Hoje, como vós todos sabeis, muda a hora. Hoje, como quem diz! Será já amanhã, uma vez que a hora mudará às duas da madrugada. Mas às duas da madrugada não cantará um passarinho, antes um galo, se alguém beber mais do que a conta e se desequilibrar.
Pois, como ia dizendo, por este motivo da mudança de horário de Verão para horário de Inverno
(alguém antecipou o que se está a passar com as estações),
resolvi também mudar: não fui às compras!!
Confesso, não fui às compras, como é meu hábito; fui ao cabeleireiro! Pois nem só de pão vive o homem, que quereis vós? Tal como os campos mudam com as estações, assim os humanos com as cabeleireiras: de repente somos morenas e de cabelos escuros, ainda bem não, já nos transformámos em loiras, ruivas e de madeixas várias.
E então lá vou eu ficar mais bonita sabendo que vou deixar o coiro e o cabelo; literalmente. Mas para se ficar mais bonita vale tudo. É ou não é?
Neste reino da beleza encontra-se quem se quer e quem não se deseja. Para além de se ficar a saber das novidades. Em ambiente descontraído e de relaxamento, quando mal nos precatamos já abrimos o coração, desabafamos e contamos o que nos vai na alma. Na alma, em casa, na profissão.
Como declarou a cabeleireira, ufana, ela tem muitas professoras na lista dos clientes. E de todos os graus de ensino.
É verdade, encontrei lá mais três “vítimas” do que se passa actualmente nesta área. Uma delas estava mesmo com uma depressão, segundo afirmou, e aos 52 deu-lhe para odiar a profissão. A profissão não, o sítio onde a exerce. Incentivada pela minha solidariedade, muita solidariedade mesmo, vá de contar o que se passara um destes dias na sua escola do Ensino Básico: “Onde é muito pior, pode crer”! Acreditei sobremaneira, e sem esforço, ao ouvi-la contar a queixa levada directamente às altas esferas, ignorando as chefias intermédias, contra uma funcionária do refeitório por, alegadamente, ter puxado os cabelos a um pirralho que cuspiu no prato da sopa depois de esta já o ter admoestado em tom de conselheira mais velha e na qualidade de Auxiliar de Acção Educativa.
Ficámos a matutar no que irá acontecer à funcionária. Já que ao pirralho nada aconteceu, nem um puxãozinho de orelhas por parte dos progenitores! Calma, estou a pensar metaforicamente.
E porque torna e porque deixa, eis senão quando entra um elemento masculino, profanando aquele gineceu tão alvoroçado de queixas, condenações e ruídos de secadores a todo o gás.
É certo que ele passou por nós como cão por vinha vindimada, estranhando porventura não se estar a falar de futebol, de gajas boas, e assim. E desapareceu no gabinete da esteticista. Mistério! Seria o marido? Apesar de ser muito mais velho do que ela!? Uns bons sessenta e alguns…
Que não, que não era o marido. Um cliente para o tratamento dos pés. “É que os homens estão a ficar tão vaidosos quanto as mulheres”.
E esta, hem?
Mas apelo a todos os homens deste país: não pintem o cabelo! É que ficam muito melhor com ele ao natural. Ainda que “vá muita neve na serra”!
[25 de Outubro. Porque hoje é Sábado e eu baldei-me às compras!]
escrito por Gabriela Correia, Faro
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