Para não esquecer...

PENSAR O REALISMO

"Ontologia e Epistemologia. Pensar o Realismo", a terceira conferência do ciclo "Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais", é já na próxima segunda-feira.


O ciclo de conferências, de natureza transdisciplinar, é organizado pelo Instituto de Sistemas e Robótica (pólo do Instituto Superior Técnico) e foi concebido como iniciativa de apoio aos projectos de Robótica Colectiva em desenvolvimento nesse Laboratório Associado.

A terceira conferência do Ciclo terá lugar na próxima segunda-feira, 5 de Maio, pelas 17:30. Intitulada "Ontologia e Epistemologia. Pensar o Realismo", será proferida por João Paulo Monteiro, Professor Catedrático Aposentado da Universidade de S. Paulo. Actualmente investigador do Instituto de Filosofia da Linguagem (Universidade Nova de Lisboa), foi Professor Catedrático Convidado da Universidade de Lisboa.

Inclui-se no final desta mensagem um enquadramento desta conferência nos objectivos do Ciclo.

Mais informações sobre esta conferência, incluindo uma antevisão do conteúdo, em
http://institutionalrobotics.wordpress.com/3ª-conferencia/.

A conferência terá lugar no Anfiteatro do Complexo Interdisciplinar, Instituto Superior Técnico (campus da Alameda). Mais informação sobre localização em http://institutionalrobotics.files.wordpress.com/2008/02/local.jpg.

Mais informações sobre o Ciclo de Conferências em http://institutionalrobotics.wordpress.com.

[Porfírio Silva]

Enquadramento da conferência

Porque é que a reflexão filosófica em questões de ontologia e de epistemologia pode interessar às ciências da computação e, também, aos engenheiros que trabalham com robots e "sociedades artificiais"? Porque é que esta conferência pode ser um exercício de diálogo entre filosofia e engenharia?

O projecto de sistemas computacionais envolve um domínio de problemas designado por “ontologia”, respeitante à estrutura representacional do sistema, incluindo questões como: que entidades são representadas, que relações existem entre elas, como é que elas apontam para o mundo dos utilizadores. Por exemplo, na fase de projecto de um software de gestão do sistema de reservas de um hotel, os informáticos e a direcção do hotel poderão discutir as consequências de fazer com que uma reserva seja considerada uma característica de um quarto, de um dia ou de uma pessoa. Esta actividade de “projectar uma ontologia” para um sistema computacional traduz certos “compromissos ontológicos” por parte do projectista – os quais, mais tarde, podem revelar-se diferentes ou mesmo conflituais com as expectativas do utilizador.

A questão da ontologia – “o que existe” – pode ser relacionada com a questão da epistemologia: “o que sabemos” ou “o que podemos saber”. E, aí, mais uma vez, a questão pode interessar ao projectista de sistemas computacionais. Por exemplo, nesta forma: o que supomos que o utilizador sabe “do que existe” para o sistema quando interage com ele? Se uma loja de livros on-line assumir que um cliente “sabe o que quer” quando vai fazer compras, não se esforçará por promover títulos específicos a clientes específicos. Contudo, sabemos que há sofisticados sistemas de “recomendação” que, com base no histórico de interesses de um indivíduo e na sua relação com certos perfis, dirigem a atenção do cliente para títulos que, de outro modo, lhe passariam despercebidos. Quer dizer, o “conhecimento do utilizador” não se pressupõe completo: procura-se orientar a sua construção.

As questões da ontologia e da epistemologia são também questões clássicas da filosofia. Esta conferência – filosófica – entra neste Ciclo como elemento de um diálogo acerca destas questões. Quando andamos a tentar implementar colectivos robóticos – e por vezes até nos permitimos pensar neles como formas de “sociedades artificiais” - será que podemos colocar-nos na “perspectiva do olho de Deus”, assumindo que conhecemos completamente o que existe no “mundo” desses colectivos robóticos? E, do mesmo passo, podemos assumir que compreendemos o que cada robot “pode saber” acerca do seu “mundo”? Ou teremos, em alternativa, de nos conformar com uma perspectiva relativista acerca do “mundo” e do “conhecimento” dos robots? Poderá ser o caso que existam coisas no mundo dos robots que não existem no nosso?

Esta conferência, sem pretender resolver estes problemas, constituirá uma oportunidade para introduzir elementos de reflexão vindos da filosofia num leque de questões que interessam aos que participam no design ou na reflexão acerca de “mundos”, “agentes” e “sociedades” artificiais.

escrito por ai.valhamedeus

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