Para não esquecer...

O SR. MIGUEL É BURRO


Nos tempos mais recentes, uma coisa me vinha intrigando: duas manifestações

[para simplificar, tomo-as como ponto de referência, mas sei que não foram só elas que conseguiram esse efeito]
de professores
[ambas significativas, ainda que eventualmente por razões não coincidentes, mas ambas coincidentes nos objectivos]
conseguiram pôr as causas dos professores na agenda do país de tal modo
[de tal modo insólito na História da classe docente]
que parecia não haver mais Portugal
[as tvs foram o sinal mais visível do facto]
para além da avaliação dos docentes. Quero dizer: estranhamente, o governo parecia ter perdido o controlo do País no que se refere à publicidade/marketing de massas
[e este governo pê-èsse tem sido exemplar nesse controlo].
Levou
[algum]
tempo, mas a profissional máquina propagandística do governo está novamente em acção: foi a grande encenação do conselho de ministros, foi a grande encenação da conferência de imprensa, foi o reforço na grande entrevista da ministra hoje na rtp... e a máquina parece estar novamente em funcionamento pleno.

No referido período intrigante, houve muitos factos significativos, entre os quais justamente se pode incluir, como exemplo, a ausência de comentários do sr. Miguel
[que bufa sempre que ouve falar em Fenprof/professores]
num "telejornal" onde a luta dos professores esteve saliente. Mas, significativamente, não foi preciso esperar muito tempo para que o sr. Miguel tivesse voltado a atacar os professores
[quero dizer, a asneirar]:
fê-lo hoje mesmo, no seu tempo de antena de comentador da TVI.

Não vou perder muito tempo com o sr. Miguel. Por ele, não perderia nenhum, que não tem ele valor que justifique o tempo que perco. Só que o sr. Miguel tem sido pião/peão do tabuleiro de xadrez do marketing governamental e reforça a propaganda mentirosa do governo
[e este papel não é inócuo].
Salientem-se, pois, algumas ignorâncias do sr. Miguel:
  • os professores são o único corpo da função pública que ainda não tem avaliação.
    Asneira dupla:
    a) se isso fosse verdade, não provaria nada: poderia ser o único caso em que não se aplicaria um modelo injusto
    [bastaria, para tal, que a avaliação nos restantes corpos da função pública fosse injusta -- e não está afastada a hipótese de tal acontecer];
    b) os professores não estão neste momento a ser avaliados porque o modelo que o ministério impôs é impraticável;

  • os resultados dos alunos têm que ser tidos em conta na avaliação dos professores; caso contrário, como é possível avaliar os resultados da actividade docente?
    Pelos vistos, a ignorância do sr. Miguel não lhe permite perceber que
    [querendo mesmo avaliar a qualidade do trabalho do professor]
    a qualidade do trabalho do professor não se mede necessariamente pelos resultados dos alunos; porque os resultados dos alunos não dependem apenas dessa actividade, mas de uma série de factores que o professor não domina. No limite, a actividade do professor pode ser medíocre e os resultados dos alunos, bons
    [basta, por exemplo, que os pais dos alunos lhes proporcionem explicações];
    ou a actividade do professor pode ser óptima e os resultados dos alunos, insatisfatórios
    [basta, por exemplo, que os alunos tenham tido ensino menos bom em anos anteriores ou que tenham background limitador. E isto é perfeitamente possível e real: é só comparar escolas entre si e, dentro das escolas, turmas entre si].
  • se os professores querem mesmo ser avaliados, eles/os sindicatos que apresentem propostas de modelos de avaliação; mas eles não apresentam...
    Ignorância crassa ou má fé do sr. Miguel
    [ou ambas as coisas].
    Quando houve discussão de modelos de avaliação
    [o sr. Miguel talvez ignore, mas esta discussão não é recente. Mais: esta discussão, a sério, é anterior; recentemente não tem havido discussão, apenas negociação aparente -- a negociação que tem que ser por força legal],
    os sindicatos sempre apresentaram propostas alternativas
    [a Fenprof, que eu conheço melhor, pelo menos, fê-lo. A Fenprof, pelo menos, tem propostas recentes e públicas: bastaria ao sr. Miguel consultar o site conhecido daquela frente sindical].
  • os professores, como qualquer classe profissional
    [como nós aqui, disse o sr. Miguel ao jornalista],
    sabem como distinguir os bons dos maus professores. E seria fácil indicar como.

    Finalmente estou de acordo com o sr. Miguel. Só que o sr. Miguel, porque é burro ou de má fé, não tira daí as consequências. Se os professores sabem como é que isso é possível sem burocracias
    [e sabem],
    então o governo que os ouça! Mas o governo não ouve: impõe. E é isto que o sr. Miguel não sabe ou, sabendo, não diz
    [a verdadeira questão está noutro lado, de que o sr. Miguel saberá ou não: é que a lógica dos professores não é a lógica do governo. O governo não quer distinguir a sério os bons dos maus professores; o que o governo quer é que haja x% [x=a maioria] de professores que fiquem eternamente nos escalões mais baixos da hierarquia salarial].
    Esta não é a lógica dos professores, nem a lógica ética, nem a lógica do autêntico reconhecimento da qualidade profissional nem a lógica que interessa à qualidade do ensino.

  • O que os professores/sindicatos querem é a cabeça da ministra e teimosamente, como sempre, não desistem disso.

    E o sr. Miguel não desiste de ser ignorante. Eu já tenho aqui justificado a ideia de que esta luta não é contra pessoas
    [embora, a mim, esta equipa ministerial me provoque vómitos. Mas isso é outra estória],
    os sindicatos insistem nessa ideia, o que os professores querem é a mudança de políticas... Só o sr. Miguel não percebe isso. Ou percebe mas finge o contrário. Ou não percebe mesmo e nem tem tempo e/ou capacidade para perceber
    [a esta gente, que é ignorante mas teima em falar como se o não fosse, eu chamo burros. Ou me engano muito, ou o sr. Miguel é burro].
escrito por ai.valhamedeus [foto de Jerónimo Costa]

1 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

O sr. Miguel é mesmo burro e ignorante e, tal como a ministra, domina mal a língua de Camões: repetiu a palavra "prencípio" várias vezes e utilizou a expressão "de encontro a" em vez de "ao encontro de". Fugiu-lhe a boca para a verdade! Mas o que ele queria mesmo era dizer "ao encontro de". De qualquer modo o pio já lhe vai faltando, falou com um tom mais moderado, em gritante contraste com o artigo estulto e grandiloquente nos ataques à classe e no apoio à ministra, coitadinha, no Expresso de Sábado passado.
A ver vamos se vem também dizer, como já o fez,que foi tudo uma má
interpretação, que nunca disse tal. A exemplo da mestra
Gabriela