Para não esquecer...

A DRª MARIA DE JESUS E SÓCRATES

Em artigo publicado no Público de sábado, a Srª Drª Maria de Jesus Barroso Soares insurge-se contra a onda de calúnias que atinge o Sr. Primeiro-ministro. Apela à solidariedade, cita o Presidente Obama e afirma que estamos
…- com estes ataques injustos, até torpes – a dar um exemplo de falta de solidariedade…”.
Nem mais. E tal, presumo eu, fica mal e dá mau aspecto à nossa democracia.

Ora vejamos o caso Obama. Obama viu o seu secretário do Comércio nomeado, o governador Bill Richardson, ser rejeitado por estar em investigação por alegadas irregularidades. Ora em Portugal não há, ao que parece, ninguém a ser investigado, mas o que se tem escrito sobre as peripécias do Freeport é mais do que suficiente para exigir de um primeiro-ministro honesto e rigoroso uma outra atitude. Sei que não sou o primeiro e não serei o último. Mas face às suspeitas públicas, que não suspeitas jurídicas, deveria o primeiro-ministro reagir de uma forma mais frontal e clara. Mostrava os seus extractos bancários. Mais, mostrava as declarações que fez ao Tribunal Constitucional desde 2000 até hoje, acompanhadas dos extractos das suas contas bancárias
(mas todas)
e evitava tanta calúnia e cobardia dos seus detractores. O primeiro-ministro tem responsabilidades acrescidas na sua conduta. Não se pode refugiar na sua qualidade de cidadão. Há mais exigência. Não lhe basta ser honesto, tem de parecer. Se há calúnia e cobardia, como diz a Drª Maria de Jesus, tem possibilidade de a mostrar. Seja claro e mostre as suas contas. Embora tal possa não levar a conclusão alguma, pelo menos calaria muitas suspeitas que andam no ar e sairia reforçado deste imbróglio.

Ninguém pode negar que anda no ar a suspeita de que Sócrates recebeu dinheiro para a prática de um acto lícito
(ao que parece).
Todos os dias há gente a ser acusada e a ser absolvida. Se formos ver as estatísticas dos nossos tribunais, veremos que nem todas as acusações processuais acabam em condenações. Veja-se o caso recente e mediático de Pinto da Costa. Ao primeiro-ministro exige-se também outra atitude que não seja só gritar a sua inocência. A mera suspeita da opinião pública deveria levar o primeiro-ministro a pensar duas vezes. Ainda por cima, se for mentira, deveria levá-lo a pensar qual a razão por que medram tais suspeitas. Até agora, do primeiro-ministro, só vi excitações circunstanciais e pouca indignação profunda.

Continuo a pensar que ele deveria ser condenado pelas suas políticas e não por questões de polícia. Mas se estas se confirmam, o homem é pior do que eu pensava
(haverá ainda um cantinho para ainda ser pior?).
escrito por Carlos M. E. Lopes

1 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

Muito bem dito.
Assim é que se fala!

Façamos de conta que o sobrinho do senhor Monteiro nunca recebeu um telefonema do tio;
Façamos de conta que o primo nunca propõs negócios em nome do primo;
Façamos de conta que a reforma atribuída à mãe está mais que justificada;
Façamos de conta que as casas da Guarda são verdadeiros monumentos municipais;
Façamos de conta que o diploma é inteiramente legal passado por uma universidade cheia de irregularidades e ilegalidades;
Façamos de conta que eu nunca escrevi isto

Façamos de conta que a senhora dona Maria Barroso nunca disse o que disse

Façamos de conta que isto nunca se passou neste portugal dos pequeninos

E vamos todos dormir descansados