Para não esquecer...

Pê... quê?! [42] A DEMOCRACIA SOCRÁTICA

Do passado tenha memória muito reles. Mas há coisas de que, estranhamente ou não, me lembro razoavelmente bem. Lembro-me, por exemplo, de um comício da oposição, num cine-teatro de Braga, nas últimas eleições antes do 25 de Abril. Estava no

[início do]
uso da palavra um conhecido professor da Universidade de Coimbra. A polícia subiu ao palco, segredou qualquer coisa ao ouvido do orador; em voz alta este explicou que a polícia não o deixava falar, porque para tanto não tinha pedido autorização. Houve apupos da assistência e tentativa de o orador continuar a discursar. A polícia insiste... novos apupos... nova insistência... e desistência do orador. Não havia hipótese: sem autorização, nada feito.

Isto foi, insisto, antes do 25 de Abril. Mas a notícia que transcrevo a seguir é do Portugal Diário de hoje. Dos tempos do governo "pê-èsse":
Manifestantes é que cometeram erro
2007/10/16 | 13:21

A pedido do PSD, BE e PCP, o ministro da Administração Interna foi à comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais prestar esclarecimentos sobre a deslocação de dois agentes da PSP à sede do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC), na Covilhã. Rui Pereira desdramatizou a acção dos polícias, explicou que estavam a fazer o seu trabalho e que não podem agora ser «acusados de erros que os manifestantes cometeram». Sim, porque os sindicatos é que erraram.

O ministro explicou aos deputados que o «pré-aviso não foi feito com os dois dias (úteis) de antecedência devidos», só aconteceu no fim-de-semana e só foi recebido na segunda-feira. Ou seja, acrescentou, «a PSP não dispunha de elementos suficientes para fazer o seu trabalho» e existia o rumor de que iria haver uma manifestação.

E como têm de «proteger os manifestantes, o direito à manifestação e pessoas e bens, assim como saber que vias é preciso cortar e durante quanto tempo», explicou Rui Pereira, os agentes decidiram recolher informação junto do sindicato mais próximo. Não podem, por isso, ser acusados de erros que os manifestantes cometeram», concluiu o ministro.

Rui Pereira fez ainda questão de sublinhar que «temos de ser sensatos, justos e rigorosos a apreciar a actuação da polícia».

Os argumentos não convenceram a oposição, principalmente o social-democrata Paulo Rangel, que considerou o relatório «inadmissível». Além disso, acrescentou, «o critério de proximidade» para escolher aquele sindicato de professores para visitar «não é racional, não faz sentido nenhum e não convence ninguém».

Além disso, acrescentou, «o relatório induz-nos num logro ao tentar transformar isto tudo num caso burocrático e disciplinar».
Deixo sublinhado um pormenor assinalável: o que se refere às intenções louváveis da iniciativa da polícia da democracia socrática. Uma iniciativa para proteger os manifestantes. A democracia socrática
[já o sabíamos, mas confirma-se]
é mesmo assim: é para proteger o povo!

escrito por ai.valhamedeus

2 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

PSP - Proteger Sócrates de Professores
GNR - Governamentalizar Novamente a República
Há dúvidas?

lourenja.blogspot.com disse...

Ajusta-se...