Para não esquecer...

PEQUIM 2008 E O MARCO FORTES

Marco Fortes nos Jogos Olímpicos

Marco Fontes, o nosso lançador de peso, parece que fez dois lançamentos nulos e o terceiro quase lhe bateu nos pés. O atleta justificou-se. Àquela hora da manhã costuma estar na caminha, não a competir. E daí não se dar com jornadas tão matutinas. De “madrugada” não contem com ele. A essa hora gosta de dormir.

A justificação deixou irritados os comentadores encartados que sabem tudo sobre os jogos Olímpicos. Aquilo não é para malandros, diz um.

O Marco Fortes deveria ter tido um discurso politicamente correcto. Por exemplo: as muitas horas de viagem de avião, o facto de não ter recuperado do jet lag, o facto de ter comido uma qualquer comida estragada, a doença da mãe que sofria em Portugal a sua ausência, a mulher com um parto difícil e etc e tal, não lhe permitiu recuperar a tempo de participar e honrar o seu querido país. Assim todos o entendiam. Mas não. O rapaz foi sincero e disse simplesmente que, àquela hora, gosta de dormir e não de competir.

Se isto não é espírito olímpico, o que é? Viva o Marco Fortes!

escrito por Carlos M. E. Lopes

3 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Prezado Carlos:

Falta de "garra" (=ambição construtiva +atitude) é a maior praga a assolar países emergentes e/ou culturas que se sentem inferiores aos países ditos de primeiro mundo.

Um de meus mestrados e o meu doutorado foram feitos nos USA. Ontem, o nadador brasileiro César Cielo, que obteve medalha de ouro e treina parte do ano lá, disse ao vivo que para chegar até ali, faz meditação, parou de namorar, controla o que come e segue uma rotina espartana de treinos. O treinador americano dele disse: ou é assim, ou desista.

Sempre digo isto para meus alunos: "No pain, no gain". Ou seja, ninguém consegue excelência de graça. O estoicismo e a perseverança de Cielo não foram diferentes do que passei em Chicago. Quando me perguntam sobre os passeios e viagens que fiz neste período, a resposta é parecida com a Cielo: "Em que tempo?". Mesmo tendo estudado 3 anos numa academia militar da aeronáutica, ainda assim tive que aprender o valor do sofrimento. Este último, deve ser transmutado em força interior, na complexa arte do auto-conhecimento e em respeito a tudo que vive.

Ser latino é lindo. Sou 70% latina (sangue português, italiano e espanhol), todavia o culto ao hedonismo e à essa "insuportável leveza do ser" são problemas gravíssimos. Realização e objetivos também temperam a vida.

Vejo isto nos olhos de meus alunos: "Professora, eu odeio fazer tanta conta!" Depois de algumas repreensões, mescladas com bastante carinho, além das séries de exercícios, é maravilhoso ouvir: "Professora, é tão bom ser competente!"

Um abraço,
Vania Vieira

Anónimo disse...

Cada um é para o que nasce.
Este matulão, ainda por cima Marco Fortes, nasceu para para a estiva e não para o desporto de alta competição.
Ser sincero é uma virtude mas não apaga a falta de caracter.

Por exemplo, confessar um roubo que se fez não apaga o crime que se praticou, e, por isso mesmo não é exemplo de nada e muito menos para alguém.

Anónimo disse...

Sem dúvida, este "tipo" de atletas não nos merecem, entenda-se no nosso contributo através dos impostos, da nossa procura de identificação e acima de tudo pela falta de ego que demonstram. Trabalhem-se interiormente a par da preparação física, ou será que ainda têm dúvidas, que a mente é que comanda a vida? Sejamos mais exigentes connosco, antes de exigir dos outros.
Parabéns Vanessa, Parabéns Gustavo Lima.