Só em dois dias, 20 escolas de todo o País aprovaram a suspensão da avaliação do desempenho. As moções foram decididas entre terça e quarta-feira, logo a seguir à publicação do decreto de simplificação da avaliação, que impõe prazos para a calendarização do processo.
Segundo os representantes dos professores, esta segunda vaga de suspensões vai engrossar nos próximos dias, o que mostra que os docentes não desarmam face às ameaças do Governo de abertura de processos disciplinares.
Para o secretário-geral do Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep), as duas dezenas de escolas de todo o País que decretaram a suspensão do processo, ao arrepio daquilo que são os prazos legais do Governo, são já muito significativas. "Estamos a falar de moções aprovadas em apenas dois dias, e que ainda assim representam só o começo da resistência, que vai tomar ainda maiores dimensões", garante ao DN Carlos Chagas.
"Os professores sentem que têm o direito à indignação através dos meios legais", diz João Dias da Silva, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação, que reconhece que a ameaça de processos disciplinares gerou "algum medo nas escolas, embora não existam razões para isso".
Já José Grilo Santos, presidente do Agrupamento de Escola de Sequeira, na Guarda, o primeiro nesta fase a decretar a suspensão da avaliação, reconhece que os conselhos executivos pouco têm a fazer se os professores não quiserem aplicar o actual modelo. Mas "no caso das escolas do nosso agrupamento, todos os professores aprovaram a suspensão, mostrando uma enorme firmeza".
Apesar de já considerarem este números relevantes, os sindicatos esperam que a lista das escolas a pedir a suspensão aumente de forma significativa a partir de terça feira, dia de reflexão nas escolas. "Essa será uma data decisiva, porque os professores vão poder reunir nas escolas e votar novas moções", frisa o secretário-geral do Sindep. "Até final do mês, altura em que acaba o prazo para entregar os objectivos individuais, ainda temos tempo para informar os professores e organizar a luta", considera Carlos Chagas.
Já Mário Machaqueiro, da Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino, defende que "a dispersão geográfica das escolas que aprovaram a suspensão - lista que inclui a Infanta Dona Maria, em Coimbra, o Agrupamento de Sequeira, na Guarda, a Secundária D. Sancho, em Famalicão ou o Agrupamento de Escolas de Santo Onofre, nas Caldas da Rainha - é muito importante". Para o professor revela "que o movimento está em crescendo, depois da primeira vaga de suspensões, anterior à simplificação do modelo".
Ilídio Trindade, do Movimento Mobilização e Unidade dos Professores, confirma que o dia 13 será decisivo na luta contra a avaliação, mas defende que a partir de agora é preciso começar também a fazer a contabilização professor a professor, e não apenas das escolas que aprovam a suspensão: "É que, mesmo se tivéssemos o caso de todas as escolas apresentarem os objectivos individuais, haveria ainda assim muitos professores que não o fariam e continuavam a resistir. Poderiam até ser a maioria. E é preciso fazer essa contabilidade". Este número seria recolhido em conjunto com os sindicatos e através de informações dadas directamente por aqueles que se recusem a ser avaliados.
[fonte: Diário de Notícias, 10/1/2008]
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