Vivemos num mundo em que as palavras se destinam
[e cada vez mais]a esconder o pensamento. Nesse afã, as palavras são ajudadas pela "pose" de quem as pronuncia
[temos, entre nós, um primeiro ministro exemplar, sob esse aspecto].Algo do género defende o editorial do Le Monde de hoje, ao reflectir sobre a posição dos actuais governantes franceses no que respeita ao Irão.
Pensar nisso sempre, mas jamais falar disso. O velho adágio está a ser seguido com rigor pelo governo francês, em particular quando se trata das relações com o Irão. Depois de Bernard Kouchner ter provocado uma polémica ao declarar que era preciso prepararmo-nos para o pior, "isto é, para a guerra", a palavra tornou-se tabu. Nicolas Sarkozy acaba de repreender, duas vezes, o seu ministro dos negócios estrangeiros. Numa entrevista concedida ao New York Times, retoma a fórmula que tinha já utilizado, na semana passada, na televisão: "Por mim, diz, eu não emprego a palavra 'guerra'." O próprio Kouchner utiliza paráfrases para não pronunciar mais "a palavra que choca".Tudo se passa como se a ausência de pronunciamento criasse (a ilusão d)o desaparecimento da realidade (não) pronunciada. Mas as coisas permanecem
Para além das palavras, há as coisas. E a coisa, na ocorrência, é a eventualidade de um bombardeamento americano, israelita ou israelo-americano, às instalações nucleares iranianas, caso não haja acordo entre a comunidade internacional e as autoridades de Teerão.
[no mundo físico ou no pensamento],para além do (não) pronunciamento. E, mais do que na realidade, o "perigo" está naquela ilusão. Digo eu...
escrito por ai.valhamedeus
1 comentário(s). Ler/reagir:
assim é e assim tem sido nos últimos tempos, como se as palavras, escondendo, não mostrassem...
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