Para não esquecer...

HOMENAGEM A ZECA AFONSO

Hoje, no Telejornal da RTP1, as imagens vieram desmentir algumas ideias expressas no discurso do Presidente da República aquando do 34º Aniversário do 25 de Abril. Afinal a memória dos portugueses, mesmo dos mais jovens, ainda é o que era.

Exactamente. A memória dos governantes, que alternadamente nos governam, é que parece um pouco embotada. Já se esqueceram das suas responsabilidades, do discurso do "sucesso", dos propalados indicadores de crescimento da economia: "o aumento de 50% do parque automóvel". Fiam-se na fraca memória do povo. Felizmente há alguns, muitos, que se recordam.

Vamos então recordar, mais uma vez, quem merece ser recordado, e o resto são outras cantigas.

HOMENAGEM A ZECA AFONSO
Um frémito paira na sala
O coração estremece
E antes
que a voz comece
Solta,
Límpida,
Clara,
A multidão desfalece.

Desfalece de emoção,
Exaltação,
Recordação.

O corpo
ondula a compasso
Vozes brotam a espaço.
Tímidas,
Trémulas,
Inseguras,
A coberto do escuro.

E logo, num sobressalto,
Esvaem-se num sussurro.
Mudas,
P’ra não espantar a magia.

Magia de caras várias,
Mundo frágil,
Incoerente,
Estranho
De muita gente.

Ó Poeta coerente
Bem-hajas por Tu
Seres Tu!
Deste outro sentido ao mundo.
Fizeste da realidade sonho!

(Abril/94)
escrito por Gabriela Correia, Faro, 1 de Maio de 2008

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