãe, não reparando e com um movimento brusco, fá-la cair e a menina bate com a cabeça no chão e morre... a mãe é sempre culpada porque é médica e, logo, sabe onde bate. Mesmo que, neste caso, possa não ter cometido nenhum crime.

A televisão é sempre muito educativa. Há uns anos éramos todos especialistas em pré-história
(lembre-se Foz Côa...);
hoje, somos todos especialistas em criminologia. Boa!... é a formação permanente.

escrito por Carlos M. E. Lopes

0 comentário(s). Ler/reagir: