A ideia já circula pela net há uns tempos, o Jerónimo Costa foi um dos professores que a concretizou: sendo professor em Viseu, escreveu uma cartinha aos 2 deputados-professores pê-èsses por Viseu. Quem lhe quiser seguir o exemplo encontra os endereços electrónicos de todos os figurões, a nível nacional, aqui.
«Meu caro Deputado José Junqueiro,escrito por ai.valhamedeus
Meu caro Deputado Miguel Ginestal
Dia 23 de Janeiro, pela terceira vez consecutiva em poucos meses, a Assembleia da República vai ter a possibilidade de corrigir um erro monstruoso iniciado com o ECD e amplificado, sem remédio, com este embuste de avaliação. Como deputado do círculo eleitoral a que pertenço, eleito com o meu contributo, exijo que reflicta sobre os malefícios deste modelo de avaliação, em permanente e escandaloso remedeio, e se empenhe, na qualidade de deputado e professor, na construção de uma alternativa justa e exequível, capaz de avaliar sem denegrir milhares de professores portugueses. Estar disponível para tal exercício é contribuir para pôr fim a um ambiente insuportável nas escolas, adverso das condições, mesmo mínimas, necessárias para aprender e ensinar. O seu contributo para o fim deste pesadelo, que não passa já de um embuste, há-de merecer-lhe o retomar da confiança dos que em si confiaram o voto, esperando que ele fosse o melhor tributo para o bem comum.
Dia 23, os professores do seu distrito, creia, muito para além dos que são sindicalizados e, fundamentalmente esses, estarão com os olhos no seu gesto e saberão ler-lhe os passos que der em nome ou contra a escola pública; a favor ou contra uma avaliação justa; desconsiderando ou não milhares de professores que já demonstraram à saciedade o que querem e para onde estão dispostos a ir.
Senhor Deputado, este modelo de avaliação, que já tão poucos professores avalia, é um erro insofismável, uma batota sem nome, um mal-entendido a que é preciso pôr cobro com o seu contributo.
Com os melhores cumprimentos,
Jerónimo Costa – Viseu»
2 comentário(s). Ler/reagir:
Li as "observações". Apreciei a análise e concordo genericamente com ela.
Aliás, eu próprio citei aqui o texto da escritora, procurando... desenquadrá-lo (dos aspectos estruturantes que o tornam um texto excessivamente laudatório de uma política por ela considerada globalmente positiva, quando entendo que está muito longe de o ser).
Escrevi então: "Ainda que discordando do texto nalguns aspectos, considero a sua leitura globalmente aconselhável". E "O racionalismo da acção enganou a humanista?" é mais uma prova de que o texto é de facto aconselhável (esta minha apreciação está, claro, longe de significar concordância).
Obrigado pelo seu texto.
Mutatis mutandi, os dois estão de acordo. E eu com eles.
Os professores devem ser avaliados, como devem ser avaliados os deputados, os ministros, os padeiros, os músicos. O primeiro problema é que nem todos concordam com este princípio (perguntem à ministra). A questão está realmente no modus faciendi, no processo. Se um determinado processo não pode avaliar correctamente o trabalho de um professor ou um ministro, deve ser eliminado. Sabemos que a actual avaliação não dá a medida (por razões que não analisaremos aqui) logo, deve ser eliminada até que outro modelo cumpra com os critérios mínimos. Os professores, mesmo discriminados, não recusam a avaliação e já apresentaram propostas. Que espera a ministra?
Não tenho facas que afiar porque não dependo da avaliação desta ministra. Mais... se eu e a ministra tivéssemos que ser avaliados com o sistema de avaliação que ela impôs, no dia 19 tínhamos participado de braço dado na greve dos professores.
J Alberto
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