Para não esquecer...

ALGUMAS VERDADES AVULSO SOBRE EDUCAÇÃO

“Bom fim-de-semana!”, desejam-me alguns alunos (muitos), que ainda têm valores. Os mais cépticos dirão que é “graxa”. Deixá-lo. É também destes pequenos grandes nadas que “vamos tocando a vida para a frente”.

O fim-de-semana não foi nem bom, nem mau. Mas teria sido muito melhor se as respostas dadas nos testes revelassem por parte dos alunos o que lhes foi ensinado com empenho e dedicação. E digo isto sem falsa modéstia.

Assim, penso que o que a Sr.ª Ministra da Educação afirmou no fim-de-semana, meu também, na televisão e retirado, quiçá, do contexto, por se tratar de parte de notícia, seja o resultado de empenho e dedicação por parte da tutela. Não quero crer que, após o reconhecimento da necessidade, largamente anunciada, de mudança do Estatuto do Aluno, e depois das expectativas legítimas acalentadas pelos docentes de maior responsabilização dos discentes, venham agora aí novas (!) normas sobre faltas, ou antes, ausência delas. Não quero crer que a Sr.ª Ministra acredite poder-se remediar a aprendizagem de alunos que não ponham os pés na escola. Pois não será isso que vai acontecer? A ver vamos.

Procuro no dicionário o significado de aluno, e encontro entre outras explicações, “aquele que recebe instrução em colégio, liceu (obviamente desactualizado) ou escola superior”. Lá mais para a frente será “aquele que recebe instrução em escola privada”.

Mas o que mais me indignou foi ouvir Sua Ex.ª dizer que “é preciso que alguém se preocupe com a razão por que faltam as nossas crianças”. Ah! As crianças! Então talvez a Sr. Ministra se referisse somente ao Ensino Básico. E só? Ou estaremos nós a tentar copiar o que se passa nas escolas públicas do Bronx e afins? Leiam “A Fogueira das Vaidades” e saberão do que falo.

Em todo o caso, as palavras da Sr.ª Ministra constituem uma injustiça para com todos os professores e Directores de Turma que ao longo das suas vidas se têm preocupado e tentado saber por que faltam os seus alunos, não só através dos contactos telefónicos e outras vias, mas também através dos Conselhos de Turma, lugar privilegiado para análise de casos especiais que protegem as situações de excepção, não dando cobertura a quem falta porque … Porque sim!

Uma outra verdade avulso sobre Educação: um horário de 12 horas não pôde ser aumentado para 14 porque a Escola pedira um professor para leccionar 12 horas e, segundo uma norma, não quero crer que seja avulso, do Ministério (mais uma) esse horário ficará, contra ventos e marés com 12 horas. Ponto final. Resultado: ao docente que aufere um ordenado baixo não lhe foi permitido aumentá-lo legalmente; as horas tiveram de ser atribuídas a outro docente como horas extraordinárias, logo mais caras, com sobrecarga para o professor e para o erário público, vulgo estado. Que somos todos nós.

A autonomia das escolas parece, assim, ser tão só formal. E não devia. Tal como alguém afirmou em relação à violência nos Estados Unidos que: “Nova Iorque não é a América” também Lisboa não é Portugal. É que numa primeira abordagem parece-me que todas estas novas medidas em relação às faltas dos alunos estão a ser tomadas em função das escolas da periferia de Lisboa. Mas admito estar redondamente enganada. Se assim for, mea culpa!

Estou, todavia, sinceramente convencida de que a tutela está a trabalhar com empenho e dedicação em prol da Educação. Pode é não ser este o caminho.

E agora calo-me.

P.S. Só mais uma verdadezinha: Antes, num passado muito recente, os professores reformavam-se com alguma mágoa, apesar de cansados e de uma reforma merecida, agora trazem bolos para comemorar, e os que ficam olham-nos com inveja.

Serão estes indicadores despiciendos?

Seremos todos maus profissionais?

Os professores que se reformam presentemente são os da dita “velha guarda”. Os que aprenderam quando a qualidade do ensino (e já agora do ar), até na 4ª classe, era o que se sabe!

escrito por Gabriela Correia, Faro

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