Para não esquecer...

Pê... quê?! [56] NÃO TARDA ISTO FEDE

Há tempos, como aqui se noticiou, a PSP entrou, à paisana, na sede de um sindicato da Fenprof. Foi na Covilhã, em vésperas de visita do presidente do conselho de ministros à cidade e de previsíveis protestos contra o dito. Por razões de segurança, disse a polícia. O Ministério respectivo viria a considerar normal a iniciativa, já que não tinha havido nenhum "pré-aviso" de protestos.

Há bué de pré-avisos de uma grandiosa manife amanhã, em Lisboa. Novamente

[justificou-se]
por razões de segurança, a polícia andou por escolas a querer saber pormenores de pessoas e veículos que se deslocariam à dita. Concluimos daqui que, com pré-aviso ou sem ele e acima dele e de tudo, a PSP
[ou antes, quem na PSP manda]
nos trata da segurança
[eram estas as razões invocadas antes de Abril para proibir muita coisa].
A GNR foi, entretanto, acusada de carregar sobre trabalhadores em greve. Com detenções.

Carga, detenção, trabalhadores em tribunal,... são expressões cada vez mais frequentes no reinado deste governo pê-èsse.

Independentemente da confirmação do que se noticia, estas notícias são más notícias. Esta merda está a cheirar muito mal. Eu acrescentaria mesmo que, se este governo
[que continua a justificar as decisões mais democraticamente duvidosas com os princípios teoricamente mais correctos]
é socialista, puta que pariu tal socialismo em vez de o ter abortado.

escrito por ai.valhamedeus

3 comentário(s). Ler/reagir:

jcosta disse...

Ora, depois do "mal-entendido" de ontem e do mal-explicado de ontem e de hoje (mal-explicado, bondade
minha), já reincidiram HOJE, em Vila do Conde e afins. Outros polícias (ou os mesmos que vieram de Ourém, numa azinheira), também foram bisbilhotar outras escolas, presume-se oferecendo-se para batedores dos autocarros até Lisboa...
- A direcção Nacional da Polícia diz que não encarregou os polícias, mesmo à civil, de tal tarefa;
- O Ministro diz que não sabe de nada;
- De Santarém, quem toma estas decisões, também não tomou.
- Eu, garanto (se isso tiver algum valor) que também não mandei os polícias às escolas.
Ainda se vai descobrir que os senhores agentes ou estão em autogestão por uma causa justíssima: saber quantos professores vão a Lisboa e de onde ou - será isso que o inquérito vai apurar -, os polícias foram inscrever-se nas novas oportunidades, não falha e, para o portefólio, precisavam destes dados. Compreensível.

Muita desta gente nada fez para que vivêssemos em Democracia (eu sei, o dono do executivo costuma dizer que não recebe lições de Democracia...) mas, amanhã, por muito que lhe custe, terá que aprender que não o deixaremos desbaratar um bem que nos é muito caro, embora ele o tivesse recebido a custo zero!
Connosco aprenderá - porque ainda somos professores (embora feridos) que não passará neste exame por fax e nenhum de nós lhe dará quatro cadeiras. Porque uma boa parte de nós, praticamente a totalidade, é independente e não da "independente".
Percebemos que queiram politizar a escola tornado-a efectivamente num aparelho ideológico do Estado e, começando pela pedagogia, nada melhor do que provocar os professores com o outro aparelho, o militar ou militarizado, através da sua polícia "civilista".
Já que não descobrem outra qualquer estratégia desmobilizadora, bem podiam poupar-nos ao exercício da intimidação. Fomos suficientemente delapidados na nossa imagem e na nossa dignidade que, presumo, é tarde para regressar. Lisboa, sendo o território da prática dos dislates sobre o professores, também há-de conter o antídoto para estes males; também somos especialistas em remédios.
Até Lisboa!

freespirit disse...

Pela luta da liberdade!

Porque já não é só de competência, ou falta dela, que se fala.
É da manipulação ideológica que se quer fazer.
Não vivi antes de 1974 e não viverei em anos iguais.
Liberdade sempre!

jcosta disse...

Do Dn de ontem (8 de Março), dia histórico com 100 mil Professores, em Lisboa, numa sereníssima Marcha da Indignação, vale a pena recuperar o texto de Baptista-Bastos, porque, de algum modo, no seguimento dos excelente trabalhos do Público, também de ontem, este texto é um paradigma e um contributo para a compreensão do muito que está em causa com este governo e do perigo que ele representa para a Democracia. Também é uma resposta à insensatez do senhor Santos Silva (SS), o homem que, sem qualquer pudor moral se atreve, quando vaiado, a erigir-se como um lutador pela democracia, logo ele que se posiciona com um dos seus principais coveiros. Este governo precisa de saber que dialogar é acolher a posição do outro para obter consenso; dialogar, com maioria absoluta, continua a ser sinónimo de negociar. O resto é conversa mole para iludir incautos e SS já engana pouca gente. Depois desta pequena (grande indignação), o texto de Baptista-Bastos:

»OS SOCIALICIDAS

Baptista-Bastos
escritor e jornalista
b.bastos@netcabo.pt

Vai por aí algum alvoroço com as declarações de Manuel Alegre sobre as derivas do PS. O PS já nasceu com derivas: basta atentar nos seus fundadores. Provinham, quase todos, do antifascismo, mas ética e ideologicamente eram diferentes. De católicos "progressistas" a ex-comunistas, até republicanos de traça jacobina, o PS foi, quase, um trâmite freudiano de adolescentes contra os pais. O que os impediu de compreender as mitologias da social-democracia, esta mesma diversamente interpretada e opostamente aplicada nos países escandinavos. Provinham de uma leitura catequista do marxismo, caldeada na experiência da República de Weimar.

Quando, no PREC, se gritava: "Partido Socialista, partido marxista!" - a exclamação estava a mais. A interrogação seria mais apropriada. O estribilho ficou mudo, quando Willy Brandt mandou dizer que as estentóricas frases eram estranhas à teologia do "socialismo democrático". Por essa época, Manuel Alegre, numa entrevista que lhe fiz, disse, dramático, que "a social-democracia era a grande gestora do capitalismo". Goste-se ou não dele, a verdade é que nunca foi ambidextro na forma de protestar.

Na realidade, há muitíssimo poucos socialistas no PS; no Governo, parece-me que nenhum. Observo aquelas figuras, marcadas por uma espécie de misticismo barroco, e pergunto-me: que tem feito pelo País esta gente de manejos burocráticos e de cerviz dobrada ante o Príncipe? Nada. Pior: tem cometido o mais condenável de todos os crimes - o socialicídio.

Não é de agora, o delito. Com José Sócrates, socialista de ocasião, propagandeou-se a "esquerda moderna" como justificação de todas as malfeitorias ideológicas, sociais, morais e éticas. Mas ele resulta de uma génese política malformada. As "tendências" no PS, desenvolvem-se, exclusivamente, com palavras e frases protocolares. E os poucos que pertencem a uma genealogia oposta são marginalizados ou tidos como anacronismos.

Há, nesta gente, falta de garra, de honra, de competência, de credibilidade, de integridade, de vergonha. Trabalhadores precários: 1 700 000. População empregada: 5,2 milhões de pessoas. Desempregada: cerca de meio milhão. Dois milhões de portugueses na faixa da pobreza. São conhecidos os vencimentos escandalosos, as mordomias, as pensões de reforma não apenas no "privado" como no "público". O regabofe na sociedade portuguesa é mais do que revoltante. O PS é uma desgraça. O Governo "socialista" uma miséria. E ambos têm de saciar imensos e sôfregos apetites.

Manuel Alegre repetiu o que se sabe - e que só o não sabe quem o não quer saber. Afinal, pouco se ambiciona do PS: apenas um bocadinho de socialismo.»