Porque hoje é Domingo, vou tomar um café num local aprazível
[o Pátio de Letras, na R. Dr. Cândido Guerreiro, em Faro]e, ainda por cima, barato: uma água custa 50 cêntimos! Para além do mais, é o lugar indicado para uma amena cavaqueira e a leitura de um livro, do próprio, ou adquirido no local, onde abundam e ali estão mesmo à mão de semear. Segundo consta do convite, no dia da inauguração, onde não pude estar presente por razões familiares – casamento de um sobrinho – o poeta Manuel Moya, autor do poema aqui evocado pelo Dr. Carlos Lopes, foi um dos convidados.
Como todos, porventura sabeis, um dos mentores deste espaço cultural em Faro é o Dr. José António Barreiros, autor, advogado e dono de 15 blogues, segundo ele afirmou aos microfones da Antena 2, em entrevista concedida à dita estação. Foi igualmente homem da Rádio já que com ela cresceu, como também disse. E ao recordá-lo utilizou a frase: “Sim, fui um homem da Onda Curta”.
Sorri para mim, pois esta afirmação lembrou-me uns versos de um Açoriano, Victor das Dores, meu ilustre colega de Germânicas, cujos pertencem à tradição oral e repentista dos Açores, sobretudo no Pico, a lembrar, em minha opinião, a brejeirice dos bailes de roda mandada do Algarve e outras folestrias/flostrias populares, que muito prezo e respeito, enquanto espaço de memória e estudo sociológico. Não tendo sido mandatada por ninguém, nem querendo com tal “abichar”
(que palavra mais feia! só comparável à metáfora do comboio a apitar na estação)coisa alguma, deixo aqui os referidos versos, sem qualquer segundo sentido, nem intenção.
Com um abraço para o Victor das Dores que os escreveu tendo em mente a recuperação desta tradição açoriana e a crítica às fracas condições, à época, da recepção da Radiodifusão Portuguesa naquele arquipélago.
Meu Avô, Manuel João,
É como a Radiodifusão,
Anda com falta de potência.
Tua Avó experimentou
Sintonizar o meu Avô
Em Modulação de Frequência
Diz o velho, com tragédia:
-- Ah, velha! Não sejas bruta!
Querias a Onda Média,
Mas só tenho a Onda Curta
Nota: estes versos são acompanhados à guitarra em jeito de desgarrada. Eram-no também no antigamente. E estão integrados, se a memória me não falha, na classificação mais abrangente de “OS VELHOS E AS VELHAS”
escrito por Gabriela Correia, Faro [com outro abraço para os dois açorianos convictos e indefectíveis Fátima Ferreira e António Pessoa]
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