Não vou emitir opinião sobre a greve dos transportes, porque me falta visão económica
[eufemismo para a falta de conhecimentos]
do assunto. Limito-me a algumas evidências e constatações:
- estamos perante um movimento à margem da ANTRAN
[a Associação diz que não faz sentido a greve, quando ela está em negociações com o governo; a Associação chegou a acordo com o governo, mas os grevistas discutem se aceitam os termos do acordo]
e dos sindicatos. E isto faz-me lembrar os "movimentos espontâneos"[do SMS e do email]
dos professores, aquando da movimentação geral destes, paralisada pelo acordo dos sindicatos com o ministério. E as diferenças entre trabalhadores por conta de outrem, como são os professores, e os agora grevistas talvez não seja tanta como poderia parecer à primeira vista: fico com a impressão de que os grevistas são, em muitos casos, patrões de si próprios[impressão confirmada por uma notícia segundo a qual 6% das empresas de transportes portuguesas têm 54% dos veículos. Se os números não são exactamente estes, que eu tenho a notícia de ouvido, é coisa parecida. É mais uma intuição minha esta de que a ANTRAN representará, institucionalmente, estes últimos].
- A situação quase aflitiva em que a greve colocou o país é a consequência
[digo eu, que disto não tenho senão intuições]
da falta de investimento num transporte mais limpo, ecologicamente, e mais barato: o transporte por caminho de ferro. - A Sic Notícias noticiou há pouco a posição da oposição sobre o assunto e sintetizou-a, em rodapé, assim:
"Oposição exige que Governo haja com firmeza".
Sic!: haja. Pois!... Haja alguém que vigie estas calinadas[valha-nos Deus!]!
2 comentário(s). Ler/reagir:
É chato ficarmos sem combustíveis, eventualmente até sem alguns géneros, mas dá-me um imenso gozo que estes homens do asfalto chateiem o sócrates , e mandem p´ró c... as suas associações "representativas"...
Quanto à questão ambiental, sem dúvida a ferrovia devia ser a opção natural para os milhares/milhões de camiões que diariamente circulam (em longos comboios) pela Europa e pelo mundo.
Os camionistas poderiam ser formados para serem ferroviários e o ambiente agradecia. O camião limitar-se-ia a fazer os percursos curtos de ligação entre a origem/destino das mercadorias e a estação ferroviária mais próxima.
Sonhando ainda, poderíamos transformar as auto-estradas em imensas passadeiras rolantes onde "encaixaríamos" os nossos carros sendo assim transportados rapidamente e em segurança longas distâncias com "vocação TGV"...
Ó Vitor m (que acordo há muito lhe fez cair o c e o acento?), se não fossem as ligações perigosas entre os países da UE... Então não sabe que para uns também comerem têm de fechar os olhos à parte de leão do bolo, de outros? Por que acha que todos querem integrar a União? Não é certamente pelos ideais sociais e de cooperação.
Não conhece a história das batatas francesas? Eu conto; porque a li há muito. Ninguém me contou.
As batatas francesas, antes de aterrarem nos pratos dos gauleses,desta feita redutíveis, passam por muitas aventuras europeias: os agricultores franceses cultivam-nas, as empresas italianas de transportes rodoviários transportam-nas a terras transalpinas a fim de serem lavadas, depois outras empresas transportadoras de um outro país(não me lembro qual) devolvem-nas à procedência e, finalmente, são comercializadas no país de origem, com custos acrescidos já se sabe para quem. E não é por falta de oportunidades de lavagem em terras gaulesas, ou por a água italiana ser mais limpa.
E que dizer das malhas portuguesas, dos sapatos, dos têxteis?
Já para não dizer que se fossemos pela via mais verde, o comboio, o que seria de todo o comércio à conta desta labuta diária dos camionistas: donos de restaurantes, gasolineiras, lojas de conveniência (estrangeirismo dos States; e nós importados com o acordo), damas prontas a servir alguns na pernoita, etc., etc. Nomeadamente os eurodeputa(e)dos em barda... Tanto posto de trabalho que iria à vida.
Aijesus, valha-o deus!
Gabriela
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