Mão amiga fez-me chegar, via email, um comentário do secretário da Conferência Episcopal Portuguesa à anunciada proposta eleitoreira do pê-èsse de Sócrates de uma lei que permita o casamento dos homossexuais. Li com alguma atenção o texto, não por esperar qualquer qualidade, mas porque me foi apresentado como um texto... equilibrado. Peço antecipadamente perdão ao prelado em causa para declarar que achei a argumentação do texto perfeitamentee idiota
Limitar-me-ei a uma brevíssima e esquemática análise [isto não me impede de reconhecer os socretinos propósitos da proposta. Mas sobre Sócrates... estamos conversados].
[que mais cera não merece tão ruim argumentação],apresentando em itálico o texto do reverendo e entre parêntesis as minhas notas:
- Parece‑me, contudo, desproporcionado que o partido do governo se fixe neste assunto dos casamentos homossexuais, quando há tantos problemas graves e gritantes na nossa sociedade actual, como seja a crise financeira e económica que está afectando gravemente as famílias e as empresas.
[Então e uma coisa -- a crise, admitindo que o governo se dedica à crise -- impede a outra? será a legislação sobre o casamento em causa tão absorvente que não deixe tempo para resolver a crise? possivelmente, na cabeça do senhor secretário, legislar sobre a coisa (porque se trata de uma coisa do outro mundo) há-de ser uma coisa do outro mundo. Diabolicamente ladra do tempo...] - Além do mais esta iniciativa, em vez de unir os portugueses para resolver os reais problemas do país, será seguramente um forte factor de divisão, fracturante como se diz.
[Ou seja, ser ou não ser fracturante é o critério para decidir se não se legisla ou se legisla. Já era por isso que os clérigos rejeitavam a despenalização do aborto, se a memória não falha; há-de ser por isso que rejeitarão outros pecados... Parece que o sr. secretário se não apercebe de que a proibição do casamento dos homossexuais também é fracturante -- a diferença é que esta fractura lhe convém...] - Penso que todos nós esperamos dos partidos em geral e mais ainda do partido do governo, iniciativas que ajudem a resolver o «Inverno demográfico» por que passa a nossa sociedade, com o envelhecimento progressivo da população, dada a baixíssima taxa de natalidade;
[Bem... decididamente isto não tem assunto. Se a baixa natalidade é razão para não permitir o casamento de homossexuais, proíba-se igualmente o casamento de pessoas estéreis ou dos casais que não aceitem explicitamente fazer filhos para a demografia... Santo Deus!...] - todos nós esperamos que o governo proteja a estabilidade da família e ajude a que os casais possam ter os filhos que desejam e não se sintam forçados a uma drástica limitação da natalidade por falta de ajudas sociais. Há países em que ter mais que um filho, significa quase ter um novo ordenado…
[Reverendo, o que é que o cu tem que ver com as calças?! Fazer a lei em causa implica muitos milhões de euros e, portanto, limitação das ajudas sociais? É isso? -- Em que é que o sr. secretário estaria a pensar, quando pensou nisto? ou nem pensou?] - Digo isto sem nada que se pareça com discriminação em relação aos homossexuais. Todos, pelo facto de serem pessoas, merecem o nosso integral respeito e atenção, independentemente da orientação sexual, da raça, da ideologia ou do credo. A Igreja, seguindo os passos de Jesus, promove o respeito e acolhimento de todos, também dos homossexuais. Mas a justíssima causa de abolir as discriminações não pode justificar tudo.
[Uma no cravo e duas na ferradura, como Marcelo Rebelo de Sousa em relação ao aborto: sim, está bem, mas... A eterna ambiguidade eclesial!... Como é que o sr. secretário proporá que se exprima esse "integral respeito e atenção"? que medidas aquela cabecinha santa proporá para que se acabe com a discriminação em relação aos homossexuais?] - [etc., etc]Estou‑me a recordar do caso da Inglaterra que encontrou um quadro legal para uma união estável de duas pessoas do mesmo sexo, com certos direitos por exemplo a nível dos impostos e das heranças. Fez tudo isto, mas sem dar o nome e o estatuto de «casamento» e de «família». Espero que o bom senso acabe por prevalecer, no respeito de todos, mas sobretudo da célula fundamental da sociedade que é a família, que não se pode reinventar a nosso gosto.
[E não se pode reinventar a nosso gosto porquê? ou o sr. secretário também pensará que a família é algo natural, que nasce na natureza como os cogumelos? pensará ele que a família não é uma instituição, portanto, algo cultural? não se tem reinventado a família "a nosso gosto" conforme as épocas? não se tem reinventado "a nosso gosto" (cultural) conforme as culturas? porque é que se não há-de reinventar agora? E se se permitir o casamento sem se lhe chamar casamento, como ele diz que se fez em terras de Sua Majestade -- nem se chamar família à família assim constituída -- assim já vale? Ó meu Deus!...]
4 comentário(s). Ler/reagir:
Ai valha-me deus :S
q falta de espírito livre...
Bom fim de semana :)
Sócrates, tendo perdido o voto dos profes, tenta recuperá-los noutras minorias (o gajo não é burro - é um grande espertalhão...).
Naturalmente acho que os homossexuais devem ter os mesmos direitos que têm os hetero, pelo que é, para mim, pacífica esta questão. Pese embora a antipatia que nutro por casamentos, uniões de facto e outras merdas enquistadas nas nossas sociedades castradoras...
Sobre o que diz o reverendo, "vozes de burro não entram no céu"...
Levar no cu é um acto de cultura e faz parte integrante da cultura.
Só os analfabetos e os ignorantes é que não levam na pandeireta.
Que o diga o pai desta inicativa.
É bom termos gente sábia e cu lta
Tem razão o anónimo anterior.
Parto do princípio que "autor desta iniciativa" se refere ao proponente desta brilhante legislação.
Mas há muita gente culta que defende que a existência do cu não se esgota na defecação.
Tive um prof de Constitucional que estando a ser examinado por um também mestre de Medicina ouviu este dignóstico:
- O ilustre colega tem aqui à entrada do anus...
O Prof de Constitucional nem deixou acabar a frase e retorquiu:
- À entrada, não... à S A Í D A, à saida...
Enviar um comentário