Para não esquecer...

A PROPÓSITO DE ANIVERSÁRIOS

Como o título indica, e começando por agradecer do fundo do coração a gentileza do Ai.valhamedeus ao referenciar o meu, apraz-me registar que este dia também foi o dia em que o MDM saiu à rua
(metaforicamente falando).
Ontem fez 40 anos, e lá fui, mediante convite, que eu cá não sou penetra, beber um Porto de Honra na companhia delas. E deles. Que os havia.

Fazendo jus ao tema e com o pequeno texto estóico escrito pelo ai.valhamedeus, aqui há atrasado, como pano de fundo, deixo-vos alguns versos em homenagem a todos os aniversariantes: passados, presentes e futuros. Com um grande abraço para os meus amigos. Não são uma arreata comprida, mas são de qualidade. Olá se são!
Com que então caiu na asneira
De fazer na 5ª Feira 26 anos?
Que tolo! Ainda se os desfizesse…
Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo

Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice,
Aqui o ano passado.
Agora, para o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo, coitado!

Não faça anos! Que os anos
Que nos trazem? Desenganos
Que fazem a gente velho.
Faça outra coisa que, em suma,
Não fazer coisa nenhuma
Também lhe não aconselho.

Mas anos? Não caia nessa!
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira
E, depois, se se habitua
Já não tem vontade sua,
E fá-los, queira ou não queira.

João de Deus
(citado por Trindade Coelho no seu livro “Os meus Amores”, lido por mim quando era menina e moça)


ANIVERSÁRIO

Não quero estar triste
No dia do meu aniversário.
Não quero estar triste.

A tristeza dirime a beleza
Do sorriso.
A tristeza não deixa a alma assomar
À janela do olhar.

A tristeza não acalma.
Antes enfurece
E arrefece o ardor.
Confere um tom de metal à voz,
Como estilete raspando o vidro.

A tristeza é tirânica,
Satânica
E inimiga.
E eu quero amigos.

Quero ternura.
Quero a quentura do ovo,
A macieza das penas,
Quero tardes amenas,
Raios de sol na pele nua.

Quero passear na rua
Em passo leve,
Álacre.
Quero sentir-me a parte
E não o todo.

Quero desejar e ter,
Quero ser,
Quero poder dizer
E não temer.

Quero respirar,
Livre da canga da dor.
A custo, embora, libertar-me.
Apenas recordar e sentir paz.

Quero uma mão,
Um braço, um ombro.
Quero ser feliz
E não sei como.

Sei que não quero amos,
Sei que não quero amores vazios,
Amores bruxos.
E sei que não quero estar só
E fazer anos.
[Faro, 29.09.2008]

escrito por Gabriela Correia, Faro

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