Tenho alguma dificuldade em formar uma opinião sobre o que está a passar-se no Tibete. Entre as razões dessa dificuldade destacam-se as distâncias
[físicas, certamente, mas sobretudo culturais]que nos separam, bem como os bem diversos interesses
[políticos, económicos, ideológicos, históricos]que estão em jogo.
Cada dia que passa aumenta as minhas dificuldades, em vez de as desvanecer. Um dia destes, para justificar a aprovação de uma declaração a propósito na Assembleia da República, Francisco Loução defendia que a liberdade religiosa é a primeira liberdade. Não tenho a certeza sobre se a liberdade religiosa será a primeira ou a última das liberdades; mas, quando suponho a quantidade de monges que por lá há
[a partir da quantidade que vejo manifestar-se nas ruas]tenho dúvidas muito fortes de que o que esteja em questão no Tibete seja, primeiramente
[ou até ultimamente],a liberdade religiosa.
Agora foi o Dalai Lama que veio sugerir que os incidentes de há duas semanas no Tibete foram encenação das autoridades chinesas, que disfarçaram de monges centenas de soldados. Tratando-se de algo estranho mas possível, torço o nariz, desconfiado: se, por um lado, a história já provou suficientemente que estas autoridades chinesas não lidam muito bem com a liberdade de expressão/manifestação
[ou antes, lidam muito bem -- se necessário, até com tanques],por outro, eu tenho alguma tendência para desconfiar de Suas Santidades, sejam elas quais forem.
escrito por ai.valhamedeus [imagem: notícia do Público]
3 comentário(s). Ler/reagir:
Concordo que nenhuma santidade é de fiar e não abro excepção para esta, com quem aliás antipatizo menos do que com a católica.
Por outro lado os políticos chineses (e todos os outros, a começar por sócrates...) não têm um historial de honestidade e verticalidade que nos faça neles acreditar...
A minha posição, idealista porventura, é a de que os Chineses devem deixar o Tibete em paz!
Depois dos estados unidos da américa e dos estados unidos da europa, era só o que faltava, os estados unidos da china! :-))
p.q. os pariu!
Pois é, vivemos num mundo em que a desconfiança campeia. E não será por culpa do "povo".
Mas a verdade é como o azeite: vem sempre ao de cima. Já dizia a minha Avó.
Será?
Gabriela
Mas olha que o camarada Jerónimo, entre o Papa Lama e o Papa Jintao, prefere o despotismo deste à santidade daquele; os tanques às orações! É tudo uma questão de livro com se bebe a doutrina...
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