O quotidiano refrão das cantigas recentes da rádio, tv, jornais e outros que tais é o que já toda a gente canta: o refrão da crise. Que mais isto mais aquilo, que a crise é global, que é séria, que temos que nos mentalizar de que... E o objectivo parece ser esse mesmo: o de o nos mentalizar de que... O de conseguir que aceitemos como natural notícias como a de que em 24 horas houve 70 mil despedimentos.
- Uma tv passava, há pouco, uma reportagem junto de trabalhadores com o horizonte do fecho da fábrica, onde trabalham, bem próximo; dizia um deles: "desemprego? provavelmente!... a crise não é só cá, não é?...".
- Que a coisa está preta, vê-se por indicadores como este: o Banco Espírito Santo teve uma queda de 34% nos lucros, no ano passado
[o que significa que teve apenas 402 milhões de euros de lucro].
- Porque a coisa está preta, o Forum português para a competitividade ameaça, premonitoriamente: Portugal será obrigado a seguir imposições externas. E, do Fórum, Ferraz da Costa
[o tal que não pára de pedir cortes nos salários]
adverte, mais uma vez, que os portugueses estão a viver acima das suas possibilidades[o governador do Banco de Portugal às vezes faz também declarações do género -- recorda-se o leitor? E não é o único].
O que quererá dizer um rico, quando exige contenção para os pobres? - "Um dos indicadores de uma boa sociedade é a forma como trata os pobres. Nem sempre é fácil aqueles que não são pobres saberem fazê-lo correctamente. Como observou Charles Péguy: "Falho de génio, um rico não consegue imaginar a pobreza". É por isso que os mais abastados pensam que os pobres deviam abster-se de televisão e cigarros, se não têm dinheiro para tal."
(GRAYLING, A. C.. O significado das coisas. Lisboa: Gradiva, 2002, p. 170). - Voltando à crise... Pela negrura com que pintam a coisa, parece que, de repente, os ricos desapareceram
[e, com eles, se evaporou a riqueza produzida. Ora se, quando a coisa dá, arrebanham a massa, porque não a haverão de perder quando a coisa dá... para o torto?].
Mas onde é que estão os ricos?
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