No Público de hoje, uma carta do leitor José Batista da Ascenção, de Braga, traça o resumo-memória da política educativa desta legislatura:
A legislatura aproxima-se do termo. É digno de nota que a titular do Ministério da Educação (ME) a tenha cumprido do princípio ao fim. É tempo de balanço, que devia ser positivo. A escola está melhor? É um espaço de trabalho, respeito e disciplina? Os alunos aprendem mais? A sociedade revê-se na escola? Os pais sentem-se representados nela? E podem escolher a escola para os seus filhos? Os alunos mais pobres têm as mesmas oportunidades dos alunos mais favorecidos? A escola é um local seguro? Já nem se pergunta se os professores se sentem motivados e compensados, anímica e profissionalmente...
Os arautos da política ministerial argumentam com a extensão do ensino do Inglês ao primário, a expansão do ensino dito profissional, os cursos de educação e formação de adultos, a massificação do uso das tecnologias de informação por alunos e professores, as obras de beneficiação do parque escolar e o alargamento da escolaridade obrigatória até ao décimo segundo ano. Todos devíamos estar satisfeitos. E confiantes de que tais melhorias hão-de resultar num futuro próximo. Será assim? Basta visitar as escolas, indagar junto dos alunos ou sondar o cidadão comum para perceber que "as coisas não batem certo".
Bastos e infalíveis opinion makers apoiaram as investidas contra os professores, responsabilizando-os pelo desastre que tem sido o ensino nas últimas três décadas. Acusados de incompetentes, relapsos e faltosos, os docentes sofreram, às mãos da hierarquia e pela fúria social, a humilhação da culpa explícita, expressa não raro em agressões físicas protagonizadas por alunos e pais com escandalosa indiferença dos poderes, à excepção do senhor procurador-geral da República. Feridos e desamparados, restou a muitos e bons professores a fuga antecipada para a reforma, ficando a escola mais desguarnecida em qualidade e exemplo... Quanto tempo durarão as mazelas é difícil saber...
E algumas alterações introduzidas pelo ME causam espanto pelo atabalhoamento e pela inconsciência das consequências inevitáveis. Um exemplo: o sistema de avaliação de professores não só era inexequível,como era e é cruamente artificial e arbitrário. Outro exemplo: o estatuto do aluno estava tão mal redigido, e com normas tão absurdas, que foi penoso ver o ME empurrar para os professores a culpa da sua má aplicação! Outro exemplo: a divisão da carreira em professores e professores titulares, impedindo aqueles de desempenhar cargos de direcção, é tão extraordinária que, a ser taxativamente aplicada, deixaria algumas escolas sem conselhos executivos, pois alguns havia que não contavam com nenhum professor titular. De resto, entre os directores entretanto eleitos figuram os mesmos professores não-titulares, pois eram os que detinham a experiência requerida para se candidatar ao cargo. De que valeu então aquela divisão entre os professores?
Por que será que ninguém quer ver que a estrutura e as hierarquias intermédias do ME são dispensáveis e que a direcção das escolas deve responder segundo a lei, perante as inspecções e a comunidade que serve? Para quê grandes cadeias hierárquicas, com adjacências que ampliam o número de lugares que desviam do trabalho com alunos? E onde a responsabilização individual é uma miragem...
Mas o que dói é chegarem alunos ao ensino secundário incapazes de fazer operações numéricas básicas, de ler e escrever escorreitamente e de entender os professores, oralmente ou por escrito. Planos, estratégias, tecnologias, estímulos e apoios servem para quê? Quem são os responsáveis?
A legislatura aproxima-se do termo. É digno de nota que a titular do Ministério da Educação (ME) a tenha cumprido do princípio ao fim. É tempo de balanço, que devia ser positivo. A escola está melhor? É um espaço de trabalho, respeito e disciplina? Os alunos aprendem mais? A sociedade revê-se na escola? Os pais sentem-se representados nela? E podem escolher a escola para os seus filhos? Os alunos mais pobres têm as mesmas oportunidades dos alunos mais favorecidos? A escola é um local seguro? Já nem se pergunta se os professores se sentem motivados e compensados, anímica e profissionalmente...
Os arautos da política ministerial argumentam com a extensão do ensino do Inglês ao primário, a expansão do ensino dito profissional, os cursos de educação e formação de adultos, a massificação do uso das tecnologias de informação por alunos e professores, as obras de beneficiação do parque escolar e o alargamento da escolaridade obrigatória até ao décimo segundo ano. Todos devíamos estar satisfeitos. E confiantes de que tais melhorias hão-de resultar num futuro próximo. Será assim? Basta visitar as escolas, indagar junto dos alunos ou sondar o cidadão comum para perceber que "as coisas não batem certo".
Bastos e infalíveis opinion makers apoiaram as investidas contra os professores, responsabilizando-os pelo desastre que tem sido o ensino nas últimas três décadas. Acusados de incompetentes, relapsos e faltosos, os docentes sofreram, às mãos da hierarquia e pela fúria social, a humilhação da culpa explícita, expressa não raro em agressões físicas protagonizadas por alunos e pais com escandalosa indiferença dos poderes, à excepção do senhor procurador-geral da República. Feridos e desamparados, restou a muitos e bons professores a fuga antecipada para a reforma, ficando a escola mais desguarnecida em qualidade e exemplo... Quanto tempo durarão as mazelas é difícil saber...
E algumas alterações introduzidas pelo ME causam espanto pelo atabalhoamento e pela inconsciência das consequências inevitáveis. Um exemplo: o sistema de avaliação de professores não só era inexequível,como era e é cruamente artificial e arbitrário. Outro exemplo: o estatuto do aluno estava tão mal redigido, e com normas tão absurdas, que foi penoso ver o ME empurrar para os professores a culpa da sua má aplicação! Outro exemplo: a divisão da carreira em professores e professores titulares, impedindo aqueles de desempenhar cargos de direcção, é tão extraordinária que, a ser taxativamente aplicada, deixaria algumas escolas sem conselhos executivos, pois alguns havia que não contavam com nenhum professor titular. De resto, entre os directores entretanto eleitos figuram os mesmos professores não-titulares, pois eram os que detinham a experiência requerida para se candidatar ao cargo. De que valeu então aquela divisão entre os professores?
Por que será que ninguém quer ver que a estrutura e as hierarquias intermédias do ME são dispensáveis e que a direcção das escolas deve responder segundo a lei, perante as inspecções e a comunidade que serve? Para quê grandes cadeias hierárquicas, com adjacências que ampliam o número de lugares que desviam do trabalho com alunos? E onde a responsabilização individual é uma miragem...
Mas o que dói é chegarem alunos ao ensino secundário incapazes de fazer operações numéricas básicas, de ler e escrever escorreitamente e de entender os professores, oralmente ou por escrito. Planos, estratégias, tecnologias, estímulos e apoios servem para quê? Quem são os responsáveis?
escrito por ai.valhamedeus [com um abraço para o CRM]
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