Para não esquecer...

TELEMÓVEL, MEU AMOR!

Porque hoje é Sábado, como diria o Vinicius, adiando o trabalho, e por mor de cumprir a rotina, dirigi-me ao café da esquina em busca do meu cafezito pós almoço.

Logo meus olhos deram de caras com o omnipresente e, ao que parece, omnisciente jornal de maior tiragem neste país, que não há maneira de se reinventar. O país! Ou ambos.

Adiante! Rezava a parangona: “Miúdo de 14 anos agride professores”. Não li a notícia. Não sei se servia os professores ou se contra eles estava. Sequer se estaria redigida por forma a agitar as águas mais que paradas deste recanto que se situa entre os dez mais pacíficos do mundo, conforme notícia divulgada.

Crendo sinceramente que o país já se cansou do tema Educação e seus confluentes, não me debruçarei sobre o assunto.

Agora, a Primavera do nosso descontentamento é preenchida, não pelas aves que voltam para se aquecerem ao sol cada vez mais desmaiado, mas pelo tema crucial para as nossas vidas: o futebol! O cidadão pacato e não particularmente interessado no assunto, se quiser obter informações sobre endereços ou números de telefone recorrendo aos serviços da PT, mal se estabeleça a ligação, leva logo com uma dose informativa gravada sobre o tema do futebol, quer queira quer não. Já para não falar, na inefável imagem do mais que promovido apresentador de cachecol ao pescoço, quando se abre o televisor. Palavra que apetece puxar pelas duas pontas e apertar, apertar... Mas isto sou eu a falar, que sou má-língua.

Mais uma vez, adiante!

Já a notícia extraordinária e trágica de um papagaio que se extraviara, teve um final mais que feliz. Imaginem que este bicho que aprendeu a falar, como parece ser característico destes animais, que não enjeitam a aprendizagem, retornou ao seu poleiro familiar, pois declinou correctamente o nome e a morada! Resta saber se no caso do dito papagaio não se passou o mesmo que se passou com a velhinha ajudada com solicitude pelo transeunte a atravessar na passadeira e que não queria atravessar para o outro lado? E que depois teve de se virar, sem ajudas, para retornar ao ponto de partida! Acontece a todos! Vamos que o papagaio estava cansado dos donos, que lhe ensinavam sempre as mesmas coisas, os mesmos palavrões! Vamos que ele quis deliberadamente rumar a outros ares! Enfim, ir a banhos?! Notícia supimpa, de televisão estrangeira.

Mas importante, importante, é a notícia confirmada por um vicar concorrente ao Mastermind, concurso transmitido pela BBC PRIME, um pouco já fora de horas. Embora nunca lhe tendo acontecido (ainda) a ele, respondeu positivamente à pergunta extra–concurso feita por um apresentador um tudo-nada circunspecto que lha colocara com um meio sorriso (é, na Inglaterra é tudo pela metade!). E era a pergunta: É verdade que há pessoas que manifestam o desejo de serem enterradas junto com o telemóvel? Que, sim senhor! Que era verdade!

E nós tão indignados com a utilização na aula e com o amor pelo seu querido telemóvel manifestado pela aluna do 9º Ano, já tão distante nas nossas memórias!

Do mal, o menos. No antigo Egipto, e perdoem-me os historiadores se estou errada, eram as esposas que tinham essa “sorte”. E na antiga (ou não tão antiga?) Índia elas eram imoladas pelo fogo quando os maridos morriam. A acreditarmos no filme “A Volta ao Mundo em 80 Dias”. Não sei se o Júlio Verne refere o facto, já não me recordo!

Livra! Antes o telemóvel! Ou a amante, já agora.

Mais, há um pormenor que não é despiciendo. Muito pelo contrário: É que as pessoas vão ao ponto de o quererem ligado, acrescentou o contender.

E têm razão. Para que serve um telemóvel desligado? Os alunos que o digam.

escrito por Gabriela Correia, Faro

0 comentário(s). Ler/reagir: