Para não esquecer...

NAS BENTAS DO BENTO

A caminho de África, ainda no avião, o pastor alemão

Perante declaração tão bombasticamente monstruosa, fiquei sem palavras para além destas:

quem te, a ti Bento, desse nas bentas com um gato morto até ele miar!...
[Antecipo-me a eventual e previsível comentário a requerer-me respeito perante SS -- quero dizer, Sua Santidade. Gajos como este não merecem qualquer respeito. Dizer isto a caminho de um continente com 20 milhões de infectados pela sida é uma filhadaputice de todo o tamanho!...]

escrito por ai.valhamedeus

8 comentário(s). Ler/reagir:

Anónimo disse...

É que provavelmente o caminho indicado por SS é mais eficaz que o uso do preservativo.

E já agora não resisto a contar um episódio relacionado com o tema.

Estava eu na farmácio quando um rapazola, tipo galifão, pede:
-Um preservativo, por favor que hoje vou ter com a minha namorada e nunca se sabe...
Nisto bate com a mão na testa (alguns mais mal educados diriam, nos cornos) e diz em voz ainda mais alta:
- Ou melhor 2, dois preservativos que nunca se sabe se também não comerei a mãe da moça....
O farmacêutico incomodado com a insolência, a meia voz diz-lhe:
- Meu caro jovem tenha cuidado com a língua...
Responde o rapazola:
-Tem razão, avie-me 3 preservativos

o tal anónimo

Anónimo disse...

eh que nois os negrus reutilizamos as ditas camisas virandous aous contrárius. Espertos num?

Anónimo disse...

Valha-me Deus! Será que o pastor alemão não tem direito a emitir sound bites?

Anónimo disse...

Claro que tem direito. E nós não teremos direito a seguir a sugestão do Ai meu Deus e dar-lhe com o tal gato nas bentas?

Tem ainda outra coisa. Nós condenamos os responsáveis que em sites incentivam suicídios colectivos; os governos decidem impedir suicídios colectivos. E estes senhores, só porque vestem trajes papais, podem emitir sound bites impunemente? O castigo de Deus poderá vir depois; o humano terá que vir antes...

Anónimo disse...

Esta é há muito tempo uma característica da Igreja Católica Apostólica Romana. Não é preciso recuar até aos tempos da condenação de Galileu ou das fogueiras. Em inícios do século XIX, o Papa Leão XII condenava a vacina contra a varíola nestes termos: «Todo aquele que se faz vacinar deixa de ser filho de Deus. A varíola é um julgamento de Deus, a vacina é um desafio para com o céu".

Podia ainda ser o exemplo da proibição do uso da pílula, mas no caso do preservativo a situação é mais grave: desincentivar o seu uso é ser moralmente culpado pelo sofrimento e pela morte de milhares de pessoas. É altura de pensar seriamente na hipótese de julgar esta gente...

Fátima Rodrigues disse...

A Igreja é hoje sinal de Deus entre os homens. E por isso, não podemos meter tudo no mesmo saco... o bispo de Viseu consegue expressar muito bem a ternura de Deus pelo homem concreto deste séc. XXI. No fundo, as "fricções" que existem no seio da Igreja (mesmo ao nível da conferência episcopal portuguesa) sobre esta matéria, mais não são que um excesso de zêlo no âmbito da teologia sistemática em detrimento da vertente pastoral e espiritual onde a teologia da sexualidade se insere.
Obrigada, D. Ilídio pela sua clareza de linguagem!

Ai meu Deus disse...

Ó Fátima,

pondo de lado essa de a Igreja ser "sinal de Deus entre os homens" (onde está a procuração?), duas notas:

1. Qual é a Igreja que é sinal de Deus? A de D. Helder Câmara ou a do pastor que ocupa a cátedra que em tempos ocupou D. Helder? É que, se são as duas, Deus é um ser multi-facetado e até contraditório. É a Igreja do Cardeal Cerejeira ou do ex-bispo do Porto A. Ferreira Gomes? Do ex-bispo de Setúbal ou do ex-(defunto)bispo de Viseu?

2. A ternura do bispo de Viseu (sendo louvável. Isso está fora de questão) sofre do mesmo mal da frieza do Vaticano. A sexualidade, quando expressa em actos livres de pessoas livres, é um assunto pessoal. Percebo que a Igreja se imiscua em problemas do género da violência sexual, do estupro, da violação,... mas aí não é a sexualidade que está em questão, mas a violência contra pessoas -- e isso é que é "pecado". Que eu queira ter relações sexuais com alguém (que as queira ter comigo) com preservativo ou sem preservativo, de pé ou sentados, na cama ou no chão, com penetração vaginal ou anal,... isso é assunto meu e da outra pessoa. É coisa dos implicados. A Igreja não tem o direito de meter o nariz nesses assuntos -- como o Estado não tem o direito de legislar, como eu não tenho o direito de ordenar ao Papa qual a cor das cuecas que pode usar ou se pode dormir de pijama ou nu. Ou se...

A distinção entre o social e o pessoal é fundamental. Esta mania socretina de legislar sobre tudo, o governo deve-a ter aprendido do Vaticano. Preocupem-se com outros problemas sérios: defendam os mais fracos, os pobres, os humilhados e ofendidos; deixem em paz o domínio da decisão pessoal.

Fátima Rodrigues disse...

Caro Ai meu Deus!
Refiro-me à Igreja de todos esses e de muitos outros... Cabem nela todos: santos e pecadores. É por isso que tendo fundamento divino ela é (ou deve ser...) tão humana!
A Igreja deixa aos seus crentes a possibilidade de fazer escolhas. Como em qquer humana circunstância, pautando a existência por critérios axiológicos que, para os cristãos estão na Palavra de Deus transmitida ao longo de séculos e "actualizada"(de forma genérica...capaz de ser acessível a europeus, asiáticos...) pela voz do magistério eclesial...
Pela parte que me toca, nunca me senti a minha liberdade pessoal "limitada"! Se isso acontecesse, há muito não seria cristã! Talvez porque procuro viver a minha fé no contexto da sociedade pós-moderna e não no mundo das cavernas!